O experiente técnico Vanderlei Luxemburgo espera que a operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás para investigar um esquema de apostas esportivas, transforme o futebol brasileiro após punir os culpados. Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, no Engenhão, o treinador fez uma breve pausa em suas explicações sobre a derrota por 3 a 0 para o Botafogo ao ser questionado sobre sua visão a respeito do escândalo.
"Eu estou achando ótimo isso acontecer", respondeu o treinador. "Quem tiver que se ferrar que se ferre. Essa é a grande realidade. Não tem como preservar ninguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol onde esse dinheiro está chegando. Os problemas não estão nos donos das bets (sites de apostas), está na relação onde você fica vulnerável, o atleta fica, vai chegar em outros setores do futebol", completou.
Após expor a posição veemente a favor da punição dos responsáveis e demonstrar otimismo com mudanças legítimas no esporte, Luxemburgo fez ponderações sobre o clima de desconfiança que se instaurou. O receio, segundo ele, é que qualquer erro dentro de campo possa ser visto com um possível caso de manipulação.
"Tem que punir todo mundo, doa a quem doer. Se tiver alguma falcatrua, tem que dizer. Mas essas coisas deixam abertura. Estou achando ótimo. Quem fez bobagem, segure a sua onda. Essa coisa ficou muito vulnerável. Amanhã você errou um passe, vão dizer que tem esquema. Tem que separar o joio do trigo", comentou.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por meio da Operação Penalidade Máxima, investiga um esquema de manipulação de apostas esportivas em partidas do Campeonato Brasileiro das séries A e B de 2022 e partidas do Paulistão e do Campeonato Gaúcho de 2023. Jogadores cooptados por grupos criminosos recebiam até R$ 100 mil para provocar cartões amarelos e vermelhos ou realizar outras ações dentro de campo e, assim, ajudar os apostadores.
No processo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que o Estadão teve acesso, sete jogadores foram denunciados e se tornaram réus. Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe). O Corinthians não tem nenhum atleta como alvo das investigações.
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