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Jogos Olímpicos de 2020 não são uma prioridade, diz Gabriel Medina

MARCELLO OLIVEIRA GOLD COAST, AUSTRÁLIA (FOLHAPRESS) - Ao levantar o troféu de campeão mundial de surfe em 2014, o paulista Gabriel Medina, 24, se tornou o surfista brasileiro mais conhecido da modalidade. Sua fama correu o mundo e chegou a locais onde o

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.03.2018, 07:15:00 Editado em 11.03.2018, 07:15:09
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MARCELLO OLIVEIRA

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GOLD COAST, AUSTRÁLIA (FOLHAPRESS) - Ao levantar o troféu de campeão mundial de surfe em 2014, o paulista Gabriel Medina, 24, se tornou o surfista brasileiro mais conhecido da modalidade. Sua fama correu o mundo e chegou a locais onde o esporte é enraizado, como na Austrália.

Neste ano, fazendo a pré-temporada em Gold Coast, cidade que tradicionalmente abre o calendário do circuito mundial de surfe, que começa neste domingo (11), Medina se tornou figurinha carimbada nas praias australianas.

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Snapper Rocks, onde acontece a primeira etapa do Mundial, e Duranbah, logo ao lado, são as preferidas dos surfistas. Lá, amadores e profissionais se misturam em busca de uma onda perfeita.

No familiar bairro de Coolangatta, é comum ver pais e filhos caminhando juntos com suas pranchas de surfe. Foi lá que a Folha encontrou o surfista, na manhã da última quinta-feira (8).

Ele contou que, apesar de estar contente pela oportunidade de disputar a Olimpíada de Tóquio-2020, a competição não é uma prioridade.

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Seu foco continua sendo a busca pelo segundo título mundial, que esteve próximo em 2017, mas escapou na última etapa do campeonato.

Pergunta - No ano passado você ficou em terceiro lugar na etapa de Gold Coast, mas teve um início de temporada difícil, atrapalhado por lesões. Como se sente neste início de ano?

Gabriel Medina - O ano passado foi de aprendizado. Infelizmente eu tive a lesão na primeira etapa, mas foi um ano em que eu aprendi bastante. No final consegui recuperar bem os pontos e agora eu me preparei bastante.

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Ficou frustrado por não ter conseguido o título em 2017?

- Frustrado não, mas foi uma pena. Foi por pouco que perdi o título, mas era uma missão quase impossível. Faltavam três etapas para acabar o ano, eu estava em 11º e cheguei no Havaí com chance de título, em segundo lugar. Claro que eu queria ganhar muito, mas, no fim, foi um ótimo ano.

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Logo após perder o título, você disse que o futuro reservava algo melhor. O futuro é agora?

- O futuro quem decide é Deus. O meu trabalho é me preparar, treinar, me sentir 100% para cada evento e fazer o meu melhor. Colocar tudo que eu treinei, tudo que eu deixei de lado para estar aqui, e eu espero que seja este ano.

Teremos um recorde de brasileiros no circuito mundial deste ano. O que isso representa para o surfe nacional?

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- É um momento histórico. O Brasil nunca teve tantos surfistas assim. Hoje é o país que mais tem surfistas no Mundial [11]. Acho que é a melhor fase do Brasil. Fico feliz de fazer parte disso.

Apesar disso, não há um campeonato nacional atrativo. Isso é preocupante para o futuro do surfe profissional no país?

- O Brasil é muito fraco de campeonato. Na minha época, eu até cheguei a competir no Brasileiro. Tinham mais campeonatos, mas, hoje em dia, tem poucos e a molecada não têm oportunidade de mostrar potencial. Realmente o Brasil falha nisso. Você vem aqui para a Austrália, vai para os EUA, e eles têm o circuito deles. Um circuito bom, onde são descobertos novos talentos. É uma pena o Brasil não investir nisso, ainda mais na fase em que o país está no Mundial. Falta incentivo.

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Por falar em futuro, sua irmã Sophia tem só 14 anos e já é destaque em campeonatos nacionais. Qual é o segredo da família Medina?

