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Alunos da PUC reclamam de falta de segurança

SÃO PAULO, SP, 27 de maio (Folhapress) - Cezar, Renato, Carla, Adonilton, Felipe e Bruno são estudantes da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e têm em comum experiências de roubos e assaltos que sofreram bem próximo ao campus da univer

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 27.05.2013, 13:46:00 Editado em 27.04.2020, 20:29:40
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SÃO PAULO, SP, 27 de maio (Folhapress) - Cezar, Renato, Carla, Adonilton, Felipe e Bruno são estudantes da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e têm em comum experiências de roubos e assaltos que sofreram bem próximo ao campus da universidade, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).

No último dia 14, o estudante Bruno Pedroso Ribeiro, 23, foi baleado com um tiro no pescoço durante um assalto logo após sair da PUC. Segundo testemunhas, o universitário entregou o celular para o bandido e foi baleado mesmo sem reagir. O criminoso não foi preso. Ribeiro segue internado no Hospital das Clínicas e seu estado de saúde é estável. Ainda não há previsão de alta.

Assim como Ribeiro, estudantes do período noturno que vão para a faculdade de carro ou de ônibus são vítimas constantes de criminosos que atuam na região para roubar celulares, carteiras e mochilas dos universitários.

Segundo dados do Decap (Departamento de Polícia Jurídica da Capital), furtos nas ruas Monte Alegre, Bartira, João Ramalho e Ministro Godoy -que ficam no entorno da PUC- subiram de 46 para 53 no primeiro trimestre de 2013 em relação ao mesmo período de 2012.

O número de roubos diversos nas mesmas ruas subiu de cinco para nove na comparação do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período no ano passado.

Os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, divulgados na última sexta-feira, também mostram aumento nos casos de furtos de veículos e roubos.

Em março deste ano, Cezar Bruno, 23, estudante de economia, saía da universidade e descia a rua Ministro Godoy por volta das 23h quando um homem dentro de um carro parou para pedir informação. Segundo ele, assim que começou a explicar o caminho, dois homens armados saíram do veículo e pediram pra ele encostar no muro.

Depois de revistado, Cezar foi obrigado a entrar no carro, onde foi roubado e agredido por cerca de duas horas. Depois, o deixaram em uma estrada no Jaraguá (zona norte de SP). O estudante foi parar no hospital.

"Levaram minha carteira com R$ 300 e tudo o que tinha na minha mochila, acho que não tentaram fazer saques com meu cartão naquele horário porque os caixas já estavam fechados. Quando eu fui fazer o boletim de ocorrência, o delegado disse que estava tendo uma onda de sequestro-relâmpago em Perdizes. Depois ouvi vários relatos de outras pessoas que foram vítimas de outros tipos de violência", conta.

Felipe, 22, estudante de administração que prefere não ter seu sobrenome revelado, decidiu ir embora do Brasil após ter o carro furtado. Em junho, ele viaja para a Inglaterra, onde fica por seis meses, e depois, vai mudar-se para os Estados Unidos, onde pretende viver com os padrinhos.

No ano passado, ele foi à universidade com o carro da prima. Quando voltou ao local onde havia estacionado, não encontrou o veículo.

"Vou embora desse país porque não aguento mais a violência, a impunidade. Aqui, são cobrados tributos altíssimos que não são convertidos para a nossa própria segurança", diz.

Felipe e Douglas Benhur são amigos e sempre participam de passeatas que pedem paz e mais segurança. Eles estavam na manifestação na avenida Paulista organizada pelos alunos da Cásper Líbero, ocorrida em 11 de abril. Os alunos se mobilizaram em protesto contra o latrocínio (roubo seguido de morte) de Victor Hugo Deepman, morto após entregar seu celular a um ladrão no dia 9 de abril, no bairro do Belém, zona leste da capital.

Benhur conta que em um dia de prova estacionou o carro do irmão a quatro quadras da PUC sem se lembrar que o automóvel não tem alarme.

