MAIS LIDAS
VER TODOS

Entretenimento

Brasileiro volta a exibir domínio absurdo do cinema em 'Aquarius'

SÓ PODE SER PUBLICADO NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA PEDRO BUTCHER SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Que "Aquarius" seja um filme sobre resistência nesse momento muito particular da história brasileira pode ser uma coincidência circunstancial -que aumenta, sim,

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.05.2016, 16:23:44 Editado em 27.04.2020, 19:50:27
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

SÓ PODE SER PUBLICADO NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA
PEDRO BUTCHER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Que "Aquarius" seja um filme sobre resistência nesse momento muito particular da história brasileira pode ser uma coincidência circunstancial -que aumenta, sim, a importância do filme-, mas não tira dele uma força que sobreviverá a esse momento.
Depois da tensão compacta de "O Som ao Redor", Kleber Mendonça Filho volta a mostrar um domínio absurdo das ferramentas do cinema para construir uma tensão muito semelhante, ainda que queime mais lentamente (como bem definiu o crítico estrangeiro Robbie Collin, "Aquarius" é um filme "slow burning").
Com o mesmo senso de enquadramento raro, um uso do som e da música de tirar o fôlego e um ritmo que desafia a maré dominante dos tempos acelerados, "Aquarius" é antes de tudo um estudo de personagem.
E que personagem. Clara, jornalista e crítica musical aposentada, é a última moradora de um prédio antigo da orla de Recife. Todos os outros cederam às investidas de uma construtora, venderam seus apartamentos e se mudaram dali. Clara, não. Ela e a construtora travam uma espécie de guerra surda.
O tempo de "Aquarius" é o tempo de Clara, e quem estiver disposto a se entregar a esse tempo poderá ter uma das mais raras e prazerosas sensações que o cinema pode dar, que é a de quase entrar na pele de um personagem.
O trabalho de Sônia Braga -e do conjunto de atores que a cerca- muito contribui para essa sensação. Com o perdão do clichê, é uma entrega "de corpo e alma". Uma compreensão de que um personagem não é só o que diz ou o que pensa, mas também, e sobretudo, um corpo. No caso de Clara, o corpo marcado de uma mulher de 65 anos, que ainda jovem enfrentou um câncer.
Em determinados momentos, os diálogos de "Aquarius" são de uma obviedade desconcertante. As discussões de Clara podem soar, às vezes, como um "Brasil for dummies".
Mas essa é certamente uma das maiores qualidades do filme: ter a coragem de discutir questões do país quando isso virou quase um tabu no cinema, e com uma franqueza que esfrega na cara aquilo que nós mesmos, brasileiros, temos tanta dificuldade de enxergar.

continua após publicidade

AQUARIUS
DIREÇÃO: Kleber Mendonça Filho
ELENCO: Sônia Braga, Maeve Jinkings, Irandhir Santos, Humberto Carrão, Zoraide Coleto
PRODUÇÃO: Brasil/França, 2016

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Entretenimento

    Deixe seu comentário sobre: "Brasileiro volta a exibir domínio absurdo do cinema em 'Aquarius'"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!