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Time paranaense muda nome para homenagear clube de cidade ucraniana destruída pela guerra

Andriy Sanin, de 51 anos, rejeita se resignar. Mais de um ano após a invasão russa na Ucrânia devastar a sua cidade, Mariupol, o vice-presidente do clube homônimo acredita que a agremiação vai se reconstruir. Uma parceria com um time brasileiro foi o que

Ricado Magatti (via Agência Estado)

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Escrito por Ricado Magatti (via Agência Estado)
Publicado em 29.04.2023, 07:00:00 Editado em 29.04.2023, 07:08:00
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Andriy Sanin, de 51 anos, rejeita se resignar. Mais de um ano após a invasão russa na Ucrânia devastar a sua cidade, Mariupol, o vice-presidente do clube homônimo acredita que a agremiação vai se reconstruir. Uma parceria com um time brasileiro foi o que reforçou essa crença do ucraniano.

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Ele procurou ao redor do mundo clubes com os quais poderia fazer uma parceria envolvendo o Mariupol FC, que perdeu toda sua estrutura, estádio e dispensou funcionários e jogadores no mês seguinte ao início da guerra. Até que encontrou a Associação Atlética Batel, modesta equipe que disputa a terceira divisão paranaense.

"Começamos a ver opções pelo mundo e, claro, quando pensamos em futebol vem à cabeça o Brasil. A gente ficou sabendo que no Sul do Brasil existem cidades com descendentes de ucranianos, com três ondas de migração, a primeira delas no século passado. Quando soubemos disso, nos interessamos muito", contou ele em entrevista por vídeo ao Estadão. "Conseguimos entrar em contato com o Batel e eles apoiaram nossa ideia".

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O Batel vai se transformar de maneira provisória no Mariupol. Adotará o nome, uniforme, escudo e bandeira do time ucraniano num gesto simbólico e que permite que os torcedores da equipe do país europeu vislumbrem um recomeço.

"Foi o encontro perfeito", resume o presidente do Batel, Alex Lopes. "Nossa atitude é para prestar uma homenagem e espalhar a mensagem de paz e união por meio do futebol. Sei que há muitas formas de ajudar, como temos visto pelo mundo todo, mas a nossa parte vai ser vestir a camisa e bater no peito que o futebol brasileiro e ucraniano andam lado a lado, e estão cada vez mais unidos".

O Batel fica em Guarapuava, cidade próxima a Prudentópolis, município onde 75% dos cerca de 52 mil habitantes são descendentes de imigrantes ucranianos, de acordo com último levantamento do IBGE. Lá está concentrada a maior comunidade da Ucrânia na América Latina. Comunidade que cresceu à medida que refugiados ucranianos procuraram uma nova casa com o conflito que se tornou uma guerra longa e sangrenta.

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Não se sabe em quais jogos e por quanto tempo o Batel representará o Mariupol. A ideia é realizar amistosos com grandes clubes do Brasil. Está nos planos enfrentar Santos e Athletico-PR. "Não seria lindo disputar um amistoso contra o Santos, que parou uma guerra com Pelé? Quão simbólico não seria essa mensagem de paz no futebol?", vislumbra o presidente do time paranaense, ou melhor, ucraniano, no momento.

Também está no planejamento do Batel transmitir seus jogos para a Ucrânia. "Ficamos muito felizes que as equipes brasileiras também nos apoiem. É difícil segurar as lágrimas", diz Senin, emocionado, em bom ucraniano.

Como todos que moravam em Mariupol, ele deixou a cidade para não ser um dos centenas de milhares de mortos. Mudou-se para a capital Kiev e trabalha remotamente. "Kiev foi muito atacada, o que impactou na infraestrutura da cidade. A energia oscilou, às vezes não temos água, mas tudo isso parece uma coisa pequena pra quem é de Mariupol", compara o dirigente. "Estamos preparados para sobreviver nessas condições. Somos ucranianos, somos fortes, sabemos como lidar com tudo isso".

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MARIUPOL EM RUÍNAS

Devastada por bombardeios, Mariupol está hoje ocupada pelos russos após um longo cerco na guerra na Ucrânia. Recentemente, recebeu o presidente Vladimir Putin pela primeira vez desde o início da invasão.

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A cidade portuária tornou-se conhecida em todo o mundo depois de ser quase reduzida a ruínas nos primeiros meses do conflito, antes das tropas russas tomarem o controle da cidade. Em março do ano passado, centenas de pessoas morreram no bombardeio a um teatro onde crianças se abrigavam com suas famílias.

Mísseis e bombas também destruíram a sede do Mariupol. Oficialmente, o clube foi dissolvido. Os jogadores encontraram novas equipes e a maioria dos funcionários deixou o país. Antes de se refugiarem, conta Sanin, arriscaram a vida e recolheram alguns documentos do clube. "Pedaço a pedaço, o clube continua a sobreviver pensando no futuro", crê o dirigente.

O vice-presidente do Mariupol é otimista. Acredita que o exército ucraniano vai ganhar a guerra e que o país poderá reaver todas as terras perdidas para os russos. "No ano passado, vimos contra-ataques bem-sucedidos do exército ucraniano. Esperamos que aconteça o mesmo esse ano em outras regiões", afirma.

Assim que a guerra terminar, seu primeiro objetivo é retornar a Mariupol. Quer encontrar uma nova sede para o clube e começar a reconstruí-lo. Depois, pretende visitar o Brasil. Quer agradecer a acolhida e retribuir de alguma maneira. "O futebol nos dá mais esperança. Tenho certeza de que o clube e a cidade vão continuar a existir".

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