Os herdeiros de Pelé, morto em 29 de dezembro vítima de um câncer no cólon, concordaram com os termos do testamento deixado pelo Rei do Futebol. A Justiça de São Paulo, por meio de decisão publicada pela juíza Andrea Roman, da 2ª Vara de Família e Sucessões, determinou o cumprimento do documento. A informação foi confirmada ao Estadão pelo advogado Luiz Kignel, representante de Márcia Aoki, viúva de Pelé.
"É um avanço relevante porque retira qualquer discussão sobre a validade do testamento", diz Kignel. "Os herdeiros poderiam eventualmente discutir alguma cláusula testamentária, mas isso é importante porque deixa claro o respeito à vontade do Pelé", conclui.
Segundo o advogado, o próximo passo será a finalização do levantamento dos bens de Pelé para a conclusão do inventário. Estima-se que Pelé tenha deixado fortuna de R$ 78 milhões. Edinho, filho mais famoso do Rei, foi ordenado inventariante com o aval dos irmãos após Marcia Aoki abrir mão da função. O ex-goleiro pediu para administrar a herança do pai, argumentando estar mais familiarizado com os negócios da família. Estima-se que Pelé tenha deixado fortuna de R$ 78 milhões.
De acordo com o advogado Augusto Miglioli, que representa Edinho na questão do inventário, os filhos de Pelé estão realizando exames laboratoriais que podem comprovar a existência de uma nova filha do Rei do Futebol. Pelé respondia na Justiça uma ação de paternidade movida por Maria do Socorro Azevedo, que é representada pela Defensoria Pública de São Paulo e alega ser sua filha, tornando-a também herdeira legítima da herança do jogador. O Rei não recorreu e decidiu que ia fazer o teste de DNA, mas acabou morrendo antes de realizar o exame. Ele citou a possibilidade de ter uma outra filha em seu testamento.
Em respeito ao que foi determinado por Pelé no testamento, os filhos decidiram pela realização do exame de DNA. O processo é necessário para determinar a partilha da herança. Se o teste se comprovar, a partilha dos bens terá mais uma pessoa envolvida. Em setembro, eles também concordaram com a inclusão de Gemima, enteada do Rei do Futebol, entre os herdeiros.
HERDEIROS
No testamento, assinado em 2020, Pelé destina 30% de todos os seus bens a Márcia - incluindo uma casa no Guarujá -, 60% a serem divididos para os seis filhos e a enteada, e outros 10% para dois netos, filhos de Sandra Regina, morta em 2006, filha que ele nunca reconheceu. Caso Maria do Socorro seja reconhecida como herdeira legítima, ela entra na divisão dos 60% com os filhos.
Márcia se casou com Pelé em 2016, quando o Rei já tinha 75 anos. De acordo com o Código Civil brasileiro, todas as pessoas acima de 70 anos devem se casar com separação de bens. Com 56 anos, ela era a terceira mulher do atleta e o namorava desde 2010. A viúva, que atualmente trabalha em uma empresa de importação de suplementos médicos, conheceu Pelé enquanto estudava administração em Nova York, EUA, na década de 1980. Ela é de Penápolis, interior de São Paulo.
Antes de Márcia, Pelé havia sido casado duas vezes: com Rosimeri Cholbi e com a cantora gospel Assíria Nascimento. Edinho, de 52 anos, Jennifer, 43, e Kely, 54, são os filhos que Pelé teve com Rosemeri. Os gêmeos Celeste e Joshua, de 26 anos, são frutos da relação dele com Assíria. Sandra, morta em 2006 vítima de câncer, foi fruto de uma relação rápida que o Rei teve com Anísia Machado, em 1966. O reconhecimento da paternidade se deu anos depois por meio de exame de DNA. Flávia Cristina é filha de Lenita Kurtz, que se relacionou com Pelé em 1969.
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