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Caso de lavagem de dinheiro é mais um escândalo do “império” de Ricardo Teixeira

Enquanto o país vive a expectativa da preparação da Copa do Mundo de 2014, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do Comitê Organizador do Mundial, Ricardo Teixeira, coleciona escândalos e suspeitas de operações fraudulentas e crimi

Da Redação

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 Caso de lavagem de dinheiro é mais um escândalo do “império” de Ricardo Teixeira
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Caso de lavagem de dinheiro é mais um escândalo do “império” de Ricardo Teixeira
Escrito por Da Redação
Publicado em 27.09.2011, 09:59:00 Editado em 27.04.2020, 20:44:49
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Enquanto o país vive a expectativa da preparação da Copa do Mundo de 2014, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do Comitê Organizador do Mundial, Ricardo Teixeira, coleciona escândalos e suspeitas de operações fraudulentas e criminosas. O mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro terá de dar explicações sobre casos que vão desde lavagem de dinheiro à venda de pacotes turísticos para a Copa no Brasil.

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O mais novo caso surgiu nesta segunda-feira (26), quando a Polícia Federal divulgou que irá investigar se Teixeira trouxe dinheiro ilegalmente para o país. O procurador da República Marcelo Freire enviará ao órgão um pedido de investigação formal contra o cartola.

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De acordo com acusação do jornalista Andrew Jennings, da rede britânica BBC, João Havelange, ex-presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira receberam US$ 9,5 milhões em propinas da empresa de marketing ISL para garantir contratos de exclusividade em transmissões e patrocínios da Copa do Mundo. Os pagamentos da ISL foram feitos a uma empresa chamada Sanud, baseada no principado europeu de Lichenstein. O que chama a atenção dos investigadores é que a Sanud remeteu dinheiro para o Brasil como se fizesse empréstimos para Teixeira, mas o cartola nunca pagou de volta, um indício de que a Sanud pode ter sido criada apenas para transferir o dinheiro das propinas para o Brasil.

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Um amistoso realizado entre Brasil e Portugal, em novembro de 2008, também levantou suspeitas acerca do nome de Teixeira. O mandatário é suspeito de ter ficado com R$ 9 milhões de dinheiro público destinado à organização da partida. Deputados e senadores abriram pedido para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.

A suspeita surgiu por conta da ligação entre o cartola e Vanessa Almeida Preste, uma moça que é gerente de loja, mas que também aparece como acionista de uma empresa chamada Ailanto Marketing. Sem nenhuma experiência com futebol, a empresa promoveu o jogo da seleção brasileira contra Portugal em Brasília, que marcou a reinauguração do estádio do Gama. Na época, o então governador José Roberto Arruda pagou à Ailanto o valor de R$ 9 milhões pela realização do jogo.

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O Ministério Público diz que o caso é uma aberração, e agora quer o dinheiro de volta aos cofres públicos porque a empresa não gastou nem um real para promover o jogo. A conta sobrou para a Federação Brasiliense de Futebol.

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Pacotes turísticos

O jornal Folha de S. Paulo destacou em sua edição de 29 de junho que duas empresas foram escolhidas pela Fifa para explorarem um dos ramos mais lucrativos da Copa do Mundo de 2014: pacotes de viagens, hospedagem em hotéis de luxo e ingressos em espaços VIP para os jogos do mundial. A Traffic e o Grupo Águia são empresas que tem ligações com a CBF e Ricardo Teixeira e poderão comercializar 100 mil “pacotes hospitalidade” da Fifa, um negócio milionário.

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Cláudio Abraão dirige uma das empresas do grupo Águia, a SBTR (Stela Barros Turismo). Em 2009, ele vendeu uma cobertura na Barra da Tijuca a Teixeira por R$ 720 mil. Mesmo valor que pagou em 2002, quando ele comprou o imóvel. Na escritura, há um detalhe curioso, a base de cálculo do valor do imposto foi de quase R$ 2 milhões. Na região, corretores de imóveis calculam que uma cobertura de frente para a praia neste condomínio saia por R$ 4 milhões.

Cláudio é irmão de Wagner Abrahão, dono do Grupo Águia. Teixeira e Wagner são velhos conhecidos. Wagner Abrahão é dono da agência de viagens da CBF. Suas empresas organizam as viagens da seleção e a venda de pacotes para Copas do Mundo. Na França, as empresas deixaram de entregar ingressos vendidos e deixou mil torcedores de fora dos jogos. Na Alemanha, foram acusadas por fazer vendas casadas de bilhetes e pacotes.

A CPI do Futebol, realizada entre 2000 e 2001, ainda apontou que a SBTR superfaturava preços de hotéis e passagens para a seleção ganhou R$ 31 milhões entre 1998 e 2000. Os deputados suspeitavam à época que os valores faziam parte de um esquema de lavagem de dinheiro de Teixeira.

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Copa ameaçada

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Como se não bastassem todas as denúncias envolvendo seu nome, Ricardo Teixeira também está ameaçado de não conseguir realizar a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Por discordar do projeto da Lei Geral da Copa de 2014, que será valida também para a Copa das Confederações de 2013, a Fifa pode tirar o Mundial do Brasil. A segunda alternativa para sediar a competição, daqui a três anos, seria os EUA, que têm concluída boa parte da estrutura necessária para o evento, já que foi sede em 1994.

Segundo o jornalista Lauro Jardim, a Fifa não aprovou o projeto de Lei que foi enviado ao Congresso. A entidade julga que o texto fere alguns pontos que foram acordados com o presidente Lula quando o Brasil ganhou o direito de sediar o Mundial, em 2007. As mudanças trariam prejuízos financeiros e comerciais para a Fifa, o que fez com que houvesse a ameaça de mudança de sede. Entre os motivos do atrito estão a meia-entrada para estudantes e para maiores de 65 anos.

Teixeira convive com atrasos nos principais estádios do país, seja pela demora para definição da arena, como aconteceu em São Paulo, ou por greves de operários, casos de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Apesar de todas as cobranças, o cartola continua fazendo questão de se mostrar impassível diante dos problemas e assegurando que o planejamento do Mundial está dentro do que foi estabelecido pela organização do evento.

Ministro também é alvo de polêmicas

Outra figura que tem sido muito controversa na organização do Mundial é o ministro do Esporte, Orlando Silva. Depois de aparecer como principal figura no escândalo do convênio fantasma, quando repassou, sem licitação, R$ 6,2 milhões para uma empresa fazer o cadastro nacional dos torcedores para a Copa de 2014, o ministro opinou sobre um dos pontos mais polêmicos da Lei Geral da Copa: a possibilidade de as cidades-sede decretarem feriado em dias de jogo do Mundial.

Silva se manteve na defensiva e atenuou as críticas à proposta. Afirmou que “os feriados serão circunstanciais e limitados”. Sobre os atrasos nas obra, o ministro tem opinião tão evasiva quanto a de Teixeira. Maior exemplo disso foi o que ele disse sobre as obras de mobilidade urbana. Apesar de apenas cinco das 12 cidades-sede terem começado as reformas, ele falou que essas obras serão “o grande legado para a comunidade que o Mundial de futebol deixará”.

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