O técnico Tite aproveitou a coletiva pós-título da Taça Guanabara, conquistada neste sábado pelo Flamengo após vitória por 3 a 0 sobre o Madureira, para se desculpar pelos comentários que fez, domingo passado, sobre a condenação por estupro de o ex-jogador Daniel Alves. Antes do início da entrevista, pediu a palavra e disse ter errado ao dizer que não podia julgar Daniel por não ter acesso às "informações verdadeiras".
"Me desculpem pela resposta que dei no caso do Daniel Alves. Perdão. Alguns itens... o erro, o crime foi julgado pela Justiça e foi condenado. A comparação que fiz do caso foi inoportuna, foi sem sentido, foi indevida. A etapa profissional que nos vivemos juntos foi de muita correção e respeito. Eu reafirmo que acredito na educação como orientação, como punição. Como fui modelado pelo Seu Agenor e pela Dona Ivone, meus pais. Continuou acreditando dessa forma. Obrigado", disse.
Protagonista de uma longa relação profissional com Daniel Alves, em razão dos tempos de seleção brasileira, Tite foi questionado sobre o caso depois da vitória sobre o Fluminense, há pouco mais de uma semana, e gerou polêmica com sua resposta. "Eu não posso fazer julgamento sem ter todos os fatos e as informações verdadeiras a respeito. Posso falar conceitualmente. Conceitualmente, todo erro deve ser punido. Mas não sou julgador e não tenho todos os fatos. Fora que há uma etapa de um profissional que trabalhou comigo e existem outras etapas profissionais e pessoais que ele também exerce. Essas eu não conheço e não posso julgar, tenho que ter muito cuidado", afirmou na ocasião.
Ao concluir o raciocínio, o treinador flamenguista comparou a condenação de estupro à qual o ex-lateral foi submetido com um episódio vivido por Neymar em 2019. Na época, o atacante foi acusado estupro e Tite respondeu perguntas sobre o assunto durante uma coletiva da seleção brasileira. Mais tarde, o caso foi arquivado pela Justiça.
"Vou dizer mais: quando fui numa coletiva que houve um problema com Neymar, foram 24 perguntas, tive que responder 18 a respeito de um suposto (estupro). E eu disse a mesma coisa, que eu não tinha conhecimento aprofundado. Mas quem erra deve ser punido. Foi assim que eu fui educado. Primeiro te ensino, segundo tu é punido para que aprenda", completou Tite.
CONDENAÇÃO DE DANIEL ALVES
O Tribunal de Barcelona, na Espanha, condenou Daniel Alves a quatro anos e seis meses de prisão pelo estupro de uma mulher de 23 anos em uma boate da cidade, além de cinco anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena, sendo proibido de se comunicar ou se aproximar da vítima. O crime ocorreu em dezembro de 2022, dias após a participação do jogador na Copa do Mundo do Catar com a seleção brasileira. A sentença foi anunciada dia 22 de fevereiro, pela juíza Isabel Delgado Pérez e cabe recurso.
De acordo com a agência de notícias AFP, o Ministério Público espanhol vai recorrer da sentença para que a pena seja aumentada. Não foi divulgado se o pedido será para os nove anos de prisão solicitados ainda no júri. A pedida da acusação era ainda maior, com prisão de 12 anos, como determina a lei para pena máxima pelo crime no país.
O motivo do MP recorrer é, principalmente, a sentença ter sido atenuada pelo pagamento de uma multa de "reparação de dano" por Daniel Alves. Ele pagou 150 mil euros (R$ 807 mil) de indenização desde a instrução. O valor foi pago com auxílio de Neymar. A assessoria do jogador do Al-Hilal já respondeu não ter o que declarar sobre a situação. A embriaguez, outro atenuante apresentado pela defesa, não foi acolhida pelos magistrados.
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