MAIS LIDAS
VER TODOS

Geral

Moradores pedem ajuda ao Ministério Público contra remoções no Jardim Botânico

Por Fabio Brisolla RIO DE JANEIRO, RJ, 1 de abril (Folhapress) - Um grupo de moradores do Horto foi hoje até o prédio do Ministério Público do Estado do Rio para conversar com representantes da instituição sobre os processos de remoção em curso na vila

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 01.04.2013, 16:33:00 Editado em 27.04.2020, 20:32:08
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade





Por Fabio Brisolla

RIO DE JANEIRO, RJ, 1 de abril (Folhapress) - Um grupo de moradores do Horto foi hoje até o prédio do Ministério Público do Estado do Rio para conversar com representantes da instituição sobre os processos de remoção em curso na vila de casas existente dentro do Jardim Botânico.

A Justiça determinou que três residências da área sejam desocupadas até depois de amanhã.

"Se esta remoção acontecer, abre-se um precedente para retirar todo mundo de lá. Não vamos aceitar esta limpeza social que estão tentando fazer", protestou Emilia Maria de Souza, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto.

Max Luiz dos Santos, 45, é um dos moradores que será obrigado a deixar o local nesta semana. Ele conta que mora em uma casa dentro do Jardim Botânico desde que nasceu.

"Soube na semana passada que seria obrigado a deixar a casa onde morei a minha vida inteira. Tenho mulher, três filhos, uma nora e um neto. Todos moram comigo. Não sei o que fazer com minha família agora", lamentou o morador.

A polêmica da desocupação de moradores do Jardim Botânico se arrasta há 30 anos. Na semana passada, o presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Liszt Vieira, no cargo desde 2003, foi comunicado pelo Ministério do Meio Ambiente que deixará o posto.

Desde que assumiu o cargo, Liszt luta contra a ocupação. Ele considera ilegal as moradias por estarem dentro da área do instituto.

Durante os dez anos que esteve à frente da administração do instituto ele tentou retirar, sem sucesso, 621 famílias que lutam para permanecer no local.

As invasões começaram na década de 1950 e foram responsáveis pela degradação de parte do parque, que reúne 7.200 espécies de plantas de vários lugares no mundo e é considerado pela ONU (Organização das Nações Unidas) um dos dez mais importantes do mundo.

As invasões mais recentes, feitas por famílias de baixa renda, tomaram a encosta situada atrás da rua Major Rubem Vaz, onde existem prédios de luxo.

"Durante dez anos eu proponho ao governo um alternativa de moradia para esses ocupantes e em dez anos o governo não deu. Chegou num ponto que eu tenho que recuperar a integridade ambiental do Jardim Botânico", disse Liszt, ressaltando que a União tem vários imóveis que poderiam ser usados para essa transferência.

"Quando em dezembro o governo mostrou uma posição contrária à minha, entreguei meu cargo e a ministra me pediu para ficar até encontrar meu substituto, o que vai acontecer em breve", explicou.

Liszt argumenta que o espaço ocupado pelas famílias é fundamental do ponto de vista científico ambiental para a saúde do Jardim Botânico, e que a Justiça Federal e o TCU (Tribunal de Contas da União) já consideraram ilegal a ocupação, por ser o instituto tombado como patrimônio pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Segundo Liszt, o Iphan deu parecer sugerindo a desocupação de metade da área, o que não é satisfatório, mas agora depende do Ministério do Planejamento a decisão final sobre o destino dos moradores.

O dirigente do movimento SOS Jardim Botânico Alfredo Piragibe, também não concorda com a solução dada pelo Iphan, que "flexibiliza" a ocupação.

"Nosso posicionamento segue o do Liszt. O do Iphan visa atender os dois lados, não vai deixar nem satisfeito a gente nem o outro lado. A nossa posição é a seguinte: área tombada não é área de moradia", disse Piragibe.

Já o deputado federal do PT-RJ Edson Santos, que tem parentes morando no local, disse que espera ter mais diálogo com o novo responsável pelo instituto.

"A regularização daquela área é uma necessidade. O que não é adequado é a postura do atual diretor do Jardim Botânico, de querer retirar todo mundo dali para o Jardim Botânico se apropriar da área", afirmou.

No governo, o Ministério do Meio Ambiente não comenta a saída de Liszt. O Ministério do Planejamento tem até julho para apresentar a nova delimitação do Jardim Botânico, segundo determinação do TCU.

continua após publicidade

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Geral

    Deixe seu comentário sobre: "Moradores pedem ajuda ao Ministério Público contra remoções no Jardim Botânico"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!