Os indícios de crimes de lavagem de dinheiro e o uso de contas falsas de "laranjas" vão tramitar em um processo paralelo aos que já correm na Justiça sobre a investigação do esquema de apostas em jogos de futebol. Eles envolvem jogos da Série A do Campeonato Brasileiro do ano passado. A informação foi apurada pelo Estadão nesta segunda-feira. Ao todo, 25 pessoas já foram transformadas em réus por envolvimento no esquema fraudulento. Outras denúncias serão oferecidas à Justiça.
A investigação do MP já havia encontrado indícios de lavagem de dinheiro em pagamentos a atletas que receberam repasses para realizar lances predeterminados em partidas oficiais e possibilitar lucros ilegais a uma suposta quadrilha que operava em sites. A constatação leva o escândalo a um tipo de crime ainda não destrinchado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). As duas primeiras denúncias oferecidas à Justiça ficaram restritas aos crimes de promoção de organização criminosa e contra o Estatuto do Torcedor.
Com autorização da Justiça, os sigilos bancários e fiscais dos investigados foram quebrados, de modo que os investigadores já detectaram pagamentos a jogadores aliciados feitos por intermédio de "laranjas" e também de empresas, em tese, sem relação direta com os atletas. Uma loja de celular e uma revendedora de carros importados estão entre essas empresas investigadas.
Como o Estadão havia mostrado, um diálogo entre dois dos principais articuladores do esquema, Thiago Chambó diz a Bruno Lopez que devem ser evitados compartilhamento de endereços e de números de telefone. Contas bancárias pessoais também não deveriam aparecer nas transações. "Nem transfere mais da sua mulher nem do seu CNPJ para ninguém nas próximas, entendeu? Pega umas contas laranja para mandar", disse Chambó, pelo WhatsApp.
O detalhamento da suposta lavagem de dinheiro poderá endurecer futuras penas e ampliar elos de integrantes dos quatro núcleos (apostadores, financiadores, intermediários e administrativo) do esquema mapeados pelo MP, que trabalha com a possibilidade de haver um investidor acima dos nomes apontados nas investigações das fases 1 e 2 da Operação Penalidade Máxima.
Para fontes com acesso ao processo, o crime de lavagem está materializado em diversos casos sob investigação porque "a origem do dinheiro era ilícita" e "os pagamentos foram feitos em conta de terceiros".
Segundo as denúncias, um grupo liderado pelo empresário Bruno Lopez de Moura pagava para que jogadores de futebol de clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e de competições estaduais realizassem determinadas ações durante as partidas, como levar cartões amarelos, por exemplo.
Em paralelo, eles apostavam em sites do ramo que esses lances ocorreriam durante os jogos. Com as jogadas dentro de campo concretizadas, os lucros eram obtidos. Em uma única rodada, o grupo apostou R$ 8.430,00 e somou ganhos de R$ 730.616,00. Quanto mais improvável a lista de eventos de uma aposta, maior pode ser o lucro nos sites.
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