Passada mais de uma semana do último Choque-Rei, Carlos Belmonte decidiu pedir desculpas a Abel Ferreira por ter xingando o treinador de "português de m..." após o tenso e controverso clássico no MorumBis, válido pela penúltima rodada da fase de grupos do Paulistão. Nesta terça-feira, o diretor do São Paulo apareceu em vídeo pedindo perdão ao técnico, ao Palmeiras e à comunidade portuguesa.
"No calor, ao final da partida, acabei proferindo uma frase inadequada", argumentou Belmonte. "Portanto, peço desculpas ao técnico Abel Ferreira, ao Palmeiras, uma instituição importante do futebol brasileiro, e à comunidade portuguesa. Eu buscava identificar o técnico ao árbitro, mas, de novo, repito, a frase foi inadequada e peço desculpas", reforçou.
O dirigente afirmou que vai continuar defendendo o São Paulo quando achar necessário, mas não daquela maneira. "Foi inadequada e não repetirei". Nem o dirigente nem o São Paulo publicaram o vídeo em suas redes sociais ou em qualquer plataforma. A gravação foi vazada e circula na internet.
Depois do clássico, que terminou empatado por 1 a 1, Belmonte foi flagrado reclamando, de maneira exaltada, com o árbitro do clássico, Matheus Delgado Candançan, e xingando Abel Ferreira. "Safado do c...! O Abel apitou para vocês, este português de m...", esbravejou o diretor, no túnel que dá acesso ao gramado do MorumBis. Ele, Julio Casares e outros são-paulinos reclamaram que o palmeirense Richard Ríos deveria ter sido expulso após falta em Pablo Maia e que o time tricolor teve um pênalti não marcado em Luciano, após consulta do árbitro ao VAR.
No dia seguinte ao episódio, o Palmeiras afirmou que o dirigente foi xenofóbico e disse que cogitava ir à Justiça. "Não há justificativa para as palavras baixas e preconceituosas escolhidas pelo dirigente são-paulino com o intuito de depreciar um profissional íntegro e vitorioso, que vive no Brasil há mais de três anos", escreveu o clube em comunicado. "Repudiamos qualquer tipo de discriminação, quanto mais ofensas que incitem a aversão a estrangeiros."
Abel demonstrou serenidade ao falar do xingamento que recebeu de Belmonte, mas também indicou que poderia processar o cartola são-paulino. "Em 90 minutos eu sou intenso, quero que minha equipe ganhe, mas fora isso eu peço desculpa. Meu coração é igual coração de mãe, perdoa tudo e cabe sempre mais um. Mas há limites", falou o treinador no último sábado, depois de sua equipe derrotar o Botafogo-SP por 1 a 0.
O árbitro Matheus Delgado Candançan relatou que a equipe de arbitragem foi interceptada por Belmonte, Casares, Calleri, Rafinha e Wellington Rato. Todos eles, assim como o clube, serão julgados pelo Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) na próxima quinta-feira.
Na semana passada, Leila Pereira avisou que Belmonte passaria a ser considerado persona non grata no Palmeiras e afirmou que a manifestação xenofóbica era fruto de um sentimento de "inveja do trabalho ímpar de Abel no Brasil". Dias depois, ela e Casares se encontraram na sede da FPF para selar a paz.
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