Após assistir à versão brasileira de "O Formigueiro", que estreou na Band no domingo passado, há uma pergunta a ser feita: como trazer ao país um formato tão ruim?
Apesar de constar no cardápio da produtora argentina Cuatro Cabezas, responsável pelo sucesso do "CQC" e do benfeito "A Liga" (também exibidos pela emissora), a adaptação apresenta tantos problemas que nem parecia ser um formato.
Mas era: basta ir ao YouTube e digitar "O Formigueiro" para ver que a estreia da versão portuguesa aconteceu da mesma forma.
O início do programa é uma sequência de fracas piadas em versão televisiva do gênero "stand-up comedy".
A sensação de incômodo fica pior com a inserção de risos e de cenas de integrantes da plateia sorrindo, como a pedir que nós, telespectadores, entremos no clima.
Em seguida, dois bonecos de formigas, Tana e Jura (em Portugal e na Espanha, Trancas e Barrancas), saem de uma bancada de entrevista para dialogar com os apresentadores em ritmo de rap.
Louro José, de Ana Maria Braga, e o Xaropinho, de Ratinho, são criações mais originais e divertidas.
Marco Luque, comediante que apresenta a atração, está descontraído, mas seu maior talento, o de criar personagens, ainda não foi aproveitado na televisão.
Não há sequência entre os quadros seguintes, que parecem um amontoado de ideias --há, entre outros, um cientista maluco, um mágico, a criação de uma cena de novela mexicana e um jogo de tênis com tapioca como bola e frigideiras como raquetes.
Nesse quesito, de falta de linearidade, lembra o humorístico "É Tudo Improviso", também na grade da Band, que ao menos foi criado com o objetivo de ser um programa sujeito ao acaso.
Deve ser saudado, todavia, o esforço da emissora de renovar sua programação, arriscando em produções e em retirar do horário nobre da grade o programa evangélico de R.R. Soares.
Para uma atração que logo no início avisa aos telespectadores que seu único objetivo é a diversão, faltou muito para cumprir a promessa.
Além disso, o horário em que é exibido (19h do domingo) tem competição já estabelecida entre Gugu (Record), Faustão (Globo) e Silvio Santos (SBT), com pouco espaço para novidades.
"O Formigueiro", como na vida real, é para ser evitado.
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