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O que te deixa feliz

Ganhar na loteria, comprar um carro novo, tomar banho, casar, ter filhos, comer chocolates, fazer sexo... O que te deixa feliz? Felicidade, segundo a definição do dicionário Aurélio, é condição ou estado de feliz; grande satisfação ou contentamento. O

Da Redação

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 Felicidade nem sempre pode ser definida, mas é essencial para viver bem
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Felicidade nem sempre pode ser definida, mas é essencial para viver bem
Escrito por Da Redação
Publicado em 08.07.2010, 12:00:00 Editado em 27.04.2020, 21:00:00
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Ganhar na loteria, comprar um carro novo, tomar banho, casar, ter filhos, comer chocolates, fazer sexo... O que te deixa feliz? Felicidade, segundo a definição do dicionário Aurélio, é condição ou estado de feliz; grande satisfação ou contentamento. O Brasil, na última pesquisa feita pelo World Values Survey, publicada pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos, em 2008, ocupava a 30º posição no ranking da felicidade. Foram ouvidas pessoas de 97 países. Agora, o Senado quer dar uma “mãozinha” para os brasileiros serem mais felizes. Está em discussão o Projeto de Emenda a Constituição (PEC) que prevê entre as garantias constitucionais ‘a busca da felicidade’.


A matéria, se aprovada, vai ser incluída no Capítulo II dos Direitos Sociais, no Art. 6º, da Constituição Federal, com uma pequena alteração no texto original: “São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e infância, e a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição,” explica o senador Cristovam Buarque (PDT), que está tratando do assunto na Casa. “Será incluída apenas esta frase”, diz.


Em entrevista à UAU!, ele esclarece que não será acrescentado mais um direito social. “A proposta é explicitar os direitos já existentes na Constituição. Com isso, as pessoas vão se animar, vão ter mais consciência de seus direitos”, espera. De acordo com Buarque, as garantias constitucionais não dão felicidade, entretanto, a felicidade passa a ser possível quando se tem educação, moradia, emprego. “Quem está desempregado não vai buscar a felicidade, vai buscar emprego; quem está doente vai buscar a saúde. A mãe que matricula seu filho na escola vai buscar educação. O que eu quero que essa mãe entenda que educação é essencial para o filho dela buscar a felicidade”, assinala.


Segundo o senador, nos países ricos, os primeiros no ranking da felicidade, o que faz as pessoas se sentirem felizes não é a renda, é a educação, a moradia, a segurança, o emprego...


No dia 26 de maio foi realizada a primeira audiência pública sobre o tema na Comissão de Direitos Humanos do Senado. Buarque precisa da assinatura de 27 senadores para poder apresentar a PEC da Felicidade para a Mesa Diretora. “Já tenho 19 assinaturas, faltam apenas 8. Se tivesse quórum conseguiria ainda hoje (30/06) o apoio necessário, mas os jogos da Copa têm deixado a Casa vazia”, relata.


O senador está confiante que a PEC vai ser aprovada. “Acredito que dentro de 5 a 10 anos seja feita essa alteração na Constituição”, estima.

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“Quanto mais feliz se é, mais felicidade se quer espalhar”

Frase é do publicitário Mauro Motoryn, idealizador do Movimento + Feliz, para quem os direitos básicos oferecidos pelo Estado precisam ser disponibilizados na sua plenitude

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O Movimento + Feliz começou no final de 2009, em São Paulo, com o apoio de empresas e ONGs ao Bairro-Escola, coordenado pela Cidade Escola Aprendiz. O projeto transforma espaços ociosos e deteriorados em locais educativos para a comunidade, além de potencializar seu capital social. De acordo com idealizador do + Feliz, o engenheiro e publicitário Mauro Motoryn, a articulação para esses despertou uma reflexão sobre o direito à busca da felicidade. “A ideia da Proposta de Emenda Constitucional surgiu diante da adesão e mobilização de empresas dos mais diferentes setores da economia, entidades, pessoas e organizações não-governamentais. E também do estudo de como outros países lidam com o tema,” conta.


