O atleta de vôlei de praia Anderson Melo relatou ter sofrido ataques homofóbicos durante uma partida da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. A situação aconteceu na última quinta-feira, 14, mas o jogador expôs o caso nas redes sociais somente no sábado, 16.
Natural do Rio de Janeiro, Anderson faz dupla com o goiano Lyan. Ambos disputaram a partida contra o amazonense Luizão Corrêa e o pernambucano Fabiano Melo, válida pelas oitavas de final do circuito. Os adversários venceram por dois sets a zero.
Em publicação feita em seu perfil no Instagram, o atleta justificou o motivo de ter falado sobre os ataques somente dois dias depois de terem ocorrido. "Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual", escreveu.
Na postagem, além do desabafo, o atleta expôs uma sequência de vídeos que mostram as ofensas que ele recebeu durante a partida. Nas imagens, é possível escutar termos e frases homofóbicas como "é mulher ou não é?", "saca na bicha", "usa calcinha ou não usa?", entre outros. A autoria dos ataques, no entanto, ainda não foi identificada.
Após a partida, Anderson prestou boletim de ocorrência e clamou por apoio das autoridades para que a situação não fique impune. "Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém", disse. Até a manhã deste domingo, dia 17, a publicação tinha mais de 60 mil curtidas e mais de 7 mil comentários, a maior parte deles de apoio.
CBV DENUNCIARÁ CASO AO MINISTÉRIO PÚBLICO
Em nota, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamentou os ataques homofóbicos sofridos por Anderson durante a partida. A entidade afirmou que apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. Segundo a Confederação, o caso será encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MP-PE).
Ainda em nota, a CBV disse que está prestando auxílio ao atleta. "A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos", declarou.
Leia a íntegra da nota:
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife.
A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos.
Desde sexta-feira, a mensagem abaixo é veiculada antes de cada partida da quadra central.
"Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!"
A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos.
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