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Migrar para a Concacaf é possível para Palmeiras e demais clubes brasileiros?

Dedicada a lutar por medidas mais duras contra os constantes casos de racismo registrados em competições da Conmebol, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os clubes brasileiros abandonassem a confederação sul-americana e buscassem abrigo

Bruno Accorsi (via Agência Estado)

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Escrito por Bruno Accorsi (via Agência Estado)
Publicado em 11.03.2025, 13:23:00 Editado em 11.03.2025, 13:31:11
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Dedicada a lutar por medidas mais duras contra os constantes casos de racismo registrados em competições da Conmebol, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os clubes brasileiros abandonassem a confederação sul-americana e buscassem abrigo na Concacaf, órgão que governa o futebol na América do Norte, América Central e Caribe. Inicialmente, a sugestão foi uma forma de reforçar os protestos. Caso fosse levada adiante, estaria de acordo com possibilidades reais, mas há elementos que tornam a transição pouco provável.

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Para um clube se filiar a uma confederação continental fora de sua localização geográfica é preciso, primeiro, que sua federação nacional dê o primeiro passo. Ou seja, a CBF teria que se desfiliar da Conmebol e pedir para se tornar membro da Concacaf, em processo que depende também de aprovação da Fifa. Isso implicaria, contudo, em ter a seleção brasileira disputando as Eliminatórias da Copa do Mundo da Concacaf, de nível muito inferior às Eliminatórias da América do Sul.

"A Fifa pode, em circunstâncias excepcionais, autorizar uma confederação a conceder filiação a uma associação que pertença geograficamente a outro continente e não seja afiliada à confederação naquele continente. A opinião da confederação geograficamente envolvida deve ser obtida", diz o estatuto da entidade máxima do futebol.

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Cada caso é avaliado individualmente, junto de suas particularidades, como ocorreu com a Austrália e Israel, por exemplo. As duas nações competem fora de seus continentes, tanto no âmbito de seleções quanto no de clubes, por motivos diferentes.

Os australianos trocaram a Confederação de Futebol da Oceania (OFC) pela Confederação Asiática de Futebol (AFC) por questões de competitividade, já que a seleção do país sempre se sobressaia nas Eliminatórias da Copa do Mundo, a exemplo da goleada por 31 a 0 sobre a Samoa Americana em 2001. A troca de confederação se deu em 2005.

Outro caso é o de Israel, que disputa as Eliminatórias Europeias e tem seus clubes na Liga dos Campeões e Liga Europa, por causa dos conflitos que nutre no Oriente Médio, especialmente com a Palestina.

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QUAIS OS PASSOS PARA A CBF TROCAR DE ASSOCIAÇÃO?

Para clubes brasileiros se associarem a Concacaf, a CBF teria, primeiro, de pedir para deixar a Conmebol. De acordo com o estatuto da entidade sul-americana, a desfiliação voluntária é permitida desde que a federação solicitante comunique a decisão seis meses antes do fim do calendário anual de competições. Também se exige o cumprimento de "obrigações pendentes com a Conmebol ou outras associações membros" e a "ratificação da decisão perante Congresso".

O estatuto da Concacaf, por sua vez, permite a filiação de federações fora de seu alcance geográfico, mas deixa claro que a Fifa é soberana na tomada de decisão. "Uma associação que esteja fora da região geográfica da Concacaf pode ser admitida como membro desde que não seja membro de nenhuma outra confederação. No entanto, tal admissão de membro à Concacaf deve estar de acordo com os estatutos da Fifa," diz o texto.

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Para solicitar a filiação junto à Concacaf, é preciso fazer uma solicitação por escrito à Secretaria Geral da entidade, acompanhada de uma série de documentos. Então, o Conselho da Concacaf pode emitir uma opinião ao Congresso, sobre a admissão ou não do pedido, antes da resolução final.

Leila Pereira falou em filiação à Concacaf, mas, se a ideia for reduzida a não disputar a Libertadores e jogar a Copa dos Campeões da Concacaf, tudo depende de um convite. Foi assim que times mexicanos fizeram o caminho inverso e de 1998 a 2016 disputaram a Libertadores. A Federação Mexicana de Futebol (FMF) nunca se filiou a Conmebol e a seleção do México continuou disputando as eliminatórias conjuntas de Caribe e Américas do Norte e Central.

Mesmo o convite, entretanto, depende de aprovação da Fifa. Em movimento recente, no final de 2023, a FMF solicitou à Fifa que seus times voltassem a disputar a Libertadores, mas o pedido foi recusado.

"Sobre a Libertadores, temos um pedido do México para disputá-la. Falamos com a Fifa e devolvemos um documento à FMF que foi negado. Não foi autorizado porque temos a competição oficial, a nossa, que é o caminho para o Mundial de Clubes", disse Victor Montagliani, presidente da Concacaf, na ocasião.

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