O + Feliz é um movimento apartidário, não-governamental e não-assistencialista. Reúne cinco pilares: conscientizar a população, mobilizar a sociedade, estimular a participação, capacitar multiplicadores e motivar as pessoas a se doarem. “Como ação principal no momento, o + Feliz busca modificar o artigo 6º da Constituição brasileira, incluindo o direito à busca da felicidade como uma questão de Estado”, enfatiza Motoryn. Ele pontua que a felicidade já é realidade na Constituição de países como Coréia do Sul e Japão. “No caso dos Estados Unidos e França, o termo surge em documentos de consolidação da democracia, como a Carta de Independência norte-americana”, relembra.


Para o publicitário, a alteração do artigo ressalta os direitos básicos oferecidos pelo Estado precisam ser disponibilizados na sua plenitude. “A felicidade é um sentimento, um estado de espírito que a esmagadora maioria da comunidade social busca a todo o tempo ao longo da vida. Contudo, para palpar a felicidade é preciso que os direitos fundamentais previstos na Constituição sejam garantidos. Essa é a proposta do Movimento”, frisa.


Segundo Motoryn, a felicidade pode mudar a vida das pessoas. “É um sentimento que estimula o compartilhamento. Quanto mais feliz se é, mais felicidade se quer espalhar”. Este substantivo também está presente em suas peças publicitárias. “A felicidade é mais que uma matéria-prima para a criação; no meu caso é um norte para tudo. Por isso tudo que o Estado provê, e garante aos cidadãos, deve ter como objetivo final a felicidade”, entende.


Para saber mais sobre o Movimento acesse www.maisfeliz.org.

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Para empresária, a alegria estánas coisas mais simples da vida

O batizado dos filhos ficou cristalizado no tempo como um retrato de felicidade para a empresária Maria Elisa Pacheco Sacchelli, 49 anos. Em sua casa, em Apucarana, ela tem vários recortes de momentos em família, com os filhos, esposo e com os pais, espalhados pelos cômodos. Com a voz embargada pela emoção, ela confessa ser feliz. “Porque na minha maturidade, quando olho para trás e vejo o quanto lutei, lutei pela minha família. Minhas duas filhas estão bem casadas, meu filho está estudando. Por tudo que conquistei me sinto muito feliz. A felicidade está nas coisas mais simples, nas coisas pequenas do dia a dia”, define Maria Elisa.

A empresária diz que desde criança não aguarda acontecimentos grandiosos para sorrir porque eles podem não chegar. Para ela, a felicidade de sua família vem em primeiro lugar. “As outras coisas vem depois, com a benção de Deus. Ele nos dá tudo o que precisamos”, confia. Maria Elisa tem para si que só por meio de uma família estruturada se consegue enxergar e ajudar as outras pessoas. “Não é se fechar em casa para o mundo, mas quando se está bem em casa conseguimos ficar bem fora também, porque só damos aquilo que temos,” acredita. Ela conta que um dos seus maiores sonhos é vivenciar com os netos as experiências que teve com os filhos.

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APENAS DOIS CAMINHOS

A professora aposentada Neusa Maria Barreto, 65 anos, também acredita que a felicidade está nos momentos felizes vividos com a família e os amigos, em cada amanhecer. “O nascimento dos filhos, dos netos, ver a renovação da família é fantástico, é um momento marcado por muita felicidade”, confidencia.

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Se felicidade tivesse ingredientes, ela colocaria de tudo um pouco. “Felicidade é um conjunto de coisas, principalmente amor e saúde, e um pouquinho de dinheiro, para pagar um bom plano de saúde,” descontrai.

Ela superou um câncer de intestino após seis meses de quimioterapia. Também aguentou uma cirurgia de revascularização miocárdica. Simplificando, Neusa colocou quatro pontes de safena. O coração pode ser frágil, mas não para ser feliz. Na escola da vida, Neusa aprendeu que ser feliz é uma opção: “Temos dois caminhos: o da felicidade e o da tristeza. Basta escolher um e seguir. Felicidade é uma escolha, tem que vir de dentro. A PEC será mais algumas palavras na Constituição. Felicidade não se impõe,” avalia.

