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Índia condena oito por vazamento de gás

A Justiça indiana condenou a dois anos de prisão oito pessoas por um vazamento de gás tóxico que matou milhares de pessoas na cidade de Bhopal, há mais de 25 anos. O desastre, que, segundo a Justiça, teria sido causado por negligência, é considerado

Da Redação

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 Vazamento começou nas primeiras horas de 3 de dezembro de 1984
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Vazamento começou nas primeiras horas de 3 de dezembro de 1984
Escrito por Da Redação
Publicado em 07.06.2010, 11:37:00 Editado em 27.04.2020, 21:01:11
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A Justiça indiana condenou a dois anos de prisão oito pessoas por um vazamento de gás tóxico que matou milhares de pessoas na cidade de Bhopal, há mais de 25 anos.

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O desastre, que, segundo a Justiça, teria sido causado por negligência, é considerado o acidente industrial mais grave da história. Exatamente por isso, grupos de direitos humanos consideraram a sentença como branda.

A tragédia teve início nas primeiras horas do dia 3 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas do veneno isocianato de metila em estado gasoso começaram a vazar da fábrica de pesticidas da americana Union Carbide, localizada a menos de 5 quilômetros de Bhopal.

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A substância, altamente tóxica, causa cegueira e leva ao bloqueio dos alvéolos pulmonares. Em pouco tempo, uma nuvem de gás letal atingiu Bhopal, onde viviam mais de 900 mil pessoas, a maioria em favelas.

Em apenas três dias, 3,5 mil pessoas morreram, segundo as estimativas oficiais, embora os números não oficiais se aproximem de 8 mil. Testemunhas da época contaram que a direção do vento é que definia, aleatoriamente, quem morria ao entrar em contato com a nuvem letal.


Vítimas se acumulavam nas ruas e nos necrotérios (imagem de arquivo)
Caos e pânico tomaram a cidade à medida que dezenas de milhares de pessoas tentavam escapar do gás. Corpos de cães, gatos e pássaros se acumulavam nas ruas na mesma proporção em que as vítimas humanas enchiam os necrotérios.

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Logo de início, mais de 20 mil pessoas requereram tratamento hospitalar por sintomas que incluíam inflamações nos olhos e dificuldades de respirar. Até hoje, Bhopal tem uma taxa atípica de enfermidades e de crianças portadoras de deformidades de nascença e deficiências de crescimento.

Segundo organizações de direitos humanos, o vazamento foi responsável por 20 mil mortes até hoje, afetando outras 600 mil.

Processo

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Desde 1987, o processo criminal passou por uma dezena de juízes na Índia. Inicialmente, 12 pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, com possibilidade de serem sentenciadas a até dez anos de prisão.

Entretanto, em 1996, a Suprema Corte indiana abrandou as acusações, passando a tratar o caso como morte por negligência, com a possibilidade de até dois anos de prisão.

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Entre os condenados nesta segunda-feira, que devem apelar da decisão, estão executivos da Union Carbide, incluindo o presidente do braço indiano da companhia à época, Keshub Mahindra.

Entretanto, o então presidente da multinacional Union Carbide, Warren Anderson – uma espécie de inimigo número um das organizações de vítimas e que chegou a ser considerado um fugitivo da Justiça indiana –, não foi mencionado no veredicto.

Para o ativista Satinath Sarangi, que trabalha com vítimas afetadas pelo gás letal, a decisão da Justiça indiana veio "tarde demais".


"É um precedente sério", disse o ativista. "Esse desastre tem sido tratado como um acidente de trânsito. É um desastre judicial e uma traição do povo indiano pelo governo."

A presidente de um grupo de trabalhadoras afetadas pelo vazamento, Rashida Bee, disse à agência de notícias AFP que "a Justiça só será feita em Bhopal quando indivíduos e corporações responsáveis forem punidas de maneira exemplar".

Em 1989 a Union Carbide pagou ao Estado indiano uma compensação de US$ 470 milhões, um acerto que a hoje controladora da empresa, Dow Chemicals, diz englobar todas as demandas existentes e futuras contra a companhia.

O complexo industrial foi apropriado pelo Estado de Madhya Pradesh em 1998, mas ambientalistas dizem que ainda há veneno nas instalações.

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