SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O comitê executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional) reconheceu nesta segunda-feira (11), em meio à sessão da entidade, que eleições para cidades-sede dos Jogos Olímpicos recentes podem ter sido fraudadas com compra de votos de seus membros.
Em comunicado, o COI afirmou que está "totalmente comprometido em proteger a integridade do esporte" e que vai agir contra transgressores.
O comitê olímpico também revelou que sua comissão de ética pediu que seus advogados fizessem contato com autoridades da Justiça brasileira sobre a investigação da compra de votos em 2009. "A comissão de ética do COI tem acompanhado essa questão. Quando houver provas, vamos agir", disse a entidade no comunicado.
O posicionamento ocorre na semana seguinte à Operação Unfair Play ("Jogo Sujo"), da Polícia Federal, que intimou o dirigente Carlos Arthur Nuzman a depor sob suspeita de agir como elo na compra de votos que garantiram o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Também pesam suspeitas sobre a escolha de Tóquio como sede dos Jogos de 2020.
"O comitê executivo do COI reafirmou hoje [nesta segunda-feira] que infrações do passado serão analisadas. Em relação à investigação em torno do ex-presidente da IAAF, Lamine Diack, e seu filho, Papa Massata Diack, promotores da França afirmaram haver indícios de que pagamentos foi feitos em troca de votos", disse a nota.
"Neste contexto, no que diz respeito a votos de cidades-sede dos Jogos Olímpicos no passado, o COI tomou ações imediatas. O COI juntou-se à investigação como parte cível há mais de um ano. Logo que provas foram exibidas contra Lamine Diack, ele perdeu sua condição de membro honorário do COI, em novembro de 2015."
A operação Polícia Federal e autoridades francesas ligou Nuzman, Lamine e Papa Diack e Arthur César de Menezes Soares, conhecido como "Rei Arthur".
Ela investiga o suposto pagamento de US$ 2 milhões para o senegalês Lamine Diack, membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) na eleição que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016.
Nuzman é investigado sob suspeita de ter feito a "ponte" entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral e os membros do COI. A propina ao senegalês foi debitada, segundo a Procuradoria, da devida pelo empresário Arthur César de Menezes Soares, o "Rei Arthur", ao peemedebista. O empresário obteve mais de R$ 3 bilhões em contratos com o Estado.
O bloqueio de bens atendeu a um pedido do Ministério Público Federal para garantir o pagamento de danos morais coletivos em caso de condenação dos réus. Para os procuradores, o caso de corrupção provocou danos à imagem do país no exterior. O valor solicitado foi de R$ 1 bilhão.
Em sua petição para realizar a operação, a procuradoria afirma que "há fortes indícios de que Carlos Arthur Nuzman teve participação direta nos atos de compra de votos para membros do COI na escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e no repasse da vantagem indevida (propina) destinada a Sérgio Cabral e em enviada diretamente a Papa Massata Diack, por meio de Arthur Soares".
Durante a operação, a Polícia Federal encontrou na casa de Nuzman R$ 480 mil em notas de dólares, libras, reais e euros. Também foi apreendido um passaporte russo pertencente ao cartola.
Como a PF apreendeu os passaportes de Nuzman, ele foi impedido de participar da sessão em Lima, no Peru, que homologará, entre outras coisas, Paris como sede da Olimpíada de 2024 e Los Angeles como a 2028.
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