- Minha irmã está fazendo o que gosta. Nós nunca forçamos ela a surfar. Ela está se divertindo e é legal porque ela está se dando bem. Nessa idade eu tinha ganhado um ou outro campeonato, eu engrenei mesmo depois dos 14. Ela tem peito. Espero que melhore cada vez mais, mas é difícil saber como vai ser. O ideal é não botar pressão e deixar ela se divertindo.

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Nos últimos anos foi comum ver surfistas brasileiros reclamando das notas dos juízes. Você acha que o país é prejudicado pela arbitragem?

- É difícil falar de julgamento, ainda mais no surfe. Deve dar um trabalho"¦ Eu não conseguiria ser juiz. Tem acontecido. Não só com brasileiros, mas com os gringos também. É um problema geral. Tiveram erros, mas cada vez mais eles têm procurado melhorar.

Você acha que deveria haver uma mudança no sistema de pontuação do surfe?

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- A gente [surfistas] conversa sobre isso. Na verdade há várias opções, mas não sabemos qual seria a ideal. Eu tenho várias ideias, mas nada concreto. Teria que pensar. Hoje, do jeito que está"¦ Cara, é difícil de falar sobre julgamento, mas eu acredito que eles tenham melhorado bastante. Vamos ver este ano.

Uma das principais novidades do Mundial é a etapa em onda artificial. Acha que esse tipo de onda favorece o seu estilo?

- Eu gostei da piscina de onda, surfei algumas vezes. É uma onda divertida, mas não sei como seria em uma competição. Vai ser difícil. A gente está acostumado com mar e eu prefiro surfar no mar, com certeza. A piscina vai ser um negócio novo que vamos testar. Acho que tomaram uma decisão muito precipitada, porque eu nem sei como vai ser a competição, e é uma onda que teve gente que até hoje não surfou. É tudo novo.

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Quem você considera que são os seus principais adversários? John John Florence continua seu maior rival?

- Pelos resultados sim, ele é o meu maior rival, mas tem vários caras bons. Eu acho que esse ano o circuito mundial vai ser legal de assistir. É o ano que tem mais gente boa participando. O nível está bem alto e vai ser muito disputado.

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No ano passado sua mãe reclamou do comportamento de alguns torcedores no Havaí. Acha que a competitividade e o profissionalismo que o esporte alcançou está afetando o clima de camaradagem que sempre existiu no surfe?

- O lance da torcida é normal, não é? Em todos os esportes uma torcida provoca a outra, como no futebol. O difícil é que o surfe está ficando mais profissional. Infelizmente isso aconteceu com a minha família. Eles assistiram da praia e aí ficavam enchendo o saco deles na areia, mas a praia é pública também.

Mas você acha isso é normal?

- É coisa de torcida. Eu não ligo. Não estou nem aí. É mais a minha família e as pessoas que torcem por mim que se incomodam. É verdade que você já morou em Gold Coast em um intercâmbio? Vários brasileiros contam essa história...

Eu já ouvi falar isso. Às vezes me perguntam sobre isso mesmo, mas eu nunca morei aqui, isso é lenda (risos). Uma vez eu fiquei aqui treinando por menos de um mês e acabei estudando inglês numa escola, mas foi só isso, nunca morei em Gold Coast.

Você pensa nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020? Vê a disputa da Olimpíada como uma prioridade?

- Sim, eu penso na Olimpíada. Não é uma prioridade, mas espero participar dos Jogos lá no Japão representando o Brasil. Ainda é cedo, não sabemos como serão selecionados os atletas. Quero muito participar, será histórico.

Mas se tivesse que escolher entre uma medalha olímpica e mais um título mundial?

- Acho que o título! (risos)

A WSL (Liga Mundial de Surfe) anunciou recentemente que as etapas de Pipeline e Fiji não serão disputadas em 2019. O campeonato sai perdendo?

São duas etapas que eu amo. É uma pena retirar elas do campeonato. São as duas melhores ondas do circuito.-

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