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Graciliano é uma necessidade, diz professor na Flip

Por Marco Aurélio Canônico, Enviado especial PARATY, RJ, 7 de julho (Folhapress) - A última homenagem a Graciliano Ramos na Flip ocorreu na manhã de hoje, em Paraty (RJ). Com o título "Políticas da Escrita", reuniu os professores Wander Melo Miranda, L

Da Redação

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Publicado em 07.07.2013, 17:26:00 Editado em 27.04.2020, 20:27:44
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Por Marco Aurélio Canônico, Enviado especial

PARATY, RJ, 7 de julho (Folhapress) - A última homenagem a Graciliano Ramos na Flip ocorreu na manhã de hoje, em Paraty (RJ).

Com o título "Políticas da Escrita", reuniu os professores Wander Melo Miranda, Lourival Holanda e Erwin Torralbo, todos especialistas na obra de Graciliano. A mediação foi feita pelo escritor José Luiz Passos, que esbanjou bom humor durante toda a apresentação.

Logo no começo, recomendou que o contato físico entre os palestrantes se limitasse a "beijo na boca, com a luz apagada" e "beijo de língua, com luz a acesa".

Outro momento de muitas risadas foi quando confidenciou que, na noite anterior, Torralbo disparou a frase: "Feliciano não me representa".

Mais tarde, o professor corrigiu o mediador -na verdade, teria dito "Graciliano, sim, nos representa".

A mesa analisou a relação entre linguagem, escrita e crítica social no autor de "São Bernardo" e "Vidas Secas".

Um vídeo exibido antes do início do debate apresentou uma célebre passagem de Graciliano no livro "Memórias do Cárcere", que reflete bem o tema do encontro.

"Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer", escreveu.

Miranda comentou que Graciliano sabia ser político sem ser panfletário. "A tentativa de compreender o lugar do outro é a marca mais forte da política da obra de Graciliano".

"O compromisso primeiro do escritor é com a literatura. O escritor tem uma função ética -fazer com que esse objeto tão voltado para si mesmo represente nosso desejo", comentou.

Holanda disse que Graciliano "é uma necessidade, sobretudo para as novas gerações". A concisão do autor, afirmou, é um exemplo para quem escreve em blogs e Twitter.

"No momento dele a cultura era excessivamente palavrosa. Ele procura essa concisão como um silêncio que potencializa aquilo que vai dizer. O Twitter é uma volta, não é nenhuma inovação, é dizer o máximo com um mínimo. É a abreviação em homenagem à inteligência de com quem se fala".

"Graciliano reorganiza a linguagem com menos, faz uma espécie de lipoaspiração da linguagem", completou, sob muitos aplausos.

Torralbo, por sua vez, comentou que o estilo de Graciliano é, a um só tempo, clássico e moderno.

"Clássico, pelo rigor da linguagem. Moderno, porque o sentimento que palpita no texto não é de harmonia, mas de dissonância. Uma palpitação moderna ligada à angústia."

Miranda também afirmou que o autor de "São Bernardo" é um soco no estômago. "Você não pode lê-lo tranquilamente".

"A obra dele demanda o leitor. Se a obra dele continua, há 80 anos, demandando leitores é porque continua valendo", disse depois.

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