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A mil dias da Copa do Mundo, Brasil enfrenta greves, denúncias e atrasos

O COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014 e a maioria das 12 cidades-sede realizam nesta sexta-feira (16) eventos para celebrar a marca de mil dias para a abertura do Mundial. Mas o que chama a atenção no meio de tanta festa é a situaçã

Da Redação

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Em meio aos preparativos para a Copa de 2014, torcidas de times do Brasileirão se uniram contra Ricardo Teixeira
Icone Camera Foto por Jefferson Bernardes/Gazeta Press
Em meio aos preparativos para a Copa de 2014, torcidas de times do Brasileirão se uniram contra Ricardo Teixeira
Escrito por Da Redação
Publicado em 16.09.2011, 08:26:00 Editado em 27.04.2020, 20:44:57
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O COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014 e a maioria das 12 cidades-sede realizam nesta sexta-feira (16) eventos para celebrar a marca de mil dias para a abertura do Mundial. Mas o que chama a atenção no meio de tanta festa é a situação crítica em que o país se encontra a pouco menos de três anos do início da maior competição do futebol mundial.

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Apesar de celebrar a marca de mil dias para a abertura, nem o COL sabe ainda onde será a primeira partida da Copa. O Comitê enviará em outubro a proposta oficial dos eventos que cada cidade deverá receber, mas a Fifa só fará o anúncio do calendário oficial em 20 ou 21 de outubro, após reunião do Comitê Executivo, em Zurique, na Suíça.

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São Paulo já foi indicada como favorita para receber o jogo inaugural, mas acumula problemas assim como as duas outras eventuais “substitutas”, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, as três maiores cidades do Mundial. A capital paulista ainda sofre com o atraso para a escolha da arena da cidade, novela que só foi parcialmente resolvida no início de junho, quando começou a terraplanagem do terreno do estádio do Corinthians, em Itaquera.

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Até agora, segundo a Odebrecht, construtora responsável pelo empreendimento, 10,6 % da obra já está concluída, mas os operários ainda trabalham na terraplanagem. A empresa promete entregar a arena em dezembro de 2013, mas a Fifa deu prazo até fevereiro de 2014.

Greves

Por enquanto a construção do Fielzão ainda não foi paralisada por greves de funcionários, ao contrário das outras duas “concorrentes” e também principais cidades do Mundial. No Maracanã, que fará o jogo de encerramento, os funcionários estão em greve há 15 dias. Eles reivindicam melhores condições de trabalho, inclusive na qualidade da comida, e o pagamento do salário integral.

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Chegaram até a fazer manifestação em frente ao portão 13 do estádio na terça-feira (13), mas o Consórcio Maracanã Rio 2014 informou, por meio de nota, que o número de operários que participaram do ato corresponde a menos de 10% dos trabalhadores que atuam na reforma. Novo julgamento sobre impasse da greve dos funcionários do Maracanã deve acontecer nesta sexta

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Já no Mineirão, estádio tido como exemplo de obediência ao cronograma de obras, parte dos empregados cruzaram os braços pela segunda vez desde o início dos trabalhos. Eles voltaram a paralisar as atividades na quinta-feira (15), em Belo Horizonte, prometendo cobrar, nesta sexta-feira, melhores salários e condições de trabalho pessoalmente à presidente Dilma Rousseff. A presidente vai à capital mineira na sexta para a cerimônia de abertura da contagem regressiva de mil dias para o início do Mundial. Uma reunião entre os trabalhadores está marcada para começar às 12h, na porta do estádio.

Dilma, aliás, está tendo trabalho para afinar a equipe que cuida da Copa do Mundo de 2014. Em 31 de agosto, o jornal Estado de São Paulo publicou que o ministro do Esporte, Orlando Silva, principal intermediário entre a presidente e o COL, assinou no final do ano passado um convênio no valor de R$ 6,2 milhões com um sindicato de cartolas do futebol para um projeto que nunca saiu do papel.

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Sem licitação, o ministro contratou o Sindafebol (Sindicato Nacional das Associações de Futebol Profissional e suas Entidades Estaduais de Administração e Ligas) para fazer o cadastramento das torcidas organizadas dentro dos preparativos para a Copa.

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O convênio ‘fantasma’ firmado entre o Ministério do Esporte e o Sindafebol teve complicações mais sérias. Interrompeu, por exemplo, o trabalho de identificação de torcedores que já vinha sendo feito há cinco anos pela FPF (Federação Paulista de Futebol).