Ao retornar, percebeu que havia um homem agachado dentro do carro mexendo na fiação. "Perdi a sanidade e dei um soco nele por dentro do vidro, o bandido se assustou e saiu pra tentar revidar, foi quando dei mais um soco e ele caiu no chão. Pensei em aproveitar que ele estava caído para ligar o carro e fugir, foi aí que ele gritou que ia buscar uma arma, correu e entrou em outro carro pela porta do motorista. Ligou o carro e fugiu com um comparsa."

Benhur diz já ter sido assaltado outras vezes naquela região, mas nunca tinha reagido. A atitude, diz ele, foi provavelmente causada pelo acúmulo de estresse. "Se o bandido realmente estivesse armado, talvez o desfeche fosse outro e eu nem estivesse vivo." A recomendação da polícia é nunca reagir em caso de violência. O estudante não quis registrar boletim de ocorrência, pois nada foi roubado.

Adonilton de Almeida, 22, estudante de administração também sofreu violência no caminho para a universidade. No terminal Barra Funda (zona oeste de São Paulo), ele pegou um ônibus para a PUC. Já na rua Cardoso de Almeida, foi abordado por um homem que sentava ao seu lado e perguntou se ele era aluno da PUC.

Em seguida, o homem pediu a carteira e o celular de Almeida e mandou que o estudante descesse em outro ponto de ônibus, pois ele próprio é quem desceria no ponto próximo à rua João Ramalho, principal rota dos alunos que chegam de ônibus à universidade.

Com medo da violência e insegura ao frequentar a região onde estuda, Carolina Ribeiro, 23, estudante de administração, decidiu enviar à reitoria uma carta pedindo alguma posição da universidade.

"Essa semana eu deveria resolver uma série de documentações para me formar nesse semestre e não fui à PUC ainda e nem vou, pois estou com muito medo. Quatro conhecidos meus foram assaltados, sequestrados, tiveram seu carro roubado ou foram baleados. Moro a duas quadras apenas e tudo isso aconteceu exatamente no meu caminho para chegar à PUC", diz um trecho da carta.

Em outro trecho, a aluna pede que a universidade se responsabilize pela segurança do entorno. "É responsabilidade da faculdade oferecer segurança aos alunos dentro e ao redor da instituição. Acho justo que a PUC nos ajude a melhorar essa situação. Eu quero sugerir que coloquem uma base fixa da polícia na região e uma ou mais rondas."

Carolina acredita que grande parte da responsabilidade pela onda de violência na região é da universidade. "Se a PUC não estivesse em Perdizes, o bairro seria bem mais seguro", afirma.

Segurança

Marco Aurélio Flóride Batista, titular do 23º DP, onde são registradas as ocorrências de Perdizes nega que tenha havido aumento de crimes contra alunos da universidade.

O 23º DP registra ocorrências até as 20h. Após esse horário, a delegacia registra apenas ocorrências simples, como furtos. Roubos e sequestros ocorridos após as 20h são encaminhados para o 91º DP (Ceagesp).

Procurada, a PUC diz ser "solidária aos alunos quanto à necessidade de intensificar a segurança nos arredores da nossa instituição". A universidade afirma ter intensificado desde janeiro o relacionamento com os órgãos públicos responsáveis pela segurança dos cidadãos.

"O crime contra um de nossos estudantes, infelizmente, não é um caso isolado. Nos últimos anos, o entorno de diversas universidades da capital (e mesmo de outros Estados, como o Rio) tem sido alvo de ações violentas e criminosas. Por isso, a reitoria da PUC-SP buscará contatar outras instituições de ensino superior para que, unidos, possamos cobrar do poder público ações preventivas que permitam ampliar a segurança no entorno das universidades e faculdades. Exigir segurança numa cidade violenta como São Paulo é tarefa de todos: dos cidadãos, das instituições e da própria imprensa."

A reitoria informa também que continua em contato com parentes do aluno Bruno Ribeiro, oferecendo suporte para que a família supere esta situação e que manteve contato com os colegas do estudante para ampará-los.

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