A Comissão Parlamentar de Inquérito de Manipulação de Resultados convocou Eduardo Bauermann e Marcus Vinícius Alves Barreira, o Romário, para depor em audiência nesta terça-feira na Câmara dos Deputados. No entanto, a menos de 24 horas do depoimento, os dois não foram encontrados.
O requerimento de convocação dos dois jogadores, ambos denunciados na Operação Penalidade Máxima, foi aprovado pelos parlamentares há uma semana. Desde então, eles não foram localizados para falar perante os deputados. Tanto Bauermann como Romário foram chamados na condição de investigados. Por isso, não podem se negar a ir depor na Comissão.
Os jogadores têm a opção de se manter em silêncio na CPI. Se os atletas faltarem ao depoimento, a Comissão estuda pedir medida de condução coercitiva, instrumento que permite que uma pessoa seja levada para interrogatório.
O Estadão apurou que tanto Bauermann como Romário não responderam às tentativas de contato. A secretaria da CPI ainda continua tentando contato com os dois. Se não forem localizados, a polícia legislativa será acionada.
A defesa de Romário afirmou ao Estadão que o jogador "não recebeu qualquer intimação" para falar na CPI, que desconhece a convocação e que ele continua morando no mesmo endereço em Goiânia. A defesa de Bauermann limitou-se a dizer que vai se manifestar nos autos do processo.
Bauermann e Romário já foram julgados em primeira instância pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O zagueiro do Santos teve pena leve, de modo que pegou apenas 12 jogos de gancho porque a denúncia foi desqualificada pelos auditores. Já o ex-atleta do Vila Nova, de Goiás, foi banido do futebol. Cabe recurso em ambas as decisões.
Segundo a investigação do Ministério Público de Goiás, Bauermann recebeu R$ 50 mil para levar amarelo contra o Avaí, mas não foi advertido durante o jogo. Nas conversas, o apostador critica o defensor por não ter cumprido com sua parte no acordo. Como não levou o amarelo, ele teria prometido receber o cartão vermelho contra o Botafogo, cinco dias depois. No Rio de Janeiro, o atleta de fato foi expulso, mas só após o apito final, invalidando a aposta. Ele, que continua afastado pelo Santos, foi, então, ameaçado de morte e extorquido pela quadrilha.
Romário foi apontado pelo MP como o pivô do esquema fraudulento. Segundo os promotores, o atleta recebeu dinheiro dos apostadores para cometer um pênalti em duelo com o Sport, pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022, mas não foi relacionado para a partida. Por isso, passou a procurar outros atletas para participarem do esquema.
OUTROS CONVOCADOS
Provavelmente sem a presença de Bauermann e Romário, a audiência pública desta terça-feira da CPI terá depoimentos de Ronei Ferreira de Freitas, presidente da Federação Goiana de Futebol, Cleyton Pereira dos Anjos, ex-presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás, e Júlio César Garcias, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás. Júlio César Motta, presidente da Comissão de Arbitragem de Goiás, não irá comparecer e justificou sua ausência.
Os parlamentares também vão votar nove requerimentos de convocação e convite de representantes de casas de apostas, ainda que as plataformas tenham sido tratadas, até o momento, como vítimas no esquema fraudulento de manipulação de resultados em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e de Estaduais deste ano.
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