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Além do ministro, outro personagem que tem dado trabalho é Ricardo Teixeira. Presidente da CBF e do COL, ele é um caso à parte na Copa do Mundo. Alvo de diversas denúncias, que vão desde recebimento de propina para escolher as sedes dos próximos Mundiais até ligações com empresas de faixada e enriquecimento ilícito, ele já viu as torcidas organizadas do país organizarem protesto para pedirem sua saída do futebol.

Em 28 de agosto, houve protesto nos estádios do Brasil. Os torcedores dos principais times do Campeonato Brasileiro distribuíram panfletos e levaram faixas e cartazes pedindo a saída do cartola do comando da entidade máxima do futebol nacional.

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A Conatorg (Confederação Nacional das Torcidas Organizadas) imprimiu 120 mil panfletos com o título “Copa do Mundo no Brasil com Prestação de Contas e sem Ricardo Teixeira”. No texto, distribuído nos estádios, os torcedores pedem que a transparência seja o foco da entidade que rege o futebol nacional.

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Copa mais cara da história

Em razão dos atrasos e da falta de organização dos setores envolvidos com o Mundial, a Copa de 2014 já carrega o “título” de mais cara da história. Em junho, Alexandre Guimarães, representante da Consultoria Legislativa do Senado, afirmou que a previsão até aquele momento era de que país gastaria cerca de R$ 63 bilhões para organizar o evento.

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Nesta conta estão incluídos R$ 33 bilhões anunciados pela presidente Dilma Rousseff para obras de infraestrutura da Copa - incluindo segurança e saúde - R$ 7 bilhões que devem ser gastos em estádios pelo setor público e os R$ 20 bilhões que o BNDES disponibilizará para financiamento do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo.

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Os valores a serem gastos pelo Brasil ainda ficariam bastante acima do que a África do Sul desembolsou para realizar o evento, até hoje o mais caro da história, entre estádios e obras de infraestrutura - cerca de R$ 14,5 bilhões.

Em entrevista exclusiva ao R7, o ex-jogador Romário, eleito deputado federal no ano passado (PSB) já havia comentado sobre o valor enorme que o país terá que dispor para o Mundial.

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Nas contas do tetracampeão, o Brasil teria que gastar algo na casa dos R$ 100 bilhões para organizar a Copa do Mundo de 2014, valor dez vezes superior ao previsto por Ricardo Teixeira, presidente da CBF, em 2010. Ele teme que as obras entrem em caráter emergencial e ultrapassem os valores previstos.

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Mobilidade urbana emperrada

As cidades que abrigarão os jogos da Copa também passam por apuros quando o assunto é obras de mobilidade urbana. Segundo informação divulgada nesta quarta-feira (14), durante o Balanço das Ações do Brasil para o Mundial, apenas cinco das 12 cidades-sede deram início a suas obras de mobilidade urbana.

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Em relação aos projetos de melhoria do transporte público, as cidades que estão à frente na corrida da preparação para a Copa são Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Nem sequer começaram as obras Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Salvador e São Paulo.

Respostas e ameaças

Enquanto o país sofre para manter a organização do Mundial dentro de um cronograma aceitável, ainda que com valores muito maiores do que os previstos, os órgãos oficiais parecem viver em uma realidade paralela. Negam que os atrasos comprometam a realização da Copa e não comentam o valor exorbitante que será gasto para que o evento aconteça.

Orlando Silva, por exemplo, defende o contrato assinado sem licitação com a Sindafebol. O ministro justificou o atraso nos trabalhos dizendo que um projeto piloto semelhante está sendo tocado no Paraná e que somente após sua finalização será possível estender ao restante do país.

Além disso, apesar da demora para o início das obras de mobilidade urbana, o Ministério do Esporte aposta que elas serão “o grande legado para a comunidade que o Mundial de futebol deixará”, conforme declarou o ministro Orlando Silva na quarta-feira. O governo planeja gastar R$ 12 bilhões com os projetos em todo o país.

Já Ricardo Teixeira falou, em entrevista à revista Piauí, que não da a mínima importância para as denúncias da imprensa. O cartola disse ainda que, em 2014, pode prejudicar a imprensa. Ameaçou empresas como a Rede Record, por exemplo, que mostra as denúncias que são feitas contra o cartola.

- Posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável. Mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada.

Porém, na opinião do presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, o fato de a CBF ser uma empresa privada não dá o direito a Teixeira de fazer o que quiser. Se fosse assim, estaríamos voltando aos tempos da ditadura, que permitia a censura.

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