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Amor de pai

Juliano Henrique da Silva, 29 anos, de Califórnia, sempre teve um relacionamento especial com o pai Milton Lino da Silva, 58, conhecido popularmente como Barnabé. Desde menino, ele e os irmãos Márcio, 39, e Fábio, 34, adoravam acompanhar o pai durante o

Da Redação

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Milton Lino da Silva cuidou de maneira especial do filho Juliano Henrique durante sete meses, período em que ficou internado (Foto: Tribuna do Norte)
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Milton Lino da Silva cuidou de maneira especial do filho Juliano Henrique durante sete meses, período em que ficou internado (Foto: Tribuna do Norte)
Escrito por Da Redação
Publicado em 08.08.2015, 11:15:00 Editado em 27.04.2020, 19:57:37
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Juliano Henrique da Silva, 29 anos, de Califórnia, sempre teve um relacionamento especial com o pai Milton Lino da Silva, 58, conhecido popularmente como Barnabé. Desde menino, ele e os irmãos Márcio, 39, e Fábio, 34, adoravam acompanhar o pai durante os treinos de futebol, projeto que Milton tocava voluntariamente nas horas vagas.

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Juliano, em especial, tinha um apreço particular pela bola, chegou, inclusive, a jogar em times locais na adolescência e levava uma vida agitada. Porém, no dia 25 de janeiro de 2009, um domingo, um acidente de moto mudou completamente seu jeito de viver. Paraplégico, ele recebeu o cuidado de toda a família, especialmente do pai Milton, que não deixou o filho desistir da vida.

O acidente aconteceu quando Juliano, que na época trabalhava como guarda municipal em Apucarana, retornava de uma cachoeira, onde passou algumas horas com amigos, de moto pela estrada rural Córrego de Ouro, em Califórnia. Ele conta que não se lembra do momento exato do acidente. “Não sei se bati com a moto, se passei mal e cai. Só sei que quando eu acordei, estava caído em uma curva de nível, fora da estrada, e, ao tentar me levantar, não consegui. Na hora, eu já não sentia as minhas pernas”, recorda.

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Alguns amigos, que também retornavam da cachoeira, pararam para prestar socorro. Juliano ficou internado dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital da Providência, em Apucarana. “O meu irmão (Fábio) foi comigo na ambulância e acompanhou o teste que diagnosticou a paraplegia. Foi um momento muito difícil”, confidencia.

Depois do diagnóstico, Juliano começou a ter complicações. “Estava a menos de uma semana internado e comecei a ter escaras (feridas) e problemas no pulmão”, revela. Ele ficou seis meses internado direto sem ir praticamente para casa. Neste período, a mãe Ana Lúcia, 58, e o pai revezavam na maior parte do tempo para cuidar do filho. Ana Lúcia cuidava do filho à tarde e o pai à noite. Os irmãos e até primos e sobrinhos compareciam quando podiam, em espacial, nos fins de semana, para acompanhar Juliano.

Entretanto, foi Milton que aprendeu a fazer curativos e até a dar banho, inclusive, no hospital, para melhorar as condições do filho. “Não conseguia ver meu filho esperando a manhã toda para tomar banho, eu mesmo pedi para que deixassem eu dar banho”, conta. Por seis meses, Milton dormiu em uma cadeira ao lado da cama do filho em um quarto com outros sete pacientes, em média. E à tarde, ele trabalhava como motorista. “Só de ver meu filho melhor, recompensava o cansaço”, diz.

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Apesar das noites mal dormidas, ele fazia questão de acompanhar cada detalhe no tratamento do filho. O cuidado com Juliano não rendeu só admiração na equipe, mas também um apelido, diga-se de passagem, não muito agradável: “velho purgante”. A alcunha ganhou notoriedade após ele pedir para a equipe de enfermagem chamar o médico responsável por Juliano. “Fazia dois meses que o meu filho estava com 40 graus de febre e, neste dia, eu cheguei, às 19 horas, e vi que haviam colocado toalhas molhadas na testa dele para controlar a febre. Não aceitei aquilo. Ele estava muito mal. Sentia se continuasse daquele jeito, não iria resistir. Foi, então, que exigi que chamasse o médico, senão iria denunciar. Cheguei a perder a esportiva”, recorda.

No início a equipe recusou, mas depois acabou acatando o pedido do pai, e o médico veio. “Naquela noite, o médico, que pediu até para eu sair do quarto, pulsou quase um litro de pus dos pulmões de Juliano. Depois disso, a febre diminuiu e ele conseguiu dormir”, conta. Durante a internação, Juliano alimentou por sonda durante dois meses e chegou a emagrecer cerca de 10 quilos, chegando a pesar 65 quilos.

Demorou mais alguns meses e Juliano retornou para casa. Ficou longe do hospital duas semanas e voltou a ser internado novamente com febre. Desta vez, ele deu entrada no hospital pelo plano de saúde. “No particular, as coisas melhoram um pouco. Além da estrutura melhor, o cuidado também era outro. O Juliano fez uma cirurgia de pulmão e ficou mais um mês internado, antes de voltar para casa definitivamente”, diz.

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Juliano, após passar por tratamento especializado, ganhou confiança para dirigir o próprio carro. Na foto, ele com o pai, seu parceiro de todas as horas

Em casa, o cuidado continuou o mesmo. Era Milton que fazia os curativos e dava o banho. Foi ele também que tomou à frente e buscou uma vaga para o filho no Hospital Sara Kubitschek, referência no atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores, em Brasília. Apesar de estar revoltado com a situação e quase perder a esperança na vida, Juliano aceitou ir, claro, acompanhado do pai. “Eu estava revoltado e me perguntava por que tinha acontecido isso comigo. Cheguei quase a perder a fé em Deus, mas quando fui no Sarah Kubitschek ganhei independência e comecei a mudar”, diz.

Na época, ele, que estava no último ano de Educação Física, aprendeu a tomar banho sozinho, sair da cadeira e ter confiança para dirigir o próprio carro. “Ganhei liberdade. Antes, eu não queria nem sair de casa. Hoje, eu faço quase tudo sozinho”, garante.

Juliano foi três vezes a Brasília (2010, 2011 e 2012) e hoje leva uma vida normal. “Só não ando, mas tenho fé que um dia ainda vou recuperar os meus movimentos”, espera. Ele faz equoterapia uma vez por semana em Califórnia e até o final do ano passado fazia regularmente fisioterapia.

Com a autoestima recuperada, Juliano casou em julho de 2014 com Tamires,24, que tinha conhecido vinte dias antes do acidente e esteve ao lado dele o tempo todo. “Eu não queria, mas ela não desistiu”, comenta. Sobre o pai, um sentimento ganha evidência: gratidão.

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