Elas são mais que progenitoras de nossos pais. As avós, que comemoram seu dia em 26 de julho, costumam deixar marcas na formação dos netos. Sua presença, na maioria das vezes sábia e carinhosa, é refúgio de ternura e cuidado, independente das habilidades e dos anos vividos. Há vovós de todos os tipos, em qualquer tempo. Algumas são verdadeiras mães: fazem de tudo pelos netos e dão até um ‘puxãozinho’ de orelha quando necessário. Outras são mestres na arte da culinária, preparando pratos deliciosos que atendem aos mais variados gostos. E há ainda aquelas que não param nunca, assumindo várias identidades durante o dia, sem esquecer, é claro, da responsabilidade de ajudar na criação dos filhos dos filhos.
Dona Thereza, uma avó amiga e habilidosa
Cozinheira de mão cheia, Thereza Cebrian Lopes, 72 anos, de Apucarana, está sempre disposta quando o assunto é agradar a família. Casada com Manoel Aparecido Lopes (72), ela é mãe de Suely (48), Carlos (46) e Valter (44), que lhe deram oito netos: Lincoln Benevenuto (22), Camila Cebrian Scarpelini Kaminski (21), Danilo Cebrian Scarpelini Kamiski (18), Thayse Vidal Lopes (18), Thayla Harumi Naramoto Lopes (16), Natália Cebrian Scarpelini Kaminski (12), Gabriela Trierweiler (9) e Rafael Kendy Naramoto Lopes (6).
Ao menos duas vezes por mês, toda a prole se reúne para degustar as delícias da cozinha de dona Thereza. “Eles sempre pedem alguma coisinha, como batata recheada, lasanha, feijoada, pudim... Eu cozinho com gosto, com amor. É gratificante ver a satisfação deles”, diz Thereza.
No último domingo (17), o cardápio do almoço atendia a um pedido especial feito por Danilo. “Daqui alguns dias vou a Timbó (SC) para estudar Engenharia Mecânica e não podia deixar de pedir meu prato preferido: nhoque recheado”, conta.
A neta Thayla também tem sua preferência. “Adoro a batata recheada que ela faz”, confessa. E vai logo emendando que a avó é uma grande amiga. “Desde muito pequena me lembro dela ao meu lado, sempre pronta a me ajudar. É uma segunda mãe”, admite ela, que sempre morou ao lado de sua casa.
Danilo concorda que a avó é uma segunda mãe. “Ela sempre foi muito carinhosa, brincava com a gente, dava atenção. As minhas duas avós são muito importantes na minha vida”, ressalta.
PACIÊNCIA
Dona Thereza revela que, realmente, tem mais tempo e mais paciência com os netos do que com os filhos quando eles eram pequenos. “Quando eram crianças, eu e meu marido tínhamos que trabalhar. Ficava preocupada com o estudo deles, se estava educando certo. Agora sou aposentada, tenho tempo para brincar, desde futebol até pula-corda”, afirma.
Ela diz que deixa as broncas e os puxões de orelha para os pais. “Quando preciso eu corrijo, mas prefiro que eles façam isso”, garante. Thereza acrescenta que o carinho pelos netos vem antes do nascimento, com a preparação do enxoval. A aposentada fazia casaquinhos, sapatinhos de tricô, bordava mantas, fraldas, colchas, lençóis e cortinas. “Ajudava a preparar o ambiente para a vinda deles”, resume.
De acordo com Thereza, todo esse cuidado vem de família. “Tenho imagens maravilhosas das minhas avós. A avó paterna era espanhola e adorava nos contar histórias. Já a minha avó materna, quando íamos visitá-la, parava tudo que estava fazendo para preparar um cafezinho com leite, alguma coisa para comer”, relembra os mimos.
A rotina agitada de uma avó acadêmica de Direito
Nájila Aparecida Abraão Chamorro, 48 anos, de Apucarana, tem uma rotina digna de uma jovem de 20 anos. Ela levanta de manhã, toma banho, se arruma para o trabalho, almoça rapidinho, volta ao trabalho, leva a neta ao dentista. Opa! Neta ao dentista? Isso mesmo. Volta ao trabalho. Vai para casa. Toma banho, come uma “bobagenzinha”, se arruma para ir à faculdade, volta para casa. Ufa! Já perdeu o fôlego? Ela não. Ainda arranja tempo para estudar mais um pouquinho!
