O embaixador da Líbia no Brasil, Salem Zubeide, disse nesta sexta-feira (26) que reconhece o governo do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão de representação política dos rebeldes líbios, e afirmou que irá continuar no cargo, que deixou à disposição do conselho.
- Quero declarar a minha lealdade ao Conselho [CNT] e continuarei a exercer o cargo de embaixador da líbia no Brasil, servindo aos interesses do povo líbio à disposição do Conselho Nacional de Transição até que alguém seja designado para desempenhar esse papel.
Zubeide é embaixador da Líbia no Brasil desde 2007 e era leal ao ditador Muammar Gaddafi - que teve seu complexo militar tomado nesta semana pelos rebeldes e atualmente está desaparecido.
- Depois de estudar a situação da Líbia nas últimas semanas cheguei à conclusão que o povo líbio está do lado do Conselho de Transição.
O embaixador disse ainda que deseja sucesso ao órgão rebelde e que não sabe do paradeiro de Gaddafi.
- Desejo toda a prosperidade e paz ao meu povo, ao meu país, e todo o sucesso ao Conselho, que tem os esforços para estabilizar o país e promover estabilidade e segurança na Líbia. O que eu sei sobre o paradeiro de Gaddafi é que eu vejo pela televisão, não tenho outras informações.
Relações com o Brasil não devem mudar
Para o embaixador, as relações da Líbia com o Brasil não devem mudar com a instalação de um novo regime.
- A relação da Líbia com o Brasil vai ser melhor porque há muitas empresas daqui com negócios na Líbia que têm que continuar os seus projetos. A Líbia também tem relação políticas e comerciais com o Brasil.
Há uma semana, a Embaixada da Líbia em Brasília foi palco de uma confusão. Durante um jantar, realizado em comemoração ao Ramadã, convidados do embaixador protestaram contra o regime do ditador líbio.
No jantar, parte das pessoas presentes trocou a bandeira líbia - toda verde, utilizada pelo regime de Gaddafi - pela adotada pelo CNT e antiga bandeira do Reino da Líbia.
A troca de bandeiras provocou a revolta de três parentes do embaixador líbio e duas pessoas terminaram feridas.
Desde a sexta-feira passada (19) a bandeira hasteada na embaixada é a do Conselho Nacional de Transição.
Brasil manterá sanções à Líbia; país estuda apoio aos rebeldes
Ainda nesta sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, afastou a hipótese de o Brasil suspender unilateralmente as sanções impostas à Líbia pela ONU (Organização das Nações Unidas), segundo a Agência Brasil.
Patriota disse que qualquer modificação e decisão referente ao tratamento dado à Líbia por parte do governo brasileiro está ligada às iniciativas do Conselho de Segurança da ONU.
- O Brasil não costuma se posicionar unilateralmente sobre sanções. É uma matéria para deliberação do Conselho de Segurança. O conselho impôs por unanimidade as sanções há alguns meses, qualquer determinação de modificação, suspensão e interrupção terá que ser tomada pelo conselho.
Em fevereiro, o Conselho de Segurança impôs sanções econômicas, financeiras e comerciais à Líbia. As restrições determinam a suspensão de negociações e acordos com líbios e autoridades ligadas ao governo do presidente Muammar Gaddafi. Também ordenam o congelamento de bens de Gaddafi e seus colaboradores em bancos estrangeiros.
O Brasil ainda não declarou seu apoio ao Conselho rebelde. O porta-voz do Itamaraty, o embaixador Tovar Nunes, disse nesta segunda-feira (22) que o governo ainda faz consultas, ouve análises e aguarda manifestações para se posicionar.
Antonio Patriota já teria conversado com líderes da União Africana e Liga Árabe sobre o acirramento do cerco ao presidente da Líbia, Muammar Gaddafi.
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