Longe das bombas, tiros de borracha, polêmicas e debates políticos, o esporte paranaense também administra o golpe sofrido com a crise nos cofres do estado. No movimentado ano que antecede a primeira Olimpíada realizada no país, o principal programa de incentivo do esporte local está interrompido. O Talento Olímpico do Paraná (TOP 2016) transferiu sua última parcela a 1.500 bolsistas em dezembro. Após cinco meses não há uma data exata para a retomada do pagamento.
“Toda essa dificuldade financeira do estado afeta o projeto e atrasou o repasse. Sempre que existe uma crise há a redução de recursos. Desde que terminou no ano passado até agora não há este valor liberado”, admite o secretário de Esporte e Turismo do estado, Douglas Fabrício.
Criado em 2011, o programa incentiva financeiramente jovens atletas com potencial para disputar os Jogos Olímpicos de 2016 e de 2020, em Tóquio. Até 2014 eram 1.500 atletas, paratletas e técnicos bolsistas, com investimentos de R$ 10 milhões.
Além do apoio financeiro, o programa inclui um processo de capacitação dos atletas e técnicos, com a realização de cursos e avaliações.
Na última edição, as cotas do Top 2016 eram de R$ 150 a R$ 3 mil. Pacote que fez o governador Beto Richa definir, no lançamento da temporada passada, o programa como de “referência nacional”. Valores que fazem falta na preparação dos atletas.
“Tivemos uma reunião com o secretário. Eles estão vendo a questão da verba no orçamento. A previsão é de que recomece em julho, agosto, um ano antes dos Jogos. É uma pena.
Esperávamos que o Brasil estivesse em outro estágio tão perto da Olimpíada. A gente luta há tantos anos para representar o país e o jeito é fazer como dá”, lamentou Daniel Jorge da Silva, do vôlei sentado. “O jeito é segurar o máximo possível para não gastar. Usava a bolsa para minha manutenção, alimentação. Já deixei de comprar um suplemento melhor para usar um mais barato.”
Ele é o único atleta paralímpico a receber o teto (categoria Top Olimpo). Já é certo que irá ao Parapan de Toronto, em agosto, sem o suporte da bolsa.
O mesmo vale para quem estará no Pan, um mês antes. Caso do velejador olímpico Bruno Fontes. Ele briga com Robert Scheidt tanto pela vaga para Toronto como para a Rio-2016 e, diante dos desdobramentos do ajuste fiscal pretendido pelo Palácio Iguaçu, já imaginava que o aperto de cinto atingiria o esporte.
“Se a situação da educação está assim no Paraná, já imaginava que o esporte ia ter de esperar. Claro que a gente sente muita falta, ainda mais chegando em uma reta final, onde as seletivas vão se afunilando e o investimento pesa mais”, afirmou o velejador olímpico Bruno Fontes.
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