MAIS LIDAS
VER TODOS

Esportes

Com dinheiro no clube, cartola são-paulino tentar gerir crise

SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA GIANCARLO GIAMPIETRO E PAULO PASSOS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando o São Paulo apresentou o atacante argentino Ricardo Centurión, em fevereiro de 2015, havia no palco também uma figura enigmática, que se introdu

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 13.10.2017, 05:00:00 Editado em 13.10.2017, 05:00:12
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA

continua após publicidade

GIANCARLO GIAMPIETRO E PAULO PASSOS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando o São Paulo apresentou o atacante argentino Ricardo Centurión, em fevereiro de 2015, havia no palco também uma figura enigmática, que se introduzia como torcedor e investidor para bancar a contratação.

continua após publicidade

Pouco mais de dois anos depois, em maio de 2017, Vinícius Pinotti, 41, dessa vez era a própria notícia, ao ser nomeado o diretor-executivo de futebol do clube.

"Sempre sonhei em estar aqui, mas não imaginava que seria tão rápido assim", disse à reportagem.

Pinotti passou a ocupar o cargo justamente quando o time enfrenta uma das fases mais complicadas de sua história, envolvido, pelo segundo ano seguido, na luta contra o rebaixamento.

continua após publicidade

Chegou lá ao se projetar como novo quadro político de uma instituição desesperada por reformulação e respaldado por sua fortuna, por mais que não goste da observação.

"Foi um investimento barato", diz sobre os 4 milhões de euros (R$ 15 milhões em valores atuais) por 70% dos direitos de Centurión.

Ele é dos poucos dirigentes que seguiu no cargo após a renúncia de Aidar, em outubro de 2015, e a primeira eleição de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

continua após publicidade

Na verdade, se fortaleceu com a mudança. Sua influência extravasou a área que chefiava na gestão anterior, o marketing. Voltou a ajudar o clube em 2016. Os empréstimos somaram cerca de R$ 21 milhões.

Diz ainda ter colaborado financeiramente com a campanha do atual presidente.

continua após publicidade

Com o segundo mandato de Leco assegurado em abril e a mudança estatutária, Pinotti foi um dos quatro executivos nomeados. Recebe salário em torno de R$ 10 mil, remuneração simbólica, até dez vezes menor que a de alguns antecessores.

As dívidas do clube com o dirigente são pagas em longas prestações, seguindo correção monetária.

Não há pressa. A família herdou do pai, Anizio, ações da Natura, da qual representa um dos blocos do grupo de controle da empresa.

continua após publicidade

Em seu antebraço direito, estampa tatuagem que diz: "Pai, meu herói".

Com seu capital, passou a atuar como investidor. Mas gosta de lembrar a origem de baixa classe média, na zona sul paulistana.

Não descarta colocar mais dinheiro no clube. Diz que, por ora, não é necessário.

continua após publicidade

"É algo que se fala, até por ter sido feito recentemente em um co-irmão [o Palmeiras]. Mas o São Paulo também precisa caminhar com as próprias pernas. Hoje estamos em posição superavitária."

SUBINDO

continua após publicidade

A reportagem falou com pessoas que tiveram contato direto com o diretor em suas diversas atribuições em meio à ascensão repentina no clube.

Existe a crença de que Pinotti seria capaz de oferecer ao futebol mais profissionalismo e reestruturação gerencial. É visto como alguém que sabe mexer com finanças.

A dedicação ao trabalho e ao clube é apontada como diferencial, antes mesmo de abrir expediente no centro de treinamento da Barra Funda.

continua após publicidade

Por outro lado, há ressalvas quanto a sua escalada.

Uma linha crítica questiona quais seus predicados para ser o diretor de futebol.

Aponta-se que não seria do ramo e não teria a experiência para lidar com o vestiário.

continua após publicidade

Pinotti diz poder oferecer "governança" —um termo que lhe é muito caro— e que, para questões esportivas, estaria cercado por especialistas.

Registre-se também a presença constante do presidente Leco no CT. A palavra final será dele, tal como aconteceu na demissão de Rogério Ceni.

continua após publicidade

Em termos de chegadas e partidas, batalhou persistentemente pela volta de Hernanes.

Na contramão, com habilidade, costurou a rescisão do meia Wesley, hoje no Sport, economizando R$ 5 milhões.

Seus defensores dizem que talvez o futebol precise justamente de uma visão de fora.

continua após publicidade

Lembram que, no marketing, também poderia ser considerado um "forasteiro", mas que deu resultado.

Em época de vacas magras, trouxe patrocínios. O clube não fechava um acordo de longo prazo para marcas na camisa havia dois anos. Embora os valores sejam considerados baixos para o mercado, internamente os contratos foram pontos a seu favor.

Foi ele, porém, que contratou o ex-gerente de marketing Alan Cimerman, demitido em agosto por justa causa sob acusação de práticas corruptas relacionadas a shows no Morumbi.

continua após publicidade

Pinotti também tem se dedicado a incrementar o estafe em torno do time profissional. A contratação de Altamiro Bottino, ex-Palmeiras, como coordenador científico, foi um passo nessa direção.

JOGO ARRISCADO

continua após publicidade

Alguns aliados creem que o diretor possa ter se precipitado em assumir o cargo nas atuais circunstâncias.

Não só pela fase delicada do time, mas também pela instabilidade política do clube, deflagrada durante o terceiro mandato de Juvenal Juvêncio e agravada pelos escândalos envolvendo Aidar.

"Sabia dos riscos, mas isso me move", disse Pinotti.

O temor é de que não esteja preparado para as pressões de um cargo de repercussão pública. Está agora exposto à opinião de milhões de torcedores e ao jogo político do clube.

Seus aliados reconhecem que pode ser impulsivo, se provocado. "Não sabe ouvir não" foi uma das frases usadas para descrevê-lo.

Profissionais ligados à campanha de Leco citam uma postura excessivamente defensiva diante de notícias contrárias.

Tendia a ver as digitais da oposição. O grupo rival contava com o apoio de outro milionário de papel recente no Morumbi: Abílio Diniz.

Ao menos o time vive paz momentânea com a torcida.

Em setembro, Leco articulou visita de representantes das organizadas e de outros grupos ao CT do clube.

Pinotti já esteve próximo da Independente. Admite que, na arquibancada, tendia a se posicionar ao lado da organizada. Mas nunca foi filiado.

Agora diretor, sabe que será avaliado apenas pelos resultados do time em campo.

O São Paulo luta para evitar o rebaixamento no Brasileiro. Seria um duro golpe ao seu projeto, mesmo que só tenha assumido o cargo em maio.

Espera que não haja mais nenhuma entrevista coletiva tão cedo com mudanças no departamento de futebol.

A troca de comando é algo já recorrente no São Paulo. Com Leco, desde outubro de 2015, entre diretores e vice-presidentes, Pinotti foi o oitavo dirigente nomeado.

"O clube precisa acreditar numa ideia e seguir em frente", disse o executivo.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Esportes

    Deixe seu comentário sobre: "Com dinheiro no clube, cartola são-paulino tentar gerir crise"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!