Os acidentes fatais envolvendo adolescentes em trilhas de Apucarana estão levando a Polícia Militar a adotar novas medidas para fiscalizar as estradas da zona rural do município. Em menos uma semana, dois jovens morreram em condições semelhantes. A vítima mais recente, o estudante Igor Mendes Mercúrio, de 15 anos, faleceu na tarde de sábado, após uma colisão envolvendo a motocicleta que pilotava com um caminhão basculante. O acidente aconteceu na estrada que liga Apucarana a Rio Bom.
Já na semana passada, Karla Cristina de Almeida Lozano, 18 anos, morreu em um acidente no distrito de Vila Reis. Ela dirigia um veículo artesanal, do tipo gaiola, sem lataria e usado em competições, em uma propriedade rural. Em ambos os casos, a polícia chama atenção para a falta de habilitação dos condutores nas estradas.
Segundo o comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar (BPM), major Aimoré Nunes, equipes vão começar a fazer blitzes para tentar coibir este tipo de prática. “Conversamos com representantes de clubes que fazem trilhas e decidimos ser mais rigorosos. Já sabemos de onde os ‘trilheiros’ saem e quais são os pontos de parada, o que vai facilitar nossa abordagem”, salienta.
Nunes observa que é cada vez maior o número de adolescentes dirigindo sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em Apucarana. Para ele, trata-se de uma problemática que começa ainda em casa. “Os jovens conseguem veículos porque são os pais que propiciam isso a eles. Mas, dar um veículo para um menor, é o mesmo que lhe dar uma arma. Ele pode querer fazer peripécias e acabar se acidentando”, analisa.
O membro do clube Apucarana Moto Ação (AMA), Laurentino Cordeiro Fernandes, também sustenta que trilhas feitas com motocicletas não devem ser realizadas sem orientação.
“Isso só se faz em local fechado e com o acompanhamento dos pais. Além disso, o adolescente jamais deve pilotar. Ser ‘trilheiro’ não é tão simples. Até aqueles que entram no grupo precisam de ajuda no início para não fazerem manobras arriscadas”, argumenta.
Estatísticas divergentes
A violência no trânsito de Apucarana tem sido um dos temas de maior preocupação na cidade. As estatísticas oficiais divergem em relação ao número de vítimas fatais no município, uma vez que mortes nos prolongamentos urbanos da rodovias BR-369 e BR-376 e contornos não são computadas pelo Pelotão de Trânsito do 10º BPM, assim como as mortes ocorridas posteriormente nos hospitais.
No final de fevereiro, um levantamento paralelo do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) apontava que 10 pessoas haviam morrido em acidentes em toda a área do município. De lá para cá, pelo mais cinco mortes foram registradas, inclusive as duas mais recentes, na zona rural da cidade.
A situação específica das rodovias urbanas já ganhou, inclusive, uma audiência pública realizada na Câmara. O Conseg também está articulando uma campanha de prevenção aos acidentes no segundo semestre. Segundo o presidente da entidade, Rildo Galeriane do Nascimento, a ideia é se focar em quatro frentes: pedestre, motorista, ciclista e motociclista.
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