O sistema de venda de carnes de porta em porta do Frigorífico JBS Friboi/Swift, com filial em Maringá, deixou de operar em Apucarana. A proposta da empresa de vender cortes direto aos consumidores, com o uso de furgões frigoríficos, não evoluiu e o sistema foi desativado há cerca de dois meses. O início do funcionamento, nos primeiros meses do anos passado, das vans causou polêmica na cidade e motivou um movimento da Associação Comercial e Industrial de Apucarana (Acia).
A Friboi informa que houve recolhimento das vans para remodelação de marketing e estratégias de comércio em todos os municípios em que exercia esta atividade. Porém, a empresa mantém o alvará de funcionamento em dia com a prefeitura. As apucaranenses, contratadas como vendedoras foram dispensadas. Eram duas vendedoras em cada uma das 26 vans que percorreram os bairros da cidade.
No ano passado, a Friboi, conseguiu na justiça o alvará de operação inicialmente negado pela prefeitura. A Acia e os sindicatos estimaram que cerca de mil trabalhadores poderiam ser demitidos, caso a venda de carne direta ao consumidor acontecesse.
“Felizmente isto não ocorreu. Influenciou pouco no comércio tradicional, talvez porque eles (Friboi) não conseguiram se adaptar ao mercado regional. Pelo que percebemos, e foi bom ter acontecido, eles cometeram erros estratégicos. Mas era um formato que nos preocupava muito”, disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana), Luiz Mamede Mendes. A Friboi/Swift oferecia carnes embaladas, peças grandes e o preço não apresentava muita diferença do praticado no comércio local. Para Mamede Mendes, o modelo do serviço no município provocou ação positiva no comércio de carnes.
“O setor aprimorou o atendimento, a qualidade. Serviu para olhar dentro de casa e corrigir onde precisava”, avalia.
Tradição mais atrativa
O açougueiro Maurício Zafallão, 45 anos, acredita que o sistema tradicional é mais atrativo ao consumidor. “Acho que os apucaranenses preferem o comércio tradicional. Com o ato de ir ao açougue, escolher no balcão a carne que quer. Talvez as pessoas receavam um pouco do produto vendido em na van”, estima o comerciante. Zafallão avalia que não sofreu perdas significativas com esta concorrência. “De imediato deu medo, pela empresa, que é muito grande e forte, mas apenas poucos clientes meus compraram deles”, completa.
O dono de mercado e açougue Celso Luiz da Silva, 46 anos entende que os pequenos comerciantes foram mais afetados. “Mais os mercadinhos dos bairros sofrerem um pouco, porque (vans) passavam de porta em porta. Eu vendo carne para estes comércios houve prejuízos”, relata. (E.S.)
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