O réu Alexandre Nardoni, de 31 anos, disse nesta quinta-feira (25) - durante seu depoimento no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo - que no dia em que ele e Anna Carolina Jatobá foram interrogados pela polícia, em 18 de abril de 2008, recebeu uma "proposta de acordo" em que assumiria a responsabilidade pelo homicídio culposo (sem intenção de matar) de Isabella em troca da inocência da mulher.
Ele relatou que o promotor Francisco Cembranelli; a delegada do 9º Distrito Policial, Renata Pontes; e o advogado Ricardo Martins presenciaram a suposta proposta.
- Queriam que eu assinasse homicídio culposo e tirariam a minha esposa fora do processo. (...) Me deixaram indignado.
Segundo ele, a proposta teria sido feita pelo delegado Calixto Calil Filho. De acordo com Nardoni, o acordo foi apresentado após o grupo mostrar a ele fotos da menina Isabella morta no necrotério.
Nardoni afirmou que, na hora em que a proposta foi apresentada, o advogado dele não se manifestou.
As afirmações foram feitas em resposta a questionamentos do promotor Francisco Cembranelli. Nardoni já respondeu às perguntas do juiz Maurício Fossen e ainda deve ser submetido a interrogatório pelo seu advogado, Roberto Podval.
Ameaças e xingamentos
Durante depoimento ao juiz Maurício Fossen, Alexandre Nardoni disse que foi ameaçado por policiais e investigadores no 9º Distrito Policial, onde o boletim de ocorrência do caso Isabella foi registrado, logo após a morte da menina, em 29 de março de 2008. Ele contou que foi levado "com excesso de força" para uma sala no primeiro andar da delegacia e que foi xingado.
Nardoni contou que foi separado da mulher, Anna Carolina Jatobá, logo na chegada da delegacia. Ao ser levado para o primeiro andar do local, segundo ele, os policiais teriam dado início a "uma sessão de xingamentos de baixo calão". Nardoni conta que chegou a dizer aos policiais que "não estava ali para ser xingado, mas para ajudar".
O pai da menina Isabella afirmou que entre os policiais que o xingaram estava o delegado Calixto Calil Filho.
- Jogaram copo, garrafa e lixeira em cima de mim.
Ele afirmou ainda que a delgada Renata Pontes, do 9º DP, chegou a amaçá-lo. Ela teria afirmado:
- Vamos algemá-lo aqui e ver o que vai acontecer.
Nardoni disse que alguns delegados quiseram "ir para cima dele", para bater nele, mas que não chegou a ser agredido. Ele afirma que ficou nesta situação durante horas.
Sem a mulher
A outra ré do caso, Anna Carolina Jatobá, não assiste ao depoimento do marido nesta quinta-feira. A pedido do juiz Maurício Fossen, ela deixou o plenário logo após o início da sessão.
Se o interrogatório do casal terminar ainda nesta quinta-feira e o advogado de defesa não quiser fazer a acareação dos réus com a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, serão iniciados os debates da defesa e da acusação.
Após o final da apresentação dos argumentos das partes, o juiz consulta os jurados sobre as dúvidas e formula as perguntas que eles devem responder sobre o crime. Essas sete pessoas se reúnem então em uma sala secreta para votação. A sentença é o último passo.
A previsão é que julgamento termine na sexta-feira (26).
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