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Em debate, autor queniano destaca "história de sangue que criou Paraty"

RAQUEL COZER, ENVIADA ESPECIAL PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - O debate em torno do empenho para colocar o leitor na mente de algozes, comum ao escritor queniano Ngugi wa Thiong'o, 77, e ao australiano Richard Flanagan, 64, foi um dos pontos altos da mesa que

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.07.2015, 22:35:38 Editado em 27.04.2020, 19:58:28
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RAQUEL COZER, ENVIADA ESPECIAL
PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - O debate em torno do empenho para colocar o leitor na mente de algozes, comum ao escritor queniano Ngugi wa Thiong'o, 77, e ao australiano Richard Flanagan, 64, foi um dos pontos altos da mesa que os dois dividiram no final da tarde desta sexta-feira (3), na Tenda dos Autores, na Flip.
"É preciso ter consciência da história de sangue que criou Paraty", ilustrou, incisivo, o queniano, para em seguida explicar. "A cidade é do século 17, o que significa que o povo africano foi escravizado aqui, fez parte da força de trabalho que criou Paraty. É interessante imaginar que os homens que tinham escravos provavelmente eram pais e maridos amantísimos, iam à igreja e pediam perdão por seus pecados."
Em seus dois livros lançados agora no Brasil, o romance "Um Grão de Trigo" e as memórias "Sonhos em Tempos de Guerra", Thiong'o retrata conterrâneos que, nos anos que antecederam a independência do Quênia, em 1963, traíram a causa negra ao se submeterem aos colonizadores britânicos.
"Há quem diga que o comandante japonês do meu romance é extremamente mau; outros acham que ele se reforma e se torna bom", disse Flanagan, que, no romance "O Caminho Estreito para os Confins do Norte", vencedor do Booker Prize, retrata campos de trabalho forçados do Exército japonês na Segunda Guerra.
"Marilyn Monroe já dizia: 'Eu não engano os homens, eu deixo eles se enganarem'. A arte do escritor é nunca julgar seus personagens, e sim registrar seus pensamentos em ações e palavras", completou.
O australiano afirmou que "a história do mal no século 20 não é de pessoas más fazendo coisas más, e sim de pessoas brutas defendendo ideias e em nome delas conspirando para fazer coisas terríveis contra as outras".
GERACIONAL
Embora não tenha lido a obra de Flanagan, Thiong'o disse se identificar com a abordagem ao ouvir o colega falar, já que sua obra também trata de campos de concentração.
No caso de Flanagan, no entanto, o que inspirou a obra foi a história de seu pai —que foi prisioneiro dos japoneses—, enquanto Thiong'o, uma geração mais velho, testemunhou ele próprio os horrores descritos em "Um Grão de Trigo".
Alegando dor nas costas, o queniano pediu para fazer suas leituras de pé. Brincou com a própria idade ao perceber que ninguém no público fazia ideia do que ele estava falando ao citar um quadro negro individual que levava para a escola, nos idos dos anos 1940.
"Ninguém sabe? Ninguém da minha idade aqui?". Até que resolveu, pragmático. "Era um tablet. Isso! O tablet original."
Flanagan, que chegou resfriado a Paraty, também teve seu momento de descontração na mesa. Contou ter ouvido que não havia gripe que resistisse a uma feijoada, nem a uma caipirinha. Tentou os dois métodos.
"Meu corpo está em estado permanente de choque desde então", disse, na Tenda dos Autores, aparentemente curado.

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