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Procuram-se costureiras

Iniciado pelos chamados alfaiates, o ofício de costurar ganhou sustentação com as mulheres no século XVIII e passou das máquinas de pedal para os sofisticados equipamentos de escala industrial. Símbolo da cadeia têxtil, a profissão de costureira exige

Da Redação

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Alexandre de Sousa faz parte do grupo de homens que vem ganhando espaço nas confecções
Icone Camera Foto por Sérgio Rodrigo
Alexandre de Sousa faz parte do grupo de homens que vem ganhando espaço nas confecções
Escrito por Da Redação
Publicado em 05.07.2010, 09:49:00 Editado em 27.04.2020, 21:00:07
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Iniciado pelos chamados alfaiates, o ofício de costurar ganhou sustentação com as mulheres no século XVIII e passou das máquinas de pedal para os sofisticados equipamentos de escala industrial. Símbolo da cadeia têxtil, a profissão de costureira exige hoje muito mais do que mãos ágeis e habilidosas. É preciso qualificação, um requisito que anda tão em falta quanto novos trabalhadores para atuar na área.

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Somente no Paraná, segundo estimativas da Associação Brasileira de Indústrias Têxteis (Abit), há um déficit de aproximadamente 21 mil costureiras. Em Apucarana, cuja economia é em grande parte baseada na força do vestuário, a carência de mão-de-obra na área também não é suprimida de um dia para o outro.


“A oscilação de trabalhadores é muito grande. Têm costureiras que preferem trabalhar como diaristas a continuar no setor das confecções recebendo pouco”, afirma a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário, Maria Leonora Batista.

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Para ela, o expediente de 44 horas semanais e a média salarial de R$ 620 são fatores que costumam mais afastar do que atrair novas profissionais para a costura. “É difícil achar uma boa costureira, que faz de três a quatro funções, disposta a receber esse valor”.


A sindicalista ainda avalia que o ponto mais crítico em relação à profissão é a falta de qualificação. “No município e região, há cursos que ensinam o básico, como a mexer com a máquina e fazer uma costura reta. Mesmo assim, é difícil ter uma boa costureira saindo de um curso de 90 a 120 horas”, pontua.


O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana do Vale do Ivaí (Sivale), Jaime Leonel, também admite que, embora viva um momento de aquecimento, o segmento das confecções sofre com a ausência de profissionais. “Tivemos neste ano um aumento na demanda dos serviços, mas o que já estava difícil ficou pior. Houve um apagão de costureiras no Paraná. No ramo do boné, está faltando gente”, define.

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A rotatividade de profissionais na área é tão grande que, conforme a Agência do Trabalhador em Apucarana, todos os dias há uma vaga para costureira sendo ofertada. “Por semana, chegamos a oferecer de 15 a 20 postos de trabalho na área. Mesmo assim, têm empresas que não conseguem preenchê-los”, conta Antônio Martins, do setor de captação de vagas da agência.


Preferência por mais jovens

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Com cerca de 10 mil costureiras, Apucarana possui aproximadamente 1.100 empresas cadastradas no ramo das confecções, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário.

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A queda de profissionais na área, conforme a presidente do órgão, Maria Leonora Batista, foi de pelo menos 15% nos últimos cinco anos. “A maioria dos trabalhadores, 90%, são mulheres. Elas têm tripla jornada porque também são esposas e mães. Então, se a situação não é muito boa, buscam outro ramo”, destaca.


O perfil dos profissionais, segundo Maria Eleonora, não abrange trabalhadores de idade mais avançada. “Infelizmente, tem empresas que não contratam pessoas com mais de 45 anos, dizendo que a produção será menor do que a dos jovens. No entanto, nem sempre é assim”.


Há 15 anos no segmento, a costureira Maria do Carmo dos Santos, 45 anos, tenta fazer uma história diferente. Na família dela, até os filhos se renderam à máquina de costura. “Minha menina faz sapato e meu menino borda bonés”, conta.

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Apesar das dificuldades da profissão, ela acredita que a área ainda pode ser considerada promissora, principalmente em Apucarana, a Capital do Boné. “Larguei o trabalho de doméstica para costurar e hoje amo o que faço. Até minha neta quer seguir meu exemplo”, sustenta.


Homens aproveitam brechas


Mesmo sendo minoria nas indústrias de confecções de Apucarana, os homens aproveitam o espaço deixado pelas mulheres. Alexandre Francisco Fonseca de Sousa, 30 anos, ingressou no segmento há quase nove anos e ainda levou a esposa junto. “Aos poucos, vemos que mais homens estão entrando no setor, já que é uma área que tem tido bastante saída”, comenta.


Enquanto muitos dispensam as vagas para costura, a apucaranense Rosemary Aparecida Cardoso Lemos, 24 anos, diz que tentará aperfeiçoar o trabalho. “Aprendi a costurar dentro da facção e como a área promete, penso em me qualificar ainda mais”, argumenta.


CURSOS - Em Apucarana, cursos de costura podem ser feitos no Centro de Integração e Capacitação de Crianças, Adolescentes e Adultos Allan Kardec (Ciccak), na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), na Escola da Oportunidade e no Centro de Oficinas Mulher Cidadã, ambos projetos da Prefeitura.

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