SÃO PAULO, SP - Imagens do momento em que o PM Henrique Dias Bueno de Araújo acerta um tiro que matou um camelô na Lapa (zona oeste) gravadas por celular, fizeram com que a mesma juíza que determinou a prisão preventiva do policial na tarde de sexta-feira (19) mudasse de ideia e mandasse soltá-lo no mesmo dia.
As filmagens feitas por testemunhas mostram quando o soldado Araújo dispara sua pistola .40 com a mão direita, depois que o ambulante Carlos Augusto Muniz Braga tenta arrancar um spray de pimenta que estava na mão esquerda do PM, na tarde de quinta (18).
A confusão aconteceu no momento em que o policial dava apoio a dois outros policiais, que tentavam conter um outro ambulante, detido por suspeita de venda de produtos piratas.
Os PMs foram cercados por colegas do camelô, entre eles a vítima, que exigiam que o jovem fosse liberado.
O disparo atingiu a cabeça de Braga, que conseguiu correr alguns metros antes de cair. Socorrido, chegou sem vida ao hospital.
O PM foi levado à delegacia pelos próprios colegas, onde disse que o disparo foi acidental. Após o registro da prisão em flagrante, foi levado ao presídio militar Romão Gomes.
MUDANÇA
Na tarde do dia seguinte ao crime, a juíza Eliana Casales Tosi de Melo determinou a prisão preventiva (por tempo indeterminado) de Araújo.
O argumento da juíza era que havia indícios de autoria e que o crime "intranquiliza e causa acentuado impacto na população".
A magistrada tomou a decisão após ter acesso a relato de outro PM que testemunhou o crime. Ele disse que o colega tentou se defender da investida e, "em ato reflexo, virou-se e efetuou o disparo".
Porém, horas depois, a mesma juíza aceitou um pedido de revogação da prisão feito por advogados do PM. Mesmo diante do parecer contrário do Ministério Público, ao ver as imagens e ouvir os argumentos da defesa, decidiu soltá-lo.
"(...) fatos novos foram trazidos à cognição deste juízo, indicativos de ação policial do indiciado, já então empunhando arma de fogo na mão direita, imediatamente voltando-se à vítima após ter tido aparentemente seu braço esquerdo bruscamente puxado por ela", diz a decisão.
A juíza afirma ainda ter concluído que havia necessidade de o PM estar armado, já que estava junto com outros PMs que tentavam conter o camelô "em meio a populares aparentemente insatisfeitos com a presença da polícia no local".
Ainda de acordo com a magistrada, o réu tem residência fixa, emprego lícito e não registra maus antecedentes.
O PM não poderá sair da cidade e poderá ser preso novamente caso faça algo que comprometa o processo, segundo a decisão.
A reportagem não localizou advogados de Araújo. Ele, que deixou o presídio nesta segunda-feira (22), ficará temporariamente afastado do serviço de rua, como prevê a Polícia Militar em ocorrências com morte.
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