O Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR) denuncia que profissionais da imprensa no estado estão sendo pressionados pelas polícias Civil e Militar a revelarem as fontes de uma séria de reportagens que mostrou irrregularidades em ambas as corporações. A produção, publicada pelo jornal Gazeta do Povo, em 2012, mostrou que policiais usavam carros da polícia para fins particulares.
As matérias foram produzidas por uma equipe de cinco profissionais. Em uma das reportagens, policiais foram flagrados indo a bordéis com os carros oficiais. Também houve casos de policiais indo ao supermercado e buscando os filhos na escola com as viaturas. Desde então, as polícias iniciaram inquéritos para apurar o caso. Contudo, os jornalistas são frequentemente chamados para depor e se confrontar com os acusados. Para o Sindijor-PR, a insistência tem como objetivo não punir os policiais que cometeram excessos, mas descobrir as fontes dos repórteres.
"Fica muito claro que a intenção deles é essa, é de forçar de uma forma até intimidadora que todos nós aqui revelemos as nossas fontes de informação que, na verdade, nem são informações privilegiadas, são informações de interesse público", afirma o jornalista Mauri König, um dos autores da série de reportagens.
Na última semana, o repórter Felipe Aníbal foi chamado a depor novamente. Na ocasião, ficou frente a frente com um homem que, segundo a polícia, foi uma das fontes que contou sobre abusos na Escola de Formação da Polícia Militar. "Para a gente é um constrangimento, um constrangimento muito grande e a gente entende como uma afronta a democracia", diz. Direito constitucionalO direito ao sigilo da fonte é uma garantia constitucional, mesmo quando há algum processo judicial.
O Sindijor-PR pretende acionar o Ministério Público para pedir uma investigação sobre o caso. "Há o constrangimento sobre o sigilo da fonte. o jornalista pode ser convocado pra prestar esclarecimento da reportagem feita. Ele não pode ser pressionado a revelar quem foi que denunciou, de onde partiu essa denúncia", lembra o diretor do Sindijor-PR, Gustavo Henrique Vidal. Outro ladoEm nota, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que repudia qualquer tentativa de intimidação e constrangimento de jornalistas e cidadãos que denunciem atos ilícitos. A Sesp também afirmou que vai orientar as polícias a restringir as investigações aos fatos irregulares e não a quem fez as denúncias, sem a necessidade de novos questionamentos ou a revelação das fontes dos profissionais de imprensa.
O Jornal Gazeta do Povo defendeu a liberdade de imprensa e o direito constitucional dos jornalistas de manter o sigilo da fonte. A publicação também lembrou que qualquer tentativa de barrar o livre acesso à informação fere a liberdade de imprensa. Entidades repudiam atitudeA Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), disse que o sigilo da fonte é um dos pilares da liberdade de imprensa e da própria democracia. A instituição afirmou ainda que as polícias devem dedicar o próprio tempo a identificar e punir os agentes alvos de reportagens.Para a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o caso atenta contra o direito constitucional de sigiloda fonte e contra a liberdade de imprensa. A Abert pediu a responsabilização dos responsáveis. Da mesma forma, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) considerou inaceitável que a polícia paranaense utilize a intimidação como forma de silenciar os jornalistas ou obrigá-los a revelar as fontes.
Fonte/autoria: Do G1 PR, com informações da RPC
Produção, publicada pelo jornal Gazeta do Povo, em 2012, mostrou que policiais usavam carros da polícia para fins particulares - Foto: www.fotolog.com
Escrito por Da Redação
Publicado em 10.04.2015, 09:24:00 Editado em 27.04.2020, 20:01:04
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