RIBEIRÃO PRETO, SP, 10 de dezembro (Folhapress) - Estudantes de ciências biológicas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), campus de Sorocaba (99 km de São Paulo), encontraram dois exemplares de Maria-da-restinga (Phylloscartes kronei), pássaro ameaçado de extinção que vive exclusivamente na vegetação de restinga entre o sul do Estado de São Paulo e o norte do Rio Grande do Sul.
Os pássaros foram encontrados no parque estadual da Ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo, durante uma visita técnica vinculada a uma disciplina do curso, realizada entre os dias 22 e 25 de novembro.
Segundo o professor Augusto João Piratelli, responsável pela pesquisa, os pássaros foram capturados a partir de uma rede montada pelos alunos do curso.
"Uma das atividades que fazemos é abrir redes de pássaros. Mostramos a importância do estudo e conservação de aves e fazemos o anilhamento [identificação de aves através de aneis de metal] nesses animais. Em uma dessas atividades encontramos esses dois exemplares na rede", explica.
As aves não foram imediatamente registradas devido à incerteza do pesquisador sobre a origem da espécie. "Não trabalho em restinga. Só anilhamos os animais quando temos absoluta certeza de qual é a espécie."
Após comparações com material teórico e consulta com especialistas, foi confirmado que os pássaros eram da espécie Maria-da-restinga. Acredita-se ainda que os exemplares sejam um macho e uma fêmea - o que não foi confirmado pela dificuldade de distinção de gênero a partir da coloração do animal.
A descoberta dos pássaros no litoral sul de São Paulo foi uma surpresa agradável para os estudantes da UFSCar. "É interessante registrar uma espécie ameaçada e confirmar que ela ainda resiste. No caso da Maria-da-restinga, ela só existe nessa pequena região do Brasil", afirma Piratelli.
Casos como este, segundo Piratelli, reforçam a necessidade da discussão sobre preservação ambiental e diversidade ecológica, principalmente no caso da restinga, que é uma vegetação que vem sendo cada vez mais degradada para dar lugar a loteamentos. "Quanto mais se devasta a restinga, diminui-se a população dessa espécie de ave", diz.
Escrito por Da Redação
Publicado em 10.12.2012, 23:31:00 Editado em 27.04.2020, 20:36:43
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