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Esquiador brasileiro saiu da favela para competir nos Jogos de Inverno

GUSTAVO LONGO PYEONGCHANG, COREIA DO SUL (FOLHAPRESS) - Como muitos garotos no Brasil, Victor Santos, 20, sonhava com o futebol e imaginava que o esporte poderia proporcionar uma condição melhor para ele. Mas foi outra modalidade que promoveu uma mudança

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 15.02.2018, 20:30:00 Editado em 15.02.2018, 20:30:12
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GUSTAVO LONGO

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PYEONGCHANG, COREIA DO SUL (FOLHAPRESS) - Como muitos garotos no Brasil, Victor Santos, 20, sonhava com o futebol e imaginava que o esporte poderia proporcionar uma condição melhor para ele. Mas foi outra modalidade que promoveu uma mudança significativa em sua vida e o levou a representar o país em uma edição dos Jogos Olímpicos.

O jovem morador da favela de São Remo, vizinha à Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo, se transformou no principal nome do país no esqui cross-country, esporte de inverno de resistência em que o atleta percorre diferentes distâncias.

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Sua participação nos Jogos de Inverno de Pyeongchang será nesta sexta-feira (16), às 4h30 no horário de Brasília.

"É legal participar de uma edição dos Jogos Olímpicos, mas também aumenta a responsabilidade. Vou servir de exemplo para os mais jovens. Quero passar a eles a mesma oportunidade que tive para chegar até aqui", disse.

A trajetória de Santos começou a mudar em 2013, quando conheceu o Projeto Social Ski na Rua, idealizado por Leandro Ribela, então atleta olímpico de esqui cross-country.

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Ele passou a ensinar a prática do rollerski, o famoso esqui com rodinhas, aos jovens da favela São Remo que passavam os dias nas ruas da Cidade Universitária.

Na época, Santos tinha 16 anos, mas já fazia bicos para ajudar a família financeiramente. Ele trabalhou como empacotador de supermercado, lavador de carros, entregador de água e flanelinha.

Resolveu experimentar um esporte diferente apenas por diversão, atendendo a um convite dos seus irmãos, que já participavam do projeto. Desde então, não saiu mais.

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"É bom ver que conseguimos gerar oportunidades e dar as ferramentas para que os meninos possam atingir seus objetivos. O Victor mudou bastante do que era antes. Ele já incorporou os valores olímpicos, como amizade e respeito, que tentamos explicar nas aulas", disse Ribela, que hoje treina o atleta.

Santos diz se sentir pronto para desbancar Ribela do posto de melhor atleta masculino do Brasil na história do esqui cross-country em Jogos Olímpicos. Ele chega a Pyeongchang com marcas melhores do que as do técnico e tem como objetivo superar o desempenho de Ribela, que na Olimpíada de Vancouver-2010 ficou na 90ª posição.

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Atualmente, Santos está entre os três melhores do ranking latino-americano e tem uma média de 180.10 pontos FIS, métrica utilizada para análise do ranking de esqui cross-country e que leva em conta o desempenho do atleta em cada prova. A melhor marca de Ribela foi 205.37 pontos.

Além disso, Santos detém os recordes brasileiros das categorias adulta e júnior e é tricampeão do Circuito Brasileiro de Rollerski.

"Eu me surpreendi um pouco com minha evolução. Tudo aconteceu de forma muito rápida. Nos dois primeiros anos achei que não teria condições de brigar por uma vaga nos Jogos Olímpicos, mas nos últimos dois anos eu vi que isso era possível", afirmou o atleta.

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O ponto de virada na carreira de Santos aconteceu em São Carlos, no interior de São Paulo, em outubro de 2015, durante a disputa da primeira prova oficial de rollerski na América do Sul. A competição valia pontos para o ranking internacional de esqui cross-country.

Victor venceu as duas corridas realizadas naquela edição e percebeu que a pretensão de disputar uma Olimpíada não estava tão distante.

"Ali eu vi que estava competindo de igual para igual com todos os atletas", disse.

A disputa brasileira pela vaga olímpica foi dura, e Santos só garantiu a participação em Pyeongchang no último dia do período pré-olímpico, em 22 de janeiro.

Outros atletas também já tinham a pontuação necessária para a Olimpíada e tentavam ultrapassar a marca de Santos no ranking nacional. Entre os competidores estava o seu colega Lucas Martins, 16, que também começou no esporte participando do Projeto Social Ski na Rua.

A concorrência é tamanha que Victor Santos já está preocupado com a classificação do ranking para o próximo ciclo olímpico.

"Quero seguir treinando e tentar a vaga nos próximos Jogos Olímpicos", finalizou.

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