EDUARDO RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Zagueiro e capitão do São Paulo, Maicon não demonstrou total apoio à atitude do companheiro Rodrigo Caio no clássico contra o Corinthians, no domingo (16), pelo primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista.
"Eu acho que é melhor a mãe dele [Jô] chorando do que a minha. Prefiro a mãe dos meus adversários chorando do que a minha", afirmou o jogador em entrevista coletiva nesta segunda-feira (17).
O lance que gerou uma grande repercussão aconteceu aos 39min do primeiro tempo. O atacante corintiano Jô tentou alcançar um passe longo e o goleiro Renan Ribeiro, do São Paulo, saiu para fazer a defesa, protegido por Rodrigo Caio. Após ver o goleiro reclamar de um pisão na perna, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira mostrou cartão amarelo ao atacante.
Seria o seu terceiro no torneio, o que o deixaria suspenso do jogo de volta, que será disputado no domingo (23), no Itaquerão. Mas o zagueiro são-paulino disse a verdade para o juiz: fora ele o autor do pisão involuntário em Renan. O cartão foi anulado.
"A gente deveria respeitar a atitude dele, foi o que ele quis fazer na hora. Se foi certo ou não a consciência está com ele, e temos que apoiar. Estou do lado dele. Se achou que foi certo ter feito isso, ele fez. Da minha parte não posso dizer porque não aconteceu comigo. Não sei no calor do jogo o que aconteceria, então não tem como eu te responder", completou Maicon.
A honestidade fez Rodrigo Caio virar um dos principais assuntos em redes sociais.
Em 24 horas, o seu nome foi citado 26 mil vezes no Twitter. Mas o jogador se irritou, após a partida, com as perguntas sobre o ocorrido.
"Eu não fiz nada de mais. Apenas disse ao árbitro que o Jô não tinha pisado no Renan", afirmou o defensor na zona mista logo após o clássico, com cara amarrada pela insistência no assunto e sem responder se sabia que o adversário estava pendurado com dois cartões amarelos.
Perguntado se acreditava que um corintiano teria a mesma atitude em caso contrário, ele disse apenas uma frase e foi embora: "Cada um tem a própria consciência."
Pela irritação de Rodrigo Caio com as perguntas, acreditou-se que ele havia sido cobrado pelos companheiros e pela comissão técnica no vestiário. Maicon, porém, disse que nada aconteceu.
"Não teve nada no vestiário, não adianta tentar achar algo que não aconteceu. A cobrança tem que ter, mas essa polêmica ou briga no vestiário não teve", afirmou.
A reportagem apurou que alguns membros da diretoria não gostaram da atitude de Rodrigo Caio, alegando que não receberiam o mesmo tratamento se a situação fosse inversa.
O diretor de futebol do clube, José Jacobson, no entanto, exaltou a atitude do atleta.
"Foi um gesto que é um marco divisor do futebol brasileiro. Ele não é um herói, mas foi um ato nobre que o futebol não está acostumado a ver", disse à reportagem.
Já o treinador Rogério Ceni não deu muita atenção ao fato e preferiu elogiar seu comandado após ser derrotado por 2 a 0 dentro de casa.
"Ele foi um 'gentleman' [cavalheiro, em inglês]. Teve uma atitude que terá de ser elogiada por vocês [jornalistas]", afirmou, sem dizer se teria a mesma atitude se ainda fosse jogador. "Eu já parei. Não vou responder isso."
'FAIR PLAY'
Desde 1987, a Fifa premia jogadores, clubes e seleções por gestos que promovem o espírito esportivo no futebol.
O último homenageado foi o Atlético Nacional (COL), em 2016, após pedir à Conmebol que reconhecesse a Chapecoense como campeã da Copa Sul-americana. O time foi vítima de um acidente aéreo que deixou 71 mortos.
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