Esse é o perfil das vovós contemporâneas, que em nada lembram a figura de dona Benta, personagem do Sítio do Pica Pau Amarelo. “Só consegue ser aquela avó que faz delícias na cozinha quem está aposentada. Quando eles pedem um bolo ou uma comidinha gostosa, telefono para minha mãe ou minha sogra, e elas fazem para os meus netos. Em último caso, ligo na padaria. É o jeito de ter sempre algo especial e nos reunirmos”, diz Nájila.
Casada com Darci Chamorro, 50 anos, ela cursa o terceiro ano de Direito na Faculdade Apucarana (FAP) e, durante o dia, trabalha como secretária no escritório de advocacia do filho Rafael Chamorro, 26. Além dele, tem outros dois filhos - Viviane (31) e William (21) - e três netos - Lucas Michel (11), Pietra (10) e Ana Clara Chamorro de Oliveira (2). “Me casei cedo, com 16 anos, e fui avó aos 36. A minha filha mais velha teve o Lucas aos 19”, recorda.
Nájila lembra que quando o neto nasceu, chegou a disputar com o pai de seu genro para pegá-lo primeiro. “Hoje, quando os vejo em casa, parece que estou vendo meus filhos de novo”, conta. Como os netos estão sempre por perto, mesmo nesta rotina tumultuada, também aprendem algumas coisinhas com a avó. “Eu aprendi a fazer as unhas. Ontem, ela fez escova nos meus cabelos”, conta a neta Peitra, ressaltando os cuidados da avó com a estética. Há um ano Nájila fez uma lipoaspiração e uma reeducação alimentar, perdendo 18 quilos. “Passei a me sentir mais bonita. Antes de sair de casa, sempre uso batom e rímel”, admite.
O neto Lucas destaca o carinho da avó. “Ela sempre faz pipoca, me leva ao shopping e para tomar sorvete”, enumera. A filha Viviane enfatiza que mesmo com todos os afazeres, a mãe não peca no seu papel de avó. “Ela consegue administrar bem o tempo, dá atenção para todos e ‘puxa a orelha’ também. É bem participativa na educação das crianças”, garante.
Aos 91 anos, ela esbanja vitalidade!
O olhar tranquilo por trás das lentes arredondadas dos óculos da bisavó Rosa Rossa Damas, 91 anos, de Apucarana, vai revelando aos poucos como conseguiu chegar a quase um século de vida ajudando a cuidar dos bisnetos, netos e ainda dos filhos - e não o contrário. A neta Carla Regina Berehulka Marques, 38 anos, descreve que a avó sempre foi uma pessoa muito tranquila. “Ela nunca brigou com os netos e nem agora com os bisnetos”, afirma.
A filha de dona Rosa, Rosmeri Damas Berehulka, 57 anos, reforça que a mãe não é de ficar dando palpite na vida alheia. “Ela vive a vida dela sossegada. Não atrapalha ninguém, pelo contrário, nos ajuda muito”, assegura. Rosa mora em uma casa nos fundos da de Rosmeri com outra filha, Marlene, 50 anos.
A pensionista levanta todos os dias às 7h30. Minutos depois, lá está ela varrendo a calçada, limpando a casa, fazendo almoço para filha e para neta Taila, 21 anos, filha de Marlene. Ela casou, mas mantém o hábito de almoçar na casa da avó.
Será que existe segredo para tanta vitalidade? Dona Rosa certifica que não. Mas a filha e a neta expõem detalhes da rotina. Segundo elas, todos os dias, por volta das 13 horas, ela caminha até a casa da amiga Nair para tomar chimarrão. Nas horas vagas, se distrai adornando toalhas e panos de prato com macramê, para presentear familiares e amigos.
À noite, gosta de assistir novela com a filha e dormir antes das 22 horas. E como toda vovó, também é lembrada por alguns mimos. “A cueca-virada e a pipoca que ela faz são incomparáveis”, diz a neta Carla Regina. Rosmeri assinala que a mãe nunca perdeu as estribeiras, mesmo quando era jovem e tinha sob seus cuidados oito filhos e outros oito enteados. “É difícil chegar aos 91 anos e com essa tranquilidade, mais ainda! Ela é um exemplo de vida para todos nós”, frisa.
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