Por André Monteiro
SÃO PAULO, SP, 26 de março (Folhapress) - O ciclista David Santos Sousa, 21, que teve o braço arrancado após ser atropelado na avenida Paulista, na região central de São Paulo, reencontrou na tarde de hoje duas testemunhas do acidente, que o ajudaram enquanto o resgate não chegava.
O estudante Thiago Chagas dos Santos, 26, disse que estava próximo da estação Brigadeiro do metrô quando ouviu um barulho e encontrou David desacordado e caído no asfalto. "Verifiquei que ele não tinha pulso. Pensei ele tivesse morrido e vi que ele estava desacordado, então comecei uma respiração boca-a-boca e massagem cardíaca. Aí ele acordou e continuou conversando comigo até a ambulância chegar", disse o estudante, que também é técnico em enfermagem e tem treinamento em primeiros-socorros.
Agenor Pereira Júnior, 41, que estava com Thiago, disse ter notado a falta do braço de David e foi procurar o membro na avenida Paulista. Como não encontrou, voltou para ajudar no atendimento à vítima.
Os três se reencontraram hoje pela primeira vez durante uma entrevista organizada pelo advogado Ademar Gomes, que representa a família do ciclista. Eles se abraçaram e se emocionaram durante o encontro. "Se não fosse o Thiago, eu não estava aqui para contar história", disse Sousa.
Durante a entrevista, o ciclista voltou a dizer que perdoa Alex Siwek, mas que espera uma punição "bem severa" da Justiça. "Se ele ainda estivesse preso, eu iria lá [para vê-lo], mas como está solto eu gostaria que ele me procurasse", afirmou o ciclista.
Ele disse também que já foi procurado para receber doações de próteses, mas que ainda não aceitou porque os médicos ainda avaliam o melhor modelo para o seu caso. "Depois do acidente sou outra pessoa. Minha cabeça mudou em relação à vida. Agora, sou um deficiente. Tem coisas coisas que vão ser mais fáceis, outras serão mais difíceis", afirmou.
Sousa seguia para o trabalho no dia 10 quando foi atropelado por um carro na avenida Paulista e teve o braço direito decepado.
O motorista Alex Kozloff Siwek, 21, foi preso em flagrante após ter se entregado à polícia. Ele fugiu sem prestar socorro e disse ter atirado o membro do ciclista em um rio, na zona sul.
Sousa admitiu à polícia que trafegava na contramão da ciclofaixa quando foi atingido pelo carro do universitário. Uma testemunha afirma que Siwek invadiu a ciclofaixa em alta velocidade.
Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal), Siwek estava com sinais de embriaguez no momento do acidente. O laudo, porém, afirma que o motorista não estava embriagado, despertando dúvidas na polícia, que questionou o IML.
No dia 13, o juiz Kleber Leyser de Aquino, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), decretou a prisão preventiva de Siwek. O estudante, que estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém 2, na zona leste da capital, foi transferido para a penitenciária de Tremembé.
No dia 19, a Justiça havia negado a liminar do pedido do Ministério Público para que Siwek responda pelo crime de tentativa de homicídio e não por lesão corporal. O mérito do pedido, no entanto, ainda deverá ser votado por um grupo de desembargadores.
Mais cedo, após a Justiça conceder liberdade ao motorista, o advogado Cássio Paoletti, que o representa, afirmou que seu cliente está abatido, abalado com tudo que está ocorrendo, mas está bem. O rapaz deixou a penitenciária do Tremembé (a 147 km de São Paulo) na noite do dia 19.
Escrito por Da Redação
Publicado em 26.03.2013, 18:26:00 Editado em 27.04.2020, 20:32:22
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