Com uma bicicleta e uma dose extra de disposição, o operador de máquinas Luís Carlos Ximenes, de 54 anos, está percorrendo o Brasil para chamar atenção sobre a falta de oportunidades para trabalhadores que já passaram dos 40 anos. A jornada dele teve início em fevereiro do ano passado, em Boa Vista (RR). Depois de pedalar 14,2 mil quilômetros e passar por mais de 50 cidades como Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS), o ciclista chegou ontem em Apucarana. “Depois que perdi o emprego com a desapropriação das áreas indígenas da Serra do Sol, em Roraima, decidi sair de bicicleta para mostrar essa realidade. Hoje, as pessoas de idade são descartadas”, diz.
Sem oportunidade no mercado de trabalho, Ximenes aponta que o governo deveria criar alternativas que contemplassem o público mais experiente. “Se temos um ProJovem (programa de inclusão de jovens), o correto seria termos um ProIdoso. Os idosos também precisam de trabalho”, avalia.
Com saída de Apucarana prevista para hoje, o ciclista segue para Curitiba. Não fossem as chuvas que estão atingindo Santa Catarina, ele pedalaria até o Rio Grande do Sul. “De Curitiba, pretendo voltar, passando por São Paulo, região Nordeste e Centro-Oeste, até chegar em Manaus, até 2014”. A viagem toda deve ultrapassar 100 mil quilômetros. Ximenes conta que tem sido bem recebido nos municípios em que passou. A estadia em cada lugar costuma ser curta, em torno de três dias. A hospedagem, conforme ele, varia entre casas de apoio e postos de combustíveis e restaurantes. “Carrego comigo uma mala com uma rede e nunca pedalo depois que escurece”, comenta.
Ao todo, são cerca de 150 quilômetros percorridos por dia. Para bancar a “volta ao Brasil”, o viajante relata que produz sabão artesanal em suas paradas. Além deste dinheiro, ele espera contar com patrocínios.
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