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Apucarana desperta para o mercado do luxo

No Brasil, o segmento de luxo vem crescendo a taxas elevadas. Em média, segundo estimativas não oficiais, 35% ao ano. Em Apucarana, o cenário também é promissor, especialmente em alguns setores da economia, como o automobilístico. Cinco empresários apa

Da Redação

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  Alessandro Santos, gerente de vendas da Apucarana Auto Peças, ao lado de um dos cinco Camaros vendidos na cidade pela “bagatela” de R$ 185 mil cada
Icone Camera Foto por André Henrique Veronez
Alessandro Santos, gerente de vendas da Apucarana Auto Peças, ao lado de um dos cinco Camaros vendidos na cidade pela “bagatela” de R$ 185 mil cada
Escrito por Da Redação
Publicado em 25.02.2011, 00:01:00 Editado em 27.04.2020, 20:50:35
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No Brasil, o segmento de luxo vem crescendo a taxas elevadas. Em média, segundo estimativas não oficiais, 35% ao ano. Em Apucarana, o cenário também é promissor, especialmente em alguns setores da economia, como o automobilístico. Cinco empresários apaixonados por requinte, sofisticação e velocidade investiram R$ 185 mil, cada, na compra do Chevrolet Camaro 2011. Foram cinco modelos do esportivo de luxo vendido em apenas três meses. Destes, dois ainda não foram entregues.

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Quem opta pelo modelo aguarda até três meses para desfrutar da máquina. “Como é um veículo importado não há unidades para pronta entrega. É tudo sob encomenda”, explica Alessandro dos Santos, gerente de vendas da concessionária Apucarana Auto Peças, acrescentando que outros modelos de luxo também estão em alta, como o Malibu (R$90mil) e o Omega (R$130mil). “Em 30 dias vendemos cinco unidades do Omega. Já o Malibu foram 14 em 4 meses”, calcula.

O perfil dos adeptos dos modelos é formado por homens com idade entre 45 e 60 anos, que não se importam com o preço. “São empresários que já conquistaram a estabilidade financeira. Esse público não trabalha com financiamento; paga à vista”, comenta o gerente de vendas.

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De acordo com Santos, o impulso nas vendas no setor veio com a decisão, em 2009, da Chevrolet colocar o Camaro, Omega, Citroen C5 e o Mitsubshi Eclipse na lista de autorizados diretos para importação, facilitando a entrada no Brasil. Quando um modelo entra nessa lista, a concessionária passa oferecer estrutura para serviços, como peças e conserto. Para isso, a GM deixou de receber altas taxas de impostos e frete. Para se ter ideia da mudança, o Chevrolet Camaro custava cerca de R$ 380 mil e agora é vendido a R$ 185 mil.


Potencial para o glamour

No mercado do luxo, a disputa pela qualidade e sofisticação vai além dos carros, joias e cosméticos. No Brasil, a liderança absoluta fica com o mundo da moda, segundo a consultoria GfK e MCF, especializa nessa área. O empresário Júnior César Sereia e a esposa Odila perceberam, há seis anos, o potencial desse nicho e investiram em um comércio exclusivo para produtos de grife, o Espaço BK. Eles já tinham uma loja de confecções na cidade há 22 anos. “Sentimos a necessidade de fazer algo especial para atender ao público das classes A e B, que investem mais em qualidade e peças diferenciadas”, diz.

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Na loja, produtos da Colcci, Calvin Klein, Cantão e Carmem Steffens estão entre os mais procurados. Mesmo sendo de grifes mundialmente famosas, os preços variam muito. Há coleções para o dia com peças a partir de R$ 49. Mas o sucesso mesmo fica por conta nos modelitos para eventos. “As mulheres investem mais em vestidos sofisticados. Recentemente, vendemos uma peça de R$ 1,8 mil, mas as que mais saem estão na faixa de R$ 500 a R$ 700”, detalha.

Aumentam residências de alto padrão

Um levantamento feito pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Apucarana (CREA-PR) constatou que nos últimos dois anos houve um aumento de 19% na construção de casas de alto padrão (acima de 200m²). Foram 118 habitações executadas no ano passado. A alta é considerada expressiva pelo gerente da Regional do CREA, engenheiro Hélio Xavier da Silva Filho.

