A Major League Soccer (MLS) começa uma nova era com uma corrida contra o tempo para aproveitar a presença de Lionel Messi em campo. O contrato do craque argentino com o Inter Miami é de dois anos e meio e ainda não se sabe se o atacante vai poder romper o vínculo antes do prazo caso queira atuar em outro país. A contratação ocorre num momento importante do crescimento do futebol nos Estados Unidos, que terão nos próximos anos a realização da Copa América, em 2024, o novo Mundial de Clubes da Fifa, em 2025, e a maioria das partidas da Copa do Mundo de 2026.
Além disso, a MLS precisava de uma novidade de impacto para aumentar o interesse pela liga e gerar receita. Depois de assinar um contrato de dez anos com a Apple para a transmissão dos jogos, os executivos já não podiam mais contar com um novo acerto para aumentar os ganhos. O próprio contrato com a Apple pode ser um problema, já que a maior parte dos jogos só pode ser acessada por quem paga a assinatura, o que restringe o público mesmo que o interesse pela liga aumente.
Embora esteja em muitas campanhas publicitárias, Messi é tímido e não tem a naturalidade para se envolver em ações de marketing como tinha o inglês David Beckham, a quem é atribuído um aumento no interesse pela MLS por causa da sua passagem pelo Los Angeles Galaxy, entre 2007 e 2012. A performance em campo será fundamental para o sucesso das ações promocionais. Se os americanos não o acompanharem, o mundo certamente o fará.
Quanto mais a liga crescer, melhor para Messi. O pacote de remuneração, composto por salário anual, bônus pela assinatura de contrato e participação na franquia, deve oscilar entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, algo entre R$ 240 milhões e R$ 288 milhões por temporada. A participação em negócios gerados por parceiros da liga como Apple, Adidas e Fanatics, que também é parte do acordo, não está nesse cálculo do Sports Business Journal.
A chegada do craque argentino, sete vezes vencedor do prêmio Bola de Ouro e campeão do mundo com a Argentina, teve efeito imediato no interesse por jogos do Inter Miami. Para o que deve ser o jogo de estreia, sexta-feira, dia 21, contra o Cruz Azul, do México, pela Leagues Cup, o ingresso mais barato estava sendo vendido por US$ 250, cerca de R$ 1.200.
Messi escolheu o Inter Miami depois que as negociações para retornar ao Barcelona não deram certo por causa da situação financeira do clube espanhol. O craque tinha uma proposta milionária do Al-Hilal, da Arábia Saudita. A opção por Miami teve influência da família, que já havia passado férias na cidade.
Para quem trabalha diretamente com o futebol nos Estados Unidos há muito tempo, como o jornalista Andrew Gundling, apresentador do Caught Offside, um dos principais podcasts sobre futebol do país, foi difícil de acreditar que Messi realmente viria para a MLS. "Os rumores não pareciam reais. Você normalmente não vê times indo tão mal na temporada e fazendo a contratação de um talento como ele", disse.
Último jogador premiado como melhor do mundo a atuar na MLS antes de Messi, o brasileiro Kaká vê um novo momento para a liga com a contratação do argentino. "A chegada do Messi é mais um passo em direção a tornar os Estados Unidos um dos mercados mais importantes do futebol. Ele vai encontrar um país incrível, rivalidades importantes e vai poder viver um grande momento da sua carreira, como foi também especial para mim", disse Kaká ao Estadão.
A presença de Messi na MLS é o maior acontecimento no futebol dos Estados Unidos nos últimos 30 anos, comparável apenas com a ida de Pelé para o New York Cosmos, nos anos 70, e a Copa do Mundo de 1994, que coincidiu com a fundação da liga e foi fundamental para o crescimento da modalidade nos últimos anos, com mais organização e muita gente interessada, como confirma Kaká. "A estrutura dos clubes é incrível, os estádios que inauguraram são ótimos e, principalmente, o engajamento do torcedor é enorme."
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