Inimigos políticos declarados, Estados Unidos e Argélia estarão frente a frente no único campo de batalha que o mundo gostaria de vê-los. No gramado do Loftus Versfeld, em Pretória, duelarão nesta quarta-feira, a partir das 16h (11h de Brasília), por uma vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo. Apenas um pode sobreviver.
Para os argelinos, a Copa só continua se vencerem - mesmo assim, dependem do resultado de Inglaterra e Eslovênia, que se enfrentam no mesmo horário. Já os americanos chegam às oitavas sem depender de ninguém caso ganhem a partida. Mas também podem passar empatando, desde que a Inglaterra perca ou empate (neste último caso a decisão iria para o saldo de gols e, persistindo o empate, para o sorteio).
- Estamos muito conscientes do que cada resultado pode representar. Se perdermos, estamos fora da Copa. Se vencermos, seguimos. Sei que há cenários em que podemos nos classificar mesmo com um empate, mas o nosso objetivo não é esse. Queremos vencer para não depender de mais nada - destacou o meia Donovan, referência do time americano.
Mas além de importante para a classificação do grupo C, esta é uma partida interessante porque ajuda a contar um pouco da trajetória dos dois países nas últimas décadas. Argélia e Estados Unidos são diferentes em quase tudo, inclusive no processo migratório. Um virou porta de saída e outro tornou-se porta de entrada. E o resultado disso está nas gerações que se enfrentam na Copa de 2010.
A Argélia é o time mais estrangeiro do torneio. De seus 23 jogadores, apenas seis nasceram no país. Os outros 17 vieram de solo francês, mas têm nomes, rostos, pais argelinos. Isso ocorreu por causa do exôdo de suas famílias, que buscaram na França refúgio contra dificuldades econômicas e contra o terrorismo. É, assim, um caso raro de uma seleção legítima criada, quase toda, fora de suas fronteiras.
Já os Estados Unidos estão na outra ponta deste processo. São o destino de imigrantes de várias partes do mundo. Por isso a equipe tem nomes como José Francisco Torres, Herculez Gomez, Carlos Bocanegra e Oguchi Onyewu. Todos os citados nasceram, de fato, nos Estados Unidos, filhos de estrangeiros. Apenas dois dos 23 não nasceram no país (um escocês e um brasileiro, o meia Benny Feilhaber), mas foram criados lá.
Um dos símbolos desta grande mistura é o goleiro argelino M'Bolhi, que assumiu a posição de titular depois da falha de Chaouchi na estréia contra a Eslovênia. M'Bolhi nasceu em Paris, filho de pai congolês e mãe argelina. Contra a Inglaterra, na última rodada, fez apenas sua segunda partida pela seleção e saiu sem levar gols.
A solidez defensiva, aliás, é a grande qualidade argelina. Já o ataque mostra-se frágil desde as Eliminatórias. E para se classificar, o país terá que quebrar um jejum de quatro jogos sem marcar em Copas (dois em 2010 e dois em 1986).
- Fomos um pouco tímidos contra a Inglaterra. Conseguimos jogar bem, mas deveríamos ter arriscado mais no ataque. Acho que vamos melhorar para a partida contra os Estados Unidos - prometeu Bougherra, argelino de Longvic, na França.
Deixe seu comentário sobre: "Estados Unidos e Argélia travam guerra por vaga"