Cientistas que trabalham no maior acelerador de partículas do mundo anunciaram nesta terça-feira (21) a descoberta de um fenômeno nunca antes observado em sua busca por elucidar os maiores segredos do universo.
Depois de quase seis meses de exploração do Grande Colisor de Hádrons (LHC), as experiências começam a revelar "sinais de fenômenos potencialmente novos e interessantes", anunciou o Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), em seu site na internet.
Trata-se, particularmente, do fato de que "certas partículas são intimamente ligadas, de uma maneira que nunca foi observada nas colisões de prótons".
A novidade foi explicada pelo físico Guido Tonelli durante apresentação a colegas cientistas do Cern.
- O novo fenômeno apareceu em nossas análises em meados de julho.
Tonelli alertou sobre o fato de que os resultados precisam ser confirmados, mas assegurou que os cientistas da equipe que trabalham no detector não conseguiram descartar a existência do novo vínculo.
- Precisamos de mais dados para analisar completamente o que acontece e dar os primeiros passos para uma nova física, um novo mundo que o LHC, esperamos, vai nos permitir descobrir.
Equipamento já teve vários problemas
Com 27 km, o acelerador de partículas é uma estrutura circular construída a 100 m de profundidade na fronteira entre a França e a Suíça, ao custo aproximado de R$ 10 bilhões (US$ 5,2 bilhões).
O LHC começou a processar partículas em novembro de 2009, depois de ser desligado em setembro de 2008, mês de sua inauguração, devido a um superaquecimento.
Cinquenta e três dos 1.624 grandes ímãs supercondutores (alguns deles com 50 m de comprimento) foram danificados e precisaram ser substituídos.
Sua construção envolveu 7.000 físicos de todo o mundo e durou 12 anos.
Em novembro de 2009, a máquina precisou ser desligada novamente porque um pedaço de pão, provavelmente levado por um pássaro, obstruiu o transformador elétrico.
No final de março, o colisor conseguiu pela primeira vez recriar uma situação similar aos instantes posteriores ao surgimento do Universo. A colisão de partículas, feita a uma energia de 7 TeV (teraelétron-volts), foi alcançada após duas tentativas fracassadas – o recorde anterior havia sido obtido em 2009, quando a energia chegou a 1,18 TeV.
Na escala de nosso mundo cotidiano, 7 TeV ou 14 TeV é a energia cinética de sete ou 14 mosquitos voando. Parece pouco, mas esses valores são enormes quando se trata de prótons porque durante o choque, a energia se concentra em uma área um bilhão de vezes menor que um mosquito.
O sucesso do experimento abre as portas para uma nova fase na física moderna, já que agora será possível dar respostas a inúmeras incógnitas sobre o Universo e a matéria.
Em junho deste ano, a supermáquina produziu uma taxa de colisão de feixes de partículas recorde: 10 mil colisões de prótons por segundo, o dobro de sua marca anterior.
A partir de 2013, o LHC deve alcançar seu rendimento máximo, com energia de 14 TeV.
Um dos principais desafios do LHC é encontrar a partícula bóson de Higgs, só descrita na teoria, e base para a explicação de diversos conceitos físicos.
O equipamento gigante chegou a despertar temores infundados de que poderia criar buracos negros capazes de destruir a humanidade. O aparelho foi citado no best-seller Anjos e Demônios, de Dan Brown.
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