MARCEL RIZZO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Retirado da chefia da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF) ao escalar um árbitro que estava suspenso para trabalhar em jogo da Copa São Paulo de Futebol júnior, o coronel Marcos Marinho disse que já negociava com a diretoria da FPF sua saída da função desde o final do ano passado.
Mas admitiu que o erro antecipou a reformulação no departamento e absolveu Flávio Rodrigues Guerra, o pivô da polêmica.
"Eu já entendia que era necessário alguém que estivesse mais próximo da área [na função]. Entrei há dez anos para dar credibilidade, e fiz o meu trabalho. Mas com mudanças na área, era preciso alguém mais do campo e já conversava com o Reinaldo [Carneiro Bastos, presidente da FPF] sobre isso", disse Marinho à Folha de S.Paulo.
Ele representou, nesta quinta (28), a FPF em evento do Ministério do Esporte sobre ranking dos estádios brasileiros. Marinho continua na federação no cargo de diretor de segurança e combate à violência, cargo que acumulava com a arbitragem.
"A escalação do [árbitro] Flavio Guerra foi o momento em que percebi que deveria sair. Pisei na bola, não estava no sistema. Nesse momento falei para o Reinaldo que já não estava enxergando coisas que enxergaria anos atrás. Foi o momento", disse Marinho.
Suspenso por 100 dias desde 27 de novembro de 2015, o árbitro Flávio Rodrigues Guerra foi escalado e trabalhou na partida São Paulo 1 x 0 Figueirense, em 14 de janeiro, pela quarta fase da Copa São Paulo de futebol júnior. Dois dias depois a FPF anunciou que Marinho deixava o cargo.
Nesta quarta (27), o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) multou a FPF em R$ 30 mil pela escalação irregular de Guerra. O árbitro não teve sua pena de 100 dias aumentada --ele foi suspenso por ter expulsado o jogador errado, no entendimento do STJD, na partida Corinthians 2 x 0 Santos, dia 20 de setembro de 2015, pela Série A do Brasileiro.
No lance, após um pênalti para o Corinthians, Guerra deu o vermelho ao zagueiro David Braz, quando quem fez o pênalti foi Zeca. Na súmula, Guerra escreveu que expulsou Braz por ter reclamado, o que não ficou evidente nas imagens.
"O Guerra poderia ter avisado [que estava suspenso], mas ele foi inocente, é meu amigo, uma boa pessoa. Não fez propositalmente, imaginou que poderia apitar na Copinha", disse Marinho. Segundo ele, Guerra afirmou a algumas pessoas que pensa em encerrar a carreira aos 36 anos --nove anos antes do limite imposto pela Fifa, que é de 45. O árbitro não foi encontrado para comentar o assunto.
Na quarta à noite (27), a FPF colocou interinamente no cargo de diretor da comissão de arbitragem o ex-auxiliar Ednilson Corona. Ele ficará no cargo por ao menos 30 dias e comandará a escala de arbitragem nas primeiras rodadas do Paulista.
Marinho, agora, diz que vai se dedicar a questões de combate à violência de torcidas organizadas e criação de regras de segurança para os estádios paulistas. Por alguns anos, ele foi responsável pela segurança das partidas como major da Polícia Militar.
Escrito por Da Redação
Publicado em 28.01.2016, 14:40:51 Editado em 27.04.2020, 19:53:21
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