CAMPINAS, SP - A forte epidemia de dengue em Jaú, que já deixou sete mortos na cidade de 140 mil habitantes no interior paulista, atingiu o principal hospital da cidade.
Referência na região e responsável pelo atendimento de pacientes de 12 municípios, a Santa Casa de Jaú viu cerca de 10% de seus funcionários contraírem a doença.
Ao menos 25 médicos e outros 85 funcionários foram contaminados, segundo o hospital, e precisaram ser afastados do trabalho.
A informação foi antecipada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
A contaminação ocorre no momento em que cresce a procura pela Santa Casa, que tem cerca de mil funcionários e está atendendo cerca de 500 pessoas por dia --a média é de 350.
Os funcionários que não ficaram doentes estão fazendo hora extra para atender a demanda, o que resultou em R$ 65 mil a mais na folha de pagamento, segundo o hospital.
Até ontem havia 3.264 casos confirmados de dengue, segundo a Secretaria de Saúde do município, e um óbito em análise. Outros 1.943 casos suspeitos foram descartados após exames.
Isso representa 2.330 doentes por cem mil habitantes, número superior aos 1.965 doentes por cem mil habitantes de Campinas, terceira maior cidade do Estado e que vive a maior epidemia de dengue da sua história.
CAMPINAS
Após enfrentar uma paralisação dos agentes estaduais de combate à dengue ontem, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), anunciará hoje novas medidas de combate ao mosquito transmissor da doença.
Já são 21.967 casos confirmados na cidade entre janeiro e abril. O número é 215% maior que o registrado em todo o ano passado e 92% maior que em todo o ano de 2007 --até então as duas maiores epidemias da história.
Donizette pretende ampliar a fiscalização em imóveis fechados ou abandonados --a prefeitura tem uma medida judicial que permite o arrombamento-- e a extensão da multa, aplicada quando há criadouros do mosquito no local, também para imobiliárias que administrem o imóvel.
Segundo a prefeitura, 80% dos criadouros do mosquito na cidade estão em residências e 20%, em locais públicos.
Ontem, ele já enviou à Câmara Municipal um projeto de lei complementar que aumenta de 108 para 200 o número de autoridades sanitárias em Campinas. A medida visa conceder a profissionais da Vigilância Sanitária o poder de executar atos administrativos em nome do Estado, como emissão de multa e interdição de um estabelecimento comercial.
DESPREPARO
Apesar das medidas anunciadas, a prefeitura trabalha há pelo menos um ano sem nenhum equipamento de proteção individual e menos agentes de controle ambiental que o necessário.
São apenas 130 agentes municipais trabalhando no combate ao mosquito transmissor da doença, metade do recomendado pelo Ministério da Saúde.
O plano de combate à dengue da prefeitura, apresentado ao Conselho Municipal de Saúde em setembro do ano passado, mostra que apenas 32% dos agentes necessários estavam de fato trabalhando e faltavam equipamentos básicos, como máscaras faciais, filtros e botas de PVC.
Apesar de a prefeitura dizer na época que a compra dos equipamentos havia sido encaminhada, até hoje eles não chegaram, e a nebulização precisa ser feita pelos agentes estaduais.
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