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Governo discute com CBF e clubes campanha de combate ao racismo

O ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência, Carlos Alberto Júnior, informou que o órgão buscou contato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para aprimorar a campanha "Somos Iguais", de combate ao preconce

Da Redação

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Pedro França/Agência Senado
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Pedro França/Agência Senado
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.11.2014, 16:24:00 Editado em 27.04.2020, 20:05:50
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O ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência, Carlos Alberto Júnior, informou que o órgão buscou contato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para aprimorar a campanha "Somos Iguais", de combate ao preconceito, lançada pela entidade esportiva em abril deste ano.

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Segundo Carlos Alberto Júnior, que participou nesta segunda (17) de audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre o racismo no futebol, uma das propostas analisadas é criar uma ferramenta, possivelmente um aplicativo de internet, para que o torcedor denuncie caos de racismo na hora em que ocorrerem, dentro ou fora dos estádios.

- Em 2014, houve cinco casos de racismo no futebol. Então é importante que verifiquemos o que está acontecendo. O combate ao racismo é algo tão importante, que o legislador deu a ele status constitucional. É um crime de potencial ofensivo gravíssimo porque, apesar de não ferir de morte, fere a alma e o orgulho da vítima - afirmou.

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O secretário também chamou atenção para a pouca presença de negros na direção e no comando técnico dos clubes de futebol no Brasil. Dos 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro, lembrou ele, apenas o Fluminense tem um treinador negro (Cristóvão Borges) e, na maioria dos casos, os afrodescendentes exercem funções de apoio, sem protagonismo, o que não reflete a diversidade do país.

Campanha

Deise Benedito, assessora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, defendeu o envolvimento direto dos clubes em ações de responsabilidade social e sugeriu que os times brasileiros adotem em seus uniformes ao longo de novembro, mês da consciência negra, frases contra o racismo. Ela entende que os clubes devem assumir compromissos pelo fim da discriminação no futebol.

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- Eles atingem diretamente uma massa de jovens e têm um contato muito direto com o público. É importante estimular mais campanhas - argumentou.

Na opinião de Deise Benedito, o racismo ainda ocorre devido à certeza da impunidade. Todavia, ponderou, a prisão não é a melhor alternativa:

- Punir não passa necessariamente pela prisão, mas por medidas pedagógicas e socioeducativas para a que pessoa tenha consciência do erro praticado.

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Grêmio

O vice-presidente do Grêmio, Adalberto Preis, disse que o clube foi injustiçado no caso de preconceito racial contra o goleiro Aranha, do Santos. Na opinião do dirigente, quiseram imputar a responsabilidade e a característica de racista ao clube, que tem tradição de ser multirracial, como ressaltou.

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O dirigente lembrou que, de um público de 32 mil pessoas presentes no estádio em 28 de agosto, quatro torcedores foram indiciados em inquérito policial e denunciados à Justiça.

- Eu não tiro nada da importância que foi dada ao fato, mas, do ponto de vista da imputação ao clube e em se tratando de uma conduta de poucos torcedores, houve exagero e injustiça - disse.

Adalberto Preis acrescentou que o Grêmio é o único clube no Brasil que tem estatutariamente uma estrela dourada em sua bandeira, representando o jogador negro Everaldo Marques da Silva, campeão mundial pela seleção brasileira em 1970. Além disso, acrescentou, o autor do hino do clube é um negro: Lupicínio Rodrigues.

- Não obstante a terrível campanha feita, tentando pôr no Grêmio a mancha de racista, o clube não é racista - afirmou.

O advogado Ronaldo Ferreira Tolentino, da Comissão Especial de Direito Esportivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lembrou que a legislação estabelece que o time é responsável pelas atitudes de seus torcedores em seu estádio, daí a punição à agremiação gaúcha.

- O que aconteceu com o Grêmio poderia ter acontecido com qualquer outro clube. O Grêmio não é racista. Mas parte da torcida, num ato infeliz, praticou um crime. E o clube, na alegria ou na tristeza, é responsável pela sua torcida - disse.

A audiência foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Também participaram o diretor Regional dos Consulados do Internacional, Alexandre Santos e o diretor institucional da Federação Nacional dos Jornalista (Fenaj), José Carlos Torves.

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