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Ele explica que o conceito luxo envolve profissionais habilitados e capacitados nas mais diversas áreas, como projeto arquitetônico, elétrico, hidráulico, estrutural, automação. “Além do processo construtivo, esses imóveis trazem inovações e tecnologias de ponta, como grandes vãos com soluções estruturais e materiais de acabamento diferenciados”, pontua.

Na avaliação de Sereia, o mercado de luxo vem se expandido naturalmente junto com a ascensão de renda da população.

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Comércio em transformação

Para Jayme Leonel, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acia) de Apucarana, o mercado de luxo ainda não é expressivo no município. Conforme ele, esse nicho está concentrado em alguns centros, mas vem ganhando espaço no comércio local. “É uma pequena fatia da população que consome produtos de alto padrão, mas existe essa demanda e os empresários apucaranenses já perceberam isso, incrementado a variedade de produtos em seus estabelecimentos”, observa.

Apucarana não abriga nenhuma loja exclusiva para produtos de luxo. Entretanto, Leonel afirma que o perfil do comércio está passando por uma transformação. “Os novos investimentos, como a vinda da loja Americanas, da Churrascaria Amigão Brete e do Muffato mostram que estamos progredindo. Mais pessoas têm consumido aqui, inclusive de cidades vizinhas”, avalia. Conforme ele, a seletividade do consumidor também fez o empresário buscar mais novidades e sofisticação nos produtos e serviços.

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Setor tem espaço para crescer, diz economista

O economista Rogério Ribeiro da Faculdade de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea) anota que esta mudança no perfil do consumidor apucaranense começou há cerca de 10 anos. Ele elenca algumas observações como exemplo. A variedade de produtos nas gôndolas de supermercado é uma delas. “Antes tinha bacalhau só na quaresma. Hoje é o ano inteiro. As vitrines das lojas também estão mais sofisticadas. Além disso, as lojas de móveis planejados e casas de decoração estão mudando o comércio local”, compara.

A causa de tudo isso, de acordo com Ribeiro, é o aumento real do salário mínimo nos últimos oito anos. “Neste período houve um ganho real de 25% para os assalariados. Muitas pessoas saíram da linha de pobreza e entraram para classe média. Isso causa essa sensação de melhora da qualidade de vida”, avalia.

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Para o especialista, o mercado de luxo ainda tem espaço para ser explorado na cidade. “Não há um limite de investimentos. Consumidor para este segmento tem, afinal é comum a presença de pessoas de Apucarana em outros centros comerciais. Apenas é preciso identificar suas necessidades, considerando sua formação cultural e área de atividade”, sustenta.


Cidade se firma como centro de distribuição

A localização geográfica de Apucarana pode favorecer a consolidação do mercado de luxo. De acordo com Paulo Peres, consultor internacional do Sebrae, o município vem se tornando um importante centro de distribuição na região Norte do Paraná. “A estabilização gradativa e contínua de um shopping e as lojas têm atraído clientes e investimentos de toda a região”, avalia o consultor
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Mantida essa tendência, segundo o especialista, o mercado de luxo tem um espaço potencial significativo. “Os produtos, nesse padrão, que têm sido procurados são diversificados e passam pelos setores de alimentos, eletrônicos em geral, automóveis e, outros, de uso diário”, salienta.

Peres argumenta que esse mercado tende a se manter num percentual seletivo. “Esse consumidor tem poder aquisitivo diferenciado e consiste de executivos, profissionais liberais e empreendedores. Sua preferência pessoal, seja pelo carro dos sonhos ou a decoração de seu ambiente de trabalho ou residencial, acontece de forma diferenciada ou quase personalizada”, observa.

De acordo com o consultor, os investimentos atuais parecem estar à altura da realidade econômica e mercadológica do momento, e a expansão pode continuar, dependendo das decisões do governo brasileiro no tratamento do comércio exterior. “Os empresários locais estão tendo acesso crescente a produtos de luxo e a oportunidade de importá-los de países com preços competitivos, tornando possível a realização de muitos dos sonhos de consumo. A tendência é de consolidação desse mercado”, confia.

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