Ela superou um câncer de intestino após seis meses de quimioterapia. Também aguentou uma cirurgia de revascularização miocárdica. Simplificando, Neusa colocou quatro pontes de safena. O coração pode ser frágil, mas não para ser feliz. Na escola da vida, Neusa aprendeu que ser feliz é uma opção: “Temos dois caminhos: o da felicidade e o da tristeza. Basta escolher um e seguir. Felicidade é uma escolha, tem que vir de dentro. A PEC será mais algumas palavras na Constituição. Felicidade não se impõe,” avalia.



'DE BEM COM A VIDA'


Querido pelos alunos, Antônio Carlos Rossi, motorista de ônibus do Colégio Platão, é o próprio retrato da felicidade

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ELE É SÓ SORRISOS

“Gente fina”. É assim que os alunos do Colégio Platão, de Apucarana, definem o motorista Antônio Carlos Rossi, 58 anos. “Ele está sempre sorrindo”, afirma o estudante Rafael Luiz Montanuci, 16 anos. Ele é aluno da linha do seu Antônio há 4 anos. “É diferente acordar de manhã e vir com alguém auto-astral”, diz outro educando Victor Hugo Ranck, 15 anos, que há 3 anos também vai às aulas no ônibus do seu Antônio.


O secretário geral do Platão, Hélio Ohya, diz que duas vezes os alunos já fizeram abaixo-assinado para não trocá-lo de itinerário. “Os pais dos alunos também gostam muito dele. É só elogios,” diz.


Mas qual o segredo de tanta felicidade? “Não tem segredo. Tem que gostar da vida, gostar da família, do trabalho, ter saúde, ter um bom convívio com as pessoas, ter Deus no coração. Quem tem Deus no coração não dá espaço para tristeza”, garante Antônio Carlos Rossi.


Antes de ser motorista escolar, ele atuava como caminhoneiro. “Agora é muito melhor. Todo dia em casa, perto da família e os estudantes me cativam com a alegria deles também”, compara.
Para Rossi, a felicidade vem de dentro. “Sempre sou assim. É minha natureza. A minha mãe faleceu quando eu tinha 12 anos e, pelo que minhas tias contam, ela também era só sorriso, gostava das crianças... Acho que herdei isso dela”, tenta explicar. Ele faz questão de ressaltar dois momentos repletos de felicidade: “O casamento dos meus dois filhos e o nascimento da minha neta”.

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'REFERENCIAL PERDIDO'

Psicóloga há 13 anos, Débora Menegazzo, 38, de Apucarana, avalia que o projeto ‘A Busca da Felicidade’ é importante para a difusão de uma cultura que preza pela saúde emocional. “A partir daí, podem surgir inúmeras ações que favoreçam o bem-estar psicológico das pessoas. Mas a felicidade jamais deve estar dissociada da ética”, pontua.

Ela aconselha as pessoas a explorarem assuntos positivos ao invés de focar a atenção somente em temas negativos, como a depressão. “Precisamos ajudar os outros a ser felizes e não só informar a respeito de doenças. O referencial de felicidade foi perdido, por isso fica difícil se sentir feliz”, explica.

De acordo com a profissional, vivemos hoje um conceito de tempo diferente, no qual tudo é corrido, todos estão sem tempo, impacientes. “A sociedade atual prega que podemos alcançar a felicidade de forma rápida, através do prazer momentâneo e da aquisição de bens, criando grupos de pessoas vazias e superficiais em sua relação ao mundo”, analisa.

As virtudes humanas, como justiça, gratidão e prudência, não são exercitadas, segundo Débora. “As pessoas ficam egoístas e não conseguem se sentir felizes com coisas simples. Claro que ficamos felizes quando compramos um carro, mas sem dúvida precisamos aprender a nos sentir felizes quando tomamos um bom banho,” diz.

Para ser mais feliz, ela recomenda refletir a respeito de seus objetivos de vida, pois muitos seguem regras que não têm a menor validade. A psicóloga acrescenta ainda que não devemos projetar nossos sonhos em outras pessoas, delegando ao outro a responsabilidade sobre a felicidade. “Para ser feliz devemos saber valorizar a vida e tudo o que aprendemos nela; saber valorizar as pessoas, os exemplos e as conquistas,” completa.


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