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Com ataque de 112,7 km/h, Egonu superou racismo e lidera time de vôlei da Itália

A derrota da seleção brasileira feminina para a Itália na final da Liga das Nações de Vôlei, por 3 sets a 0, teve como grande destaque a oposto italiana Paola Egonu. Com apenas 23 anos, a atleta é a maior promessa para a próxima geração do esporte, na Eur

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Publicado em 19.07.2022, 15:45:00 Editado em 19.07.2022, 15:48:48
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A derrota da seleção brasileira feminina para a Itália na final da Liga das Nações de Vôlei, por 3 sets a 0, teve como grande destaque a oposto italiana Paola Egonu. Com apenas 23 anos, a atleta é a maior promessa para a próxima geração do esporte, na Europa e no mundo, e é o símbolo de uma seleção italiana multiétnica e multicultural.

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Jogadora Mais Valiosa (MVP) da Liga das Nações, Egonu registrou na final contra o Brasil o recorde mundial de velocidade de ataque. Com um ataque a 112,7 km/h, a jogadora superou a marca já registrada pela Federação Mundial de Vôlei (FIVB) - O recorde anterior era de 110,3 km/h, da sérvia Tijana Boskovic, pelo Campeonato Europeu de 2021.

Com um volume ofensivo impressionante, Egonu liderou a conquista italiana na Liga das Nações. Ao marcar 21 pontos, a italiana foi o destaque da final contra o Brasil - o quarto vice-campeonato consecutivo da seleção. Apesar da marca, os 21 pontos deste domingo não se aproximam dos 45 anotados pela oposto na semifinal do Mundial de 2018, contra a China.

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CARREIRA MA ITÁLIA E RACISMO

Nascida em Cittadela, uma pequena comuna medieval italiana com cerca de 18.000 habitantes, na região de Vêneto. Egonu tem origem nigeriana, com seu pai sendo membro dos ibos, maior grupo étnico do país africano. Imigrantes nigerianos, sua família chegou à Itália em 1992, onde tiveram três filhos.

Egonu começou a jogar vôlei na equipe de Galliera, cidade próxima à Cittadela. Com destaque, a jogadora chamou a atenção do "Club Italia", projeto da Federação Italiana para desenvolver novos talentos no vôlei. Nas categorias de base, foi campeã mundial sub-18 e MVP da competição.

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Apesar de sua qualidade no vôlei, sua origem nigeriana e sua cor de pele fizeram com que Egonu fosse alvo de preconceitos durante seu início de carreira. Sob olhares raivosos, de desprezo e ofensas na quadra, a jogadora sofreu com o racismo, durante sua trajetória no vôlei.

"No começo era muito difícil. Vários torcedores me insultavam, me xingavam por conta da minha cor. Era uma coisa bruta, eram adultos me ofendendo. Mas, mesmo na rua, no ônibus ou no metrô, ouço comentários desagradáveis. Eu tento ignorar, é natural que haja gente ruim", afirmou Egonu, em entrevista ao jornal italiano "Corriere dello Sport".

"Sou diferente porque sou negra e penso. O ódio de homofóbicos e racistas me dói. Porque sou diferente. Pela cor da pele - que é a primeira coisa que você nota -, pela minha maneira de pensar e como lido com certas questões. Sei que há muitas meninas que estão na mesma situação que eu e se sentem sozinhas, não veem essa luz e nunca dão o primeiro passo. Eu me pergunto onde começa este ódio. Nós nos dividimos por raças e não procuramos compreender o outro. Eu sou uma pessoa muito emotiva e isso dói", contou a atleta, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

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Enquanto superava os obstáculos do racismo na Itália, Egonu se tornou alvo de outras equipes no Campeonato Italiano. Do Club Italia, partiu para o Novara, em 2017, e para o Imoco, de 2019 até 2022. Nas quadras, conseguiu mostrar todo o potencial esperado. Múltiplo troféus, coletivos e individuais, a alçaram à seleção italiana, onde se coloca como uma liderança dentro e fora das quadras.

SELEÇÃO ITALIANA E INFLUÊNCIA

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A seleção italiana de hoje reflete as mudanças socioculturais da Europa nos últimos anos. Com a chegada de imigrantes - assim como os pais de Egonu -, o voleibol do país passa por um momento de reconstrução, com um elenco multiétnico e multicultural.

Egonu é o destaque dessa equipe. Com ela em quadra, a seleção italiana conseguiu alcançar resultados inéditos para o vôlei do país, que vão além da vitória do último domingo sobre o Brasil e conquista da primeira Liga das Nações da história da Itália. Campeã europeia no ano passado e vice-campeã mundial em 2018 são alguns dos feitos coletivos da atleta.

Mesmo assim, Egonu tenta afastar esse rótulo de sua pessoa. "Eu não penso nesse sentido (ser a referência da equipe). Eu acho que é uma grande responsabilidade. Eu sempre tenho que trabalhar para me tornar uma grande jogadora. Estou muito feliz por todos terem essa confiança em mim, pensarem que eu posso me tornar uma grande jogadora", contou antes da Olimpíada do Rio, em 2016.

Além disso, Egonu se coloca como um ícone de representatividade fora do esporte. Em 2018, revelou ao mundo seu relacionamento com Katarzyna Skorupa, ex-companheira de equipe no Novara. À época, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera", afirmou que sua namorada a ajudava a superar as decepções do mundo. "O que interessa é se jogo bem voleibol, não com quem durmo". O relacionamento entre as atletas terminou no último ano.

Todas essas marcam fizeram com que a Forbes a colocasse na lista das pessoas mais influentes da Europa com menos de 30 anos em 2021. Chegou a ser cogitada para ser a porta-bandeiras em Tóquio 2020, mas o ciclista Elia Viviani e a atiradora Jessica Rossi foram escolhidos pela delegação italiana.

MVP da Liga das Nações e melhor oposto do mundo, Egonu deixa seu país e irá levar sua liderança e habilidade para a Turquia na próxima temporada. Contratada pelo VakifBank, a italiana de 23 anos tem a oportunidade de seguir com o seu crescimento individual, coletivo e profissional, rumo à sua primeira medalha olímpica em Paris 2024.

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