A repressão sexual não é exclusividade da cultura cristã. Constata isso quem visita o museu Rafael Larco Herrera (museolar.co.org), em Lima, que tem uma das maiores e mais ricas coleções de objetos cerâmicos e de ouro que remontam a mais de 3.000 anos de história pré-colombiana.
Dentre as mais de 44 mil peças, destaca-se uma sala específica, que guarda a coleção erótica da cultura Mochica. São vasos e estátuas com representações de práticas e órgãos sexuais.
Chega-se a ter a sensação de estar dentro de um "sex shop" pré-incaico, com jarras cerâmicas no formato de pênis e, se não fosse absurdo o adjetivo, bonecas "infláveis" em barro.
Algumas das peças, segundo os guias, eram utilizadas para representar os períodos de colheita e, portanto, de fertilidade.
Outras, remetiam à morte, como uma estátua com um pênis gigante e uma cabeça de caveira, demonstrando a preocupação dessas civilizações com o apego excessivo aos prazeres da carne.
SALA ERÓTICA?
Um dos inúmeros taxistas da capital peruana, mas dono de um raro conhecimento sobre museus limenhos, conduz a reportagem ao Larco Herrera, que classifica como "um dos melhores de Lima".
O motorista explica que o acervo daquele museu está situado dentro de uma mansão colonial do século 18, que, por sua vez, foi construída sobre uma pirâmide pré-colombiana do século 7.
"Lá, tem uma sala erótica. É um lugar de onde as pessoas costumam sair mudas. Aí você pergunta: 'O que achou da sala erótica?' E te respondem: 'Havia uma? Não me avisaram'."
EXPOSIÇÃO PERMANENTE
Nas salas de exposição permanente também há objetos menos "constrangedores", como tecidos que demonstram o desenvolvimento da técnica de confecção em teares e coloração de fibras que datam de 1.000 a.C.
Pouco depois de detalhar o apurado método têxtil, o guia se atém a explicar detalhes de uma pintura que demonstra a forma simbólica de colonização espanhola.
O quadro mostra toda a dinastia inca que, em determinado momento, é sucedida pelo rei espanhol Carlos 1º, apresentado como "legítimo herdeiro dos reis incas".
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