O jornalismo foi o tema do segundo dia de debate da série Encontros Estadão & Cultura, que discute os 60 anos da TV no Brasil. Participaram do evento promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo e pela Livraria Cultura em São Paulo os jornalistas Ana Paula Padrão, Paulo Markun e Lilian Witte Fibe.
Um dos assuntos foi o famoso Twitter de William Bonner, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional. Ana Paula disse desconhecê-lo. Lilian, que também afirmou não acompanhar os dizeres engraçadinhos do apresentador na internet, filosofou:
- Talvez o sucesso [no Twitter] seja porque ele está sendo ele. O William é um cara muito engraçado. Trabalhei com ele por dois anos e meio no Jornal Nacional. Durante as tardes, por exemplo, ele brincava, latia que nem cachorro na redação [risos]. Acho que ele se soltou na internet.
Questionada se fica incomodada com o tratamento de celebridade, a apresentadora do Jornal da Record declarou que não é muito fã de pedidos de autógrafos e fotos. Ana Paula afirmou que vive “de conteúdo” e não de seu corpo.
Quando a pergunta foi se a beleza é fundamental na TV, Lilian Witte Fibe declarou:
- Se beleza fosse tudo [na TV], Boris Casoy não seria âncora.
Markun disse que a profissão de jornalista está em crise e que não acha que programas de humor como o CQC ou Pânico na TV façam um novo tipo de jornalismo.
- Acho que programas desse gênero não contribuem para o esclarecimento da sociedade.
Na palestra que tentou discutir os rumos do jornalismo nos 60 anos de televisão, Lilian contou que, quando está diante da telinha, passa bem longe do que a maioria dos brasileiros assiste.
- Só vejo TV fechada. E vejo muito a TV americana também, como os noticiários da CBS, NBC e ABC, que são todos iguais.
Ana Paula Padrão foi no sentido oposto.
- Tenho de ver TV aberta, porque é ela que paga meu salário e é onde dou o melhor de mim.
Quando a cobertura do crime que envolveu o goleiro do Flamengo Bruno entrou em pauta, Lilian falou que não consegue entender por que os veículos noticiam o que o jogador comeu no café-da-manhã na prisão e disse que não suporta mais ouvir falar do crime.
Ana Paula Padrão afirmou não concordar que a cobertura do caso seja sensacionalista e lembrou “que já foi muito pior, como nos tempos do Aqui Agora”.
- É do ser humano se sentir atraído pelo bizarro e pelo sórdido.
Ana ainda contou que sofreu “uma crise de consciência fruto da culpa católica” no dia em que surgiu a notícia de que a mão de Eliza Samúdio teria sido dada aos cachorros.
- Fiquei pensando: a gente não pode dar isso. Aí, quando cheguei à redação e abri os sites, a notícia era manchete em todos os portais. Não é culpa da mídia. A sociedade é violenta.
Aos 44 anos, a apresentadora do Jornal da Record ainda disse que “sonha com que a TV brasileira adote o modelo norte-americano, com âncoras mais maduros”.
- Acho que esse movimento tende a acontecer. O telespectador quer ver pessoas mais experientes na bancada.
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