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Mulher com anorexia nervosa chega a pesar 24 kg

A ex-gerente de restaurante Aline Alves da Silveira Costa, de 34 anos, diagnosticada com anorexia nervosa, luta pela segunda vez para vencer a doença e se afastar do iminente perigo da morte. O transtorno alimentar leva ao medo exagerado de engordar e à c

Da Redação

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Aline é alimentada pela mãe, Terezinha Alves da Silveira Costa, na Santa Casa de Piratininga, no interior de São Paulo. Segundo sua médica, ela não foi aceita em nenhum hospital de Bauru, cidade onde reside Wagner Carvalho
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Aline é alimentada pela mãe, Terezinha Alves da Silveira Costa, na Santa Casa de Piratininga, no interior de São Paulo. Segundo sua médica, ela não foi aceita em nenhum hospital de Bauru, cidade onde reside Wagner Carvalho
Escrito por Da Redação
Publicado em 15.10.2013, 16:11:00 Editado em 27.04.2020, 20:23:26
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A ex-gerente de restaurante Aline Alves da Silveira Costa, de 34 anos, diagnosticada com anorexia nervosa, luta pela segunda vez para vencer a doença e se afastar do iminente perigo da morte. O transtorno alimentar leva ao medo exagerado de engordar e à consequente perda excessiva de peso. Com apenas 24 kg, ela tem menos da metade do peso ideal para uma mulher com sua idade e altura - 1,56 m.

Aline está internada na Santa Casa de Piratininga, município vizinho a Bauru, no interior de São Paulo, onde ela mora com a filha. Ela e a família esperam ajuda para pagar uma clínica, onde ela possa se recuperar após a fase mais crítica do tratamento, e os remédios, que não são baratos.

Aline descobriu o transtorno aos 13 anos de idade, quando enfrentou a primeira crise. Acima do peso, ela sofria bulling por parte dos colegas de escola que a consideravam gorda para idade. Então na adolescência, ela deixou de comer e começou a perder peso de forma rápida. Sua mãe, Terezinha Alves da Silveira Costa, conta que na época o transtorno ainda era pouco conhecido, o tratamento foi bastante longo e a recuperação, complicada. "Foram quatro anos de sofrimento com a Aline naquele estado", conta.

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A recaída da filha, anos mais tarde, a mãe credita à perda do emprego. "Dos 17 até os 31 anos, ela viveu bem, casou, teve uma filha, mas foi em 2010, quando o restaurante em que ela trabalhava fechou e ela foi dispensada, que os sintomas voltaram", explica. Aline deixou de se alimentar e começou a perder peso. No último ano, passou a se alimentar apenas com água e isotônicos, o que agravou a situação.

A filha de Aline, que tem apenas 12 anos, foi quem passou a cuidar da mãe. "Diversas vezes desmaiei, tive crises e minha filha que, graças a Deus, tem uma cabeça muito boa, foi quem me salvou", conta.

Se alimentando por sonda e ainda em pequenas porções, várias vezes ao dia, a recuperação de Aline é lenta, como conta sua médica, a psiquiatra Vanessa Romera Gimenes. Mas ela já começou a ganhar peso - no momento, está com 27 quilos.

A psiquiatra conta que tomou conhecimento do caso de Aline por meio de uma paciente, que é prima da jovem. "Ela me mostrou uma foto e naquele momento eu tive a certeza que o tratamento deveria ser imediato, já que ela corria risco de morte", afirma.

CONHEÇA OS SINAIS DA ANOREXIA

Para ser diagnosticada com anorexia, uma pessoa deve:

- Ter medo enorme de ganhar peso ou ficar gorda, mesmo quando estiver abaixo do peso normal

- Recusar-se a manter o peso no que é considerado normal ou aceitável para sua idade e altura (15% ou mais abaixo do peso normal)
- Ter uma imagem corporal muito distorcida, ser muito focada no peso ou na forma corporal e se recusar a admitir a gravidade da perda de peso
- Não ter menstruado por três ou mais ciclos (em mulheres)

A médica conseguiu um leito para Aline em Piratininga depois de a família ter tido vários pedidos de tratamento e internação negados em Bauru. Ao entrar no hospital, o IMC (Índice de Massa Corporal) de Aline era de apenas 11, bem abaixo do mínimo recomendado, que é de 18,5.

Apesar de estar bastante debilitada, Aline garante que quer vencer novamente o transtorno e espera que o tratamento seja o início uma vida nova. Sua mãe, que veio do interior do Rio de Janeiro para cuidar dela, acredita que foi o apoio da neta que fez com que ela resistisse até o momento. "Vou ser um exemplo de superação para a minha filha, para todos os outros que me julgavam como incapaz e para as pessoas sofrem do mesmo transtorno. Eu sei que se cheguei até aqui é porque vou conseguir", desabafa.

Tratamento multidisciplinar

A psiquiatra explica que os primeiros exames de Aline mostram que o organismo dela está no limite. "Ao mesmo tempo em que decidi ajudá-la, busquei o apoio de outros profissionais que sei que serão necessários para a recuperação total da paciente", conta. Ela conseguiu o apoio da nutricionista Marcela Gomes, especializada nesse tipo de atendimento, e da psicóloga Cristiane Lambertine, e ambas se prontificaram a cuidar da paciente sem cobrar nada pelo tratamento.

"Estamos numa fase complicada do transtorno, na qual os sintomas são agudos e precisam ser contornados, mas a Aline vai precisar ser perseverante no tratamento se quiser se recuperar de uma vez por todas", avisa a nutricionista. Ela conta que tem outros pacientes em tratamento, alguns há seis ou sete anos, e que eles se mantêm vigilantes quanto ao retorno dos sintomas. "Eles comemoram quando conseguem ir a uma pizzaria ou a uma churrascaria, voltar pra casa e não buscar uma compensação como forçar o vômito do alimento consumido", explica a nutricionista.

Aline diz que quando se recuperar vai voltar a estudar e se formar em nutrição. "Sei que vou ficar boa; meu medo era morrer e deixar minha filha. Eu estava no fundo do poço, mas se cheguei até aqui sei que tenho uma vida inteira pela frente e vou aproveitar", afirma.

Nos últimos dias, Aline conta que chegou a ser confundida com uma pessoa com HIV, por estar muito magra, por isso andava sempre com agasalho para esconder o corpo mesmo sob o forte calor dos últimos meses registrados em Bauru.

Transtorno mortal

A anorexia nervosa é o transtorno psiquiátrico mais mortal de que se tem registro: 20% das pacientes não sobrevivem. Mas os números não assustam mais Aline, que quer se tornar um exemplo. Terezinha sabe que a filha não poderá ficar por muito tempo na Santa Casa já que o atendimento é pelo SUS. "Queria a internação dela numa clínica onde as médicas que se ofereceram para cuidar da minha filha pudessem assisti-la, e onde ela pudesse ter a filha por perto", pede.

Para a psiquiatra, o principal obstáculo para a recuperação de Aline não será um leito de hospital - já que após o contorno da fase aguda do transtorno ela poderá ser assistida em casa - mas o custo dos remédios. "Infelizmente os medicamentos de uso psiquiátrico no Brasil ainda possuem um alto custo, e as vitaminas e os alimentos que ela vai precisar consumir também", afirma.

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