SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pelo segundo ano seguido, o GP Brasil de F-1 não tem patrocinador e depende exclusivamente do que arrecada com venda de ingressos. A organização do evento trabalha com uma previsão de deficit na casa de R$ 100 milhões, valor perto do que foi registrado em 2016.
Neste ano, a Heineken é dona dos naming rights da corrida, mas o acordo não dá dinheiro aos organizadores. A cervejaria é parceira global da F-1 e empresta seu nome a alguns GPs sem patrocinador.
A Petrobras, que foi a apoiadora de 2009 a 2015, voltou a dar dinheiro para a corrida nesta temporada, mas tudo o que é injetado vai para os cofres da FOM (Formula One Management), empresa que gere o campeonato.
A Globo tem direito a placas de publicidade ao redor da pista. Porém, ela negocia esses espaços com seus cotistas.
Outros parceiros da FOM, como DHL, Rolex e Emirates, também podem explorar áreas de publicidade para exibir as marcas, e os valores despendidos vão para a conta da TV. Nem mesmo os produtos licenciados vendidos ao redor do autódromo entram como receita para os organizadores, que ainda arcam com o custo de 70 geradores alugados.
Com isso, toda a receita que a promotora da prova --a Interpub-- capta vem da bilheteria.
Em 2016, 128.100 pessoas foram ao autódromo de Interlagos nos três dias de evento.
Foi consideravelmente menos do que em 2015 (136.410), em 2014 (133.109) e em 2013 (130.475). A expectativa dos organizadores é que o número de pagantes aumente neste ano -até sexta-feira, só havia ingressos para um dos setores do autódromo.
Ainda assim, a alta na demanda não banca a operação. O valor da renda nunca é divulgado pelos organizadores.
"A procura do público aumentou porque este ano a economia está um pouco melhor, e nós últimos anos teve Copa e Olimpíada no Brasil, o que afeta. Calculamos aumento de 7.000 pessoas de 2016 para 2017", disse Tamas Rohonyi, presidente da Interpub e organizador do GP Brasil há quase quatro décadas.
A Interpub gasta aproximadamente US$ 5 milhões (quase R$ 16 milhões) por ano para organizar o evento.
De acordo com o empresário, a sua promotora consegue igualar despesas e receitas com o valor da prova.
Entretanto, não há verba suficiente para pagar o chamado "promoter fee" (taxa do promotor), que cada organizador tem de pagar à FOM trazer o país o chamado circo da F-1.
Nisso se inclui o aparato necessário como equipamentos, estafe e produção da corrida.
Essa despesa internacional gira na casa dos R$ 100 milhões, e é justamente o que fica como deficit a cada ano para os realizadores do evento em Interlagos.
"Normalmente é o promotor que paga estas despesas, mas no nosso caso a FOM faz todo o investimento. Como se pode imaginar, ela não está muito feliz com esta situação, pois é uma verba que deixa de ganhar", disse Rohonyi.
Até o ano passado, a prova brasileira contava com o "apadrinhamento" de Bernie Ecclestone, ex-dono da F-1, que bancava o deficit gerado. O inglês vendeu o comando da categoria para o grupo Liberty Media, que passou a administrá-la a partir desta temporada.
NA TV
GP BRASIL F-1
14h TV Globo
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