“Ele fez a limpa na minha casa”, disse Verônica Costa sobre o marido, que a acusa de tortura, nesta segunda-feira (28). Depois de mais de cinco horas na delegacia do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, a funkeira acusou Márcio Costa de ter chegado em casa machucado e roupado computadores, câmeras fotográficas e filmadoras de sua casa. Procurada pelo G1, a família de Márcio nega as acusações.
Chorando, ela contou sua versão dos fatos: “Ele chegou na minha casa muito nervoso, gritando, querendo me agredir, como sempre. Em nenhum momento eu fui fugitiva, porque nenhum ofício da delegacia eu recebi. Ele chegou em casa naquela fúria da droga e, antes de vir à delegacia, fez a limpa lá em casa".
“Ele chegou à minha casa muito nervoso, gritando, louco, querendo me agredir, como sempre. Em nenhum momento eu fui fugitiva, porque nenhum ofício da delegacia eu recebi. Ele chegou em casa naquela fúria da droga”, disse ela, que confirmou que era constantemente agredida por ele.
'Quem se mistura com porcos, farelo come', diz Verônica
“A família já tinha me alertado, os amigos já tinham falado para eu largá-lo, que esse cara iria acabar a minha vida. Mas eu estava apaixonada. Esse é o troco que ele me dá. Eu estava apaixonada e, se isso não tivesse acontecido, ficaria no silêncio mais 10 anos”, admitiu a ex-vereadora, que afirmou ainda que não procurou a polícia antes por vergonha.
“Melhor sozinha do que mal acompanhada. Quem se mistura com portos, farelo come", resumiu ela.
Família de funkeira também foi ouvida
O irmão, a irmã e padrasto da funkeira Verônica Costa chegaram no início da tarde desta segunda à delegacia, onde são ouvidos formalmente pela polícia por suspeita de tortura
Verônica chegou por volta das 7h30 à delegacia para prestar esclarecimentos sobre o caso. Os quatro são acusados pelo por Márcio Costa de terem-no queimado com produtos químicos após uma suspeita de traição. A tortura, segundo ele, durou mais de 20 horas.
Novos fatos
Segundo o delegado assistente Antônio Latsala Bertrand, o depoimento de Verônica durou cerca de três horas e foi esclarecedor. Segundo ele, a funkeira estava tranquila e permanece na delegacia. Sem dar detalhes sobre o teor do depoimento, Bertrand ressaltou que ao ouvir a funkeira surgiram novos fatos "pertinentes e relevantes" para o caso, e, segundo ele, foi necessário registrar uma nova ocorrência para apurar essas informações.
"O caso foi registrado como tortura, mas ainda não definimos nenhuma linha de investigação. Ainda é cedo e acho temerário seguir alguma hipótese específica", disse o delegado.
Bertrand disse, ainda, que só será necessária uma acareação entre a vítima e Verônica Costa caso existam contradições nos depoimentos. Márcio deve ser ouvido na próxima semana,
Ele foi operado nesta manhã e passa bem, segundo informações da assessoria do Hospital Pasteur, no Méier, na Zona Norte do Rio. Ele está internado na unidade com queimaduras de segundo grau em várias partes do corpo. Segundo o hospital, Márcio sofreu uma cirurgia para retirar a pele morta pelas queimaduras. Ele já teria voltado para o quarto, mas ainda está sedado.
Processos
O sogro de Verônica Costa, Felicíssimo Costa, também esteve na delegacia. Ele distruibuiu à imprensa cópias de um documento em que são listados processos contra a funkeira. Verônica Costa aparece como ré em sete ações criminais no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), e com o nome sujo em empresas de proteção ao crédito.
Em um dos processos, de novembro de 2003, Jonathan Costa, filho de Verônica com o ex-marido dela, Rômulo Costa, processou a mãe por maus-tratos. Em outra ação, de setembro de 2003, Rômulo a processou por calúnia, mesmo motivo que levou a atual esposa de Rômulo a processar Verônica em agosto de 2003.
Drogas
Verônica lamentou o que aconteceu, mas garantiu que não houve espancamento. Ela diz que só pediu a ajuda de parentes para controlar o marido que estaria sobre o efeito de drogas. Segundo ela, o marido é dependente de cocaína e ecstasy.
Já o pai de Márcio, Felicíssimo Costa, nega que o filho seja dependente de drogas e disse que Márcio nunca teve envolvimento com entorpecentes. O sogro acha estranho que ela tenha permitido que o marido usasse drogas, já que Verônica sempre combateu o uso de